Com 41 cães sob sua tutela, Bete Ferreira divide o trabalho de costureira com a proteção de animais

26/12/2021

A falta de políticas públicas que ofereçam cuidados básicos para animais em situação de rua faz com que muitas pessoas abracem essa causa voluntariamente, transformando e adaptando suas casas em abrigos.

Nesta terceira matéria sobre a adoção responsável, dentro deste mês, quando se celebra o Dezembro Verde, fomos até o sítio Gameleira, na zona rural de Iguatu, conhecer um pouco da história de Bete Ferreira. A costureira tem sob sua tutela 41 cães. Os afazeres de casa, o trabalho de costureira e a função de protetora de animais fazem parte do dia-a-dia de Bete, que passou a cuidar dos animais por amor e respeito aos animais em situação de rua. “Eu sempre gostei de animais. A gente já tinha alguns cachorros em casa, e quando me mudei pra essa maior, aumentaram também as adoções. Eu faço isso por amor”, comentou Bete que desde 2013 reservou um espaço no quintal da casa onde abriga atualmente mais de 40 cães, a maioria fêmeas. “O trabalho aqui é bem grande, a gente entra aqui no espaço deles diversas vezes ao dia, para fazer limpeza, colocar água, comida, brincar com eles. Cuidar deles”, disse.

Bete, que é costureira e dona de casa, divide o trabalho em cuidar dos animais com a família. Filhos e esposo sempre estão dando uma força no trato com os cães. “Eu não tenho só esse trabalho, tenho minha profissão de costureira para me manter e manter eles. Mesmo enfrentando muitas dificuldades, principalmente nessa pandemia onde tudo ficou mais difícil principalmente do lado financeiro, mesmo assim a gente não tem deixado de fazer nossa parte”, ressaltou.

Voluntariado

Segundo protetores ligados à causa animal, a presença em grande quantidade de animais abandonados aumentou nas ruas da cidade. Não se sabe ao certo a quantidade de animais que vivem nessa situação, mas são dezenas deles. Ainda de acordo com protetores, o poder público é cobrado, ações estão sendo feitas, principalmente a de castração de fêmeas felinas. De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal, logo em breve será iniciada a castração de cadelas, medida que ajuda no controle populacional, mas é importante a conscientização das pessoas, cada um fazendo sua parte de não maltratar e nem abandonar animais nas ruas. “É por amor que estou com eles. Se eu pudesse, não haveria nenhum animal de rua. Eu traria todos para perto de mim, mas a gente faz o que pode. Eu não só tenho aqui em casa, mas fora. Todo dia eu faço esse trabalho, saio de minha casa de moto, levo comida e levo água. Quando eu posso pegar e trazer, eu trago, mas já tratei de animais de rua, já coloquei remédio, tudo orientada por veterinários. Deu tudo certo. Eles têm sentimentos, sentem fome, frio, sede. Às vezes eu colocava um baldinho com água e comida. Levava um cartaz. ‘Eles sentem fome e sede’, mas muitas pessoas não gostavam. Nem sempre era bem aceito, mas às vezes algumas pessoas aceitavam e até ajudavam”, ressaltou Bete que faz esse trabalho por conta própria.

Muito amor

Manter os animais custa caro, isso porque é difícil o apoio principalmente financeiro. “É mais difícil é a manutenção deles. Remédios, veterinário, comida. A gente gasta muito, em torno de R$ 900,00 ou mais só de ração. Eu preciso trabalhar visando aos meus e a eles também. A questão de quem cuida de animais é saber que tem que se doar. Se doar de coração, pra poder acontecer. Eu pretendo melhorar ainda mais essa instalação aqui em casa. Fizemos tudo só. E tem muita gente por aí que faz esse trabalho bonito também. As pessoas, algumas me dão parabéns, outras chamam de louca, mas eu não me sinto louca. Eu me sinto é com muito amor. Eu divido com minha família e esses animais todo amor. Para mim, são como filhos. Eles me fazem um bem danado. Quando eu estou aqui me tiram todo estresse. O amor dele é puro. É uma questão social, que as pessoas têm que olhar para essa causa”, destacou a protetora, afirmando que outra preocupação é com adoção responsável. “Mesmo cuidado e carinho, quando sai do meu lar, do meu aconchego, eu peço à pessoa: não deixe ele passar fome, sede, levar chuva, ficar no sol. Se adoecer, a gente também tem que ajudar na orientação, buscar um veterinário e tudo. Mas é preciso que aconteça essa adoção de forma responsável. Que as pessoas que queiram adotar um animal, que cumpram mesmo com o objetivo mesmo de cuidar. É que a gente espera”.

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