O autônomo Antônio Félix Cariri, 48, ou só “Cariri Pizzas”, conhecido por vender lanches em seu veículo, teve sua saúde agravada em função da diabete adquirida. Seu nome na última semana foi repercutido nas redes sociais, amigos, familiares, até entre aqueles que simplesmente não o conhecem, sensibilizados com o seu momento atual, compartilharam uma mobilização que nasceu nas redes sociais visando suavizar seu quadro atual de necessidade.

Carismático, com fala ligeira, a hiperatividade e gargalhada ainda são características que permanecem, mesmo tento contra a doença que o acompanha por 25 anos e se agravou no mês de novembro do ano passado, quando interrompeu suas atividades autônomas. A diabete Tipo 2 fez com que tivesse amputados dois dedos do pé direito e passasse por raspagem do solado. Os 40 quilos a menos e a convivência com as feridas não tiram o bom humor que é lhe peculiar.

“Cariri” foi o precursor na cidade de Iguatu na venda de lanches em sua motocicleta, a qual teve que vender para contornar as dívidas. Foram quase 30 anos no seguimento de alimentos nos portões dos colégios do município. A famosa pizza, peito de moça e esfiha, ele aprendeu ainda adolescente no ‘Folha Seca Lanches’, em 1984, e aperfeiçoou em ‘Medeiros’. “Comecei a trabalhar muito cedo. Tudo que construí foi com o meu suor”, lembra.

Passado e futuro

Na sua moto, costuma dizer que o toque de sua conhecida buzina com hino personalizado do Vasco da Gama, seu time de coração, era chamariz para clientela e ao mesmo tempo motivo para os que ainda deviam fugir do pagamento. “Relembro tudo isso com muita diversão. Alimentei muitos que hoje são médicos, engenheiros e doutores, acima de tudo, homens de bem e verdadeiros cidadãos”, conta.

Cercados por alunos, a cena mais comum de se ver no final da tarde ou das manhãs era sua presença em colégios como antigo Ruy Barbosa e São José e nos últimos anos na Escola Modelo e Polos. “Foram bons tempos. A garotada gostava demais das brincadeiras, vi várias gerações passarem nesses locais”, afirma.

Mostrando o forno em que produzia a leva de lanches e o caixote que fixava na moto com os isopores e garrafas térmicas, afirma acreditar em não retomar as atividades, porém ainda não pensa em se desfazer do material. “Guardo com lembrança. Não sei como vai ser o futuro, mas acho que não consigo mais ter o mesmo ritmo de trabalho”, lamenta.

Sua esposa, Aparecida Félix, 46, recém operada da vesícula, comercializava lanche na calçada do campus Humberto Teixeira, atividade interrompida em função da pandemia. “Ela é minha companheira de todas as horas e vem segurando a barra”, afirma. O casal tem dois filhos, que residem em Santa Catarina e Mombaça.

Com a esposa Cida, Cariri teve dois filhos

Ajuda

As décadas dedicadas à panificação de lanches deram a chance de comprar um terreno na Vila Moura que logo vendeu para conquistar o seu chão de morada onde até hoje reside. “Entrei na minha casa com poucas paredes e fui construindo conforme fui trabalhando”, relembra.

O auxílio emergencial em que se cadastrou foi suspenso em função de saques não reconhecidos terem sidos registrados na cidade de Maracanaú na região metropolitana de Fortaleza. O carro modelo gol 2001 que servia para se locomover teve o motor batido.

Enquanto a reportagem esteve em sua casa na Rua 20 no Bairro Altiplano, amigos passavam e deixavam uma ajuda, e cantarolavam a música “Alô Alô Cariri, Alô Alô Pizza Mista…”. As ajudas, que vão do alimento a curativos, são muito bem-vindas em tempos de crise econômica, segundo ele. Muitas vezes as perguntas da reportagem eram interrompidas pelas ligações que recebia. “Desde que colocaram minha foto na internet, não parei de receber ligações. Acredito que plantei o bem. Hoje estou colhendo o bem”, admite.

Serviço:

Doações
Caixa Econômica Federal
Agência: 0613
Op. 013
Conta: 86033-0
Antônio Félix Cariri

Cel. (88) 9.8833.3155