Aos 68 anos de idade, morreu na última quinta-feira, 18, o psicólogo Antônio Vieira Sobral, o Tom Sobral, cearense de Iguatu. A partida do iguatuense que construiu carreira fora de sua terra natal foi sentida no norte do país. Desde o início dos anos 1990, ele se encontrava no Amapá, onde constituiu família e se dedicou na fundação e manutenção da Comunidade Terapêutica Monte Tabor, que cuida de dependentes químicos e viciados em drogas.
O fundador e mantenedor da Comunidade Terapêutica estava internado no Hospital São Camilo, com tumores pelo corpo, alternando tratamento médico na UTI e apartamento. Na quarta-feira à noite, ele foi liberado pela última vez da UTI, tendo morrido no apartamento pelo período da manhã do dia seguinte.
Três dias antes de sua morte familiares tinham desmentido sua morte. Ele estava desde o mês de junho internado quando foi submetido a uma cirurgia no cerebelo. Apesar de o procedimento ter sido considerado sucesso, ele acabou contraindo pneumonia, que o levou para Unidade de Tratamento Intensiva (UTI).
Política e ação social
Tom Sobral foi vereador de Macapá (AP) com dois mandatos seguidos, a partir de 1996 a 2004. Além da política, ele também era envolvido em causas sociais.
O corpo de Tom foi velado no plenário da Câmara Municipal de Macapá. Ontem pela manhã, seu corpo após cremado teve o lançamento das cinzas no outeiro onde ele costumava orar, em Monte Tabor. O filho de Iguatu que alçou voos em outro estado estava há 28 anos no Amapá, onde constituiu sua família. Tom deixa mulher e 13 filhos.
Sua morte foi sentida pelo prefeito de Macapá que decretou luto de três dias na cidade. “Tom era pai de um dos nossos colaboradores, o advogado Israelton Sobral. Ele era um homem forte, alegre e com coração enorme, lutador, muito querido por centenas de pessoas que ajudou. Lembro da sua garra e coragem, em 1993, quando trabalhamos juntos na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente”, disse Clécio Luís, prefeito de Macapá.
Apesar de ter entrado na política, Tom era conhecido por nunca ter abandonado a vida simples que escolheu viver. Nunca fez questão de adquirir patrimônio. “Tudo o que ele ganhava investia no Monte Tabor. Meu pai nunca teve carro do ano. Ao contrário. Ele pediu doação de carros com carroceria para levar mantimentos para a comunidade”, declarou o filho Israelton Sobral.
A dedicação integral e despego das coisas materiais fez com que negligenciasse sua própria saúde. “Meu pai nunca teve um plano de saúde. Ele achava que o dinheiro que poderia gastar, ajudaria mais famílias”, lembrou.
Legado
Em 28 anos de existência, mais de 10 mil pessoas passaram pelo Monte Tabor, homens e mulheres com dependência de álcool, cocaína, crack e outras drogas. Pessoas que tiveram uma segunda chance se libertaram e tiveram um tempo de alcançar o sucesso na vida. Mas ao longo dos anos o centro de recuperação se tornou uma comunidade, hoje é habitada por mais de 350 famílias. Tom acreditava que ter parentes por perto ajudava a recuperação de pessoas da dependência química por isso lugar foi crescendo e virou um vilarejo no Km60 da BR-220.
Com casas e igrejas o centro comunitário possui um posto de saúde em construção com doações. Além de investir nos laços familiares a comunidade também realizava até hoje atividades agrícolas como a terapia e como sustento, no entanto Monte Tabor continua vivendo de doações. A ideia agora é levar o trabalho adiante mesmo sem o criador. Os filhos irão ajudar, existe uma diretoria executiva que pretende continuar o trabalho.
0 comentários