Mesmo diante de medidas de isolamento social mais rígidas, muita gente foi ao centro da cidade fazer a tradicional compra da Semana Santa. Em muitos locais foram registrados pontos de aglomerações. Na quarta-feira, 31/03, e quinta-feira, 1º, dias que antecederam o feriado da Sexta-feira Santa, o cenário estava bem diferente da semana passada, com maior movimentação desde cedo pelas ruas da cidade.
Longas filas próximo das agências bancárias, lotéricas e pontos de pagamentos. O fluxo se intensificou também com a circulação de veículos e calçadas com pessoas aglomeradas. Na região do mercado central, mesmo proibida, tinha a permanência do comércio informal e de feira livre. “É o jeito vir. A gente trabalha na roça, vive da venda do que a gente produz. Eu planto milho, feijão e jerimum nas vazantes do Orós. Tenho que vender o pouco que tenho pra levar comida pra dentro de casa e as pessoas também precisam comer. É o jeito da gente se arriscar em vender na feira. Só venho pra cá dia de sábado. Se não a gente vai morrer é de fome”, ressaltou o agricultor Francimar Uchoa.
Tradição e carestia
Nessa época, muitas pessoas aproveitam para fazer a “tradicional” compra do feriado da Semana Santa. “A gente tem que aproveitar essa vinda ao centro. Levar um feijão-verde para casa, um peixe. Nem que seja um pouco de cada, porque está tudo muito caro”, ponderou o vendedor João Albuquerque.
Se está mais caro para comprar, segundo o comerciante Dercival Alves, que costumava comprar 300 quilos de peixe, este ano comprou apenas 50 quilos para o período da Semana Santa. “Tá caro pra gente comprar. A gente tem que repassar para o cliente. O lucro já é pouco, com as vendas em queda tudo fica mais difícil”.
Uma das consequências para a redução das vendas foi o aumento do preço para a comprar o produto e as medidas de isolamento social mais rígidas, que afastaram os clientes. Com o preço mais alto, o consumidor acaba levando menos peixe para casa. A tilápia está custando entre R$ 14,00 a R$ 15,00 o quilo. “Eu costumava levar três, quatro quilos. Este ano vou levar pelo menos dois quilos. A família é pequena, mas a gente gosta de peixe. A gente segue a tradição da Semana Santa”, afirmou o pedreiro Evandro Alexandre.
Queda nas vendas
Apesar da movimentação no período da Semana Santa neste ano, o registro foi de queda nas vendas, em torno de 50% principalmente do pescado, quando comparado com o período anterior à pandemia. “Ano passado, mesmo com essa doença, já foi ruim, este ano foi bem pior. Pedimos a Deus que isso passe logo pra gente tentar levar uma vida normal. Porque pelo que a gente tá vendo, quem é pobre depende do trabalho, se não trabalhar, vai é morrer de fome”, lamentou José Iran Dias, comerciante.
As medidas de isolamento social mais rígidas prosseguem até amanhã, domingo, 04. De acordo com a Vigilância Sanitária, os serviços não essenciais devem permanecer fechados funcionando somente por delivery e as feiras livres que não podem acontecer de acordo com os decretos para evitar aglomerações. Ainda segundo a Vigilância Sanitária, os comerciantes do centro e feirantes foram orientados a seguir as determinações dos decretos tanto estadual e municipal.
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