Com os olhos “ligados” na telona, a atenção é total a cada cena. Crianças, adultos e até idosos param por algumas horas para assistir à exibição de filmes. Dessa vez, moradores do bairro COHAB, na periferia de Iguatu, tiveram a oportunidade de ter contato com a sétima arte, dentro do projeto de extensão Cine Alicerce da UECE/FECLI.
Para muitos, essa foi a primeira oportunidade de assistir a um filme projetado em uma telona. A parede da igreja serviu para receber a projeção. Cadeiras de plástico, banquinhos trazidos de casa ficaram espalhados pela calçada. “É muito interessante. É legal a gente vê as imagens tão grande. Não imaginava ser tão grande e diferente. O som também toca a gente”, ressaltou o morador Francisco de Assis.
Já o estudante Daniel Ferreira assistiu a filmes outras vezes pelo projeto. “Sempre que tem e posso vir, eu vou assistir. Já assisti a umas três vezes, são filmes bons, atuais. Acho muito legal e criativa essa ideia deles de trazer filmes para a gente assistir. Já que na nossa cidade não tem cinema, essa é uma oportunidade de a gente assistir a filmes”, destacou o estudante.
Esse é um dos objetivos do projeto de extensão Cine Alicerce: levar toda essa emoção com sessões itinerantes, nos bairros e zona rural de Iguatu, além de exibições nos auditórios do Campus Humberto Teixeira, no bairro Santo Antônio, uma vez por mês. A programação sempre é divulgada nas redes sociais do projeto. “As pessoas ficam encantadas. Um dos objetivos é esse, proporcionar às pessoas esse contato com filmes”, afirmou Sara Benvenuto, professora da UECE, integrante do projeto Cine Alicerce. Ela ressaltou que estão felizes porque as sessões, que começaram de forma tímida, passaram a receber um grande número de pessoas. “Isso nos motiva a continuar. O agradecimento das pessoas, a expectativa das pessoas para voltarmos de novo nos motiva”, disse.
Curadoria
Os filmes exibidos são escolhidos por uma curadoria. São títulos internacionais, nacionais de grande sucesso nos mais diversos gêneros. Mas, apesar de todo esforço, o acesso ao cinema ainda é restrito no interior cearense, em Iguatu não é diferente. A cidade há muito tempo não conta com sala de cinema. Para quem gosta de assistir a filmes, recorre a plataforma de streaming, canais por assinatura, ou mesmo viajar. Isso mesmo. As salas de cinema mais próximas de Iguatu ficam cerca de 150 km, em Juazeiro do Norte. “Tem muitas pessoas que vão. Quando é algum filme, um super lançamento, pessoal viaja para assistir. Se tivesse aqui uma sala pelo menos, seria bom. Mas, sabemos que assistir a um filme em um cinema sai caro. O que dificulta o acesso para muitas pessoas. Esperamos que um dia a gente volte a ter cinema na cidade”, destacou Carlê Rodrigues, produtora cultural.
O Cine Alicerce é um projeto de extensão e iniciação artística vinculado à Universidade Estadual do Ceará (UECE/FECLI). No cineclube todos participam e decidem sobre suas atividades, cujo filme é visto e debatido com o público que assistiu a ele. O cineclube não tem fins lucrativos e é integrado por professores da UECE em Iguatu, por alunos dos cursos de Letras, Economia e Direito das duas universidades que dividem o Campus Humberto Teixeira, UECE e URCA, e pelo grupo TENTAME.
Acessibilidade
O projeto Cine Alicerce também inclui no cronograma exibições sessões acessíveis para que o público surdo, cego e de baixa visão tenha a oportunidade de participar dos encontros, idealizado e coordenado pela professora Sara Benvenuto. “Por meio de sessões mensais e gratuitas, trazemos à nossa querida Iguatu a experiência da sala de cinema”, disse Sara.
O projeto conta com a parceria do Grupo de Tradução LETRAA, que tem como compromisso a acessibilidade de sessões específicas, com audiodescrições e legendas para surdos e ensurdecidos (LSEs). O projeto também conta com a parceria do Sesc Iguatu. Para outras informações, basta acessar as redes sociais do projeto: @cinealicerce @l.e.t.r.a.a @uecefecli./
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