“A gente gosta de negociar, vender uma coisa aqui, outra ali, trocar um rádio, um relógio, um animal, vender nossas mercadorias de porta em porta por esse mundo afora, mas estamos sem nossa renda. A pandemia proibiu a gente de trabalhar”, esse é um dos relatos do cigano Paulo Alves das Chagas, 62, morador da comunidade rural Vila Escuro, distante cerca de 10km da sede de Acopiara. Na localidade há pelo menos outras 11 famílias ciganas e 09 que moram no São Paulino, distrito próximo, que vivem situação parecida. Além de 14 famílias, do distrito de São Pedro do Norte, em Jucás. Todos da etnia Calon, acostumados a trabalhar na roça e viver da comercialização de mercadorias.
“Para piorar nossa situação, que eu sabia nenhum de nós recebeu esse auxílio do Governo Federal, que deu R$ 600,00. Pelo contrário, teve famílias que perderam o Bolsa Família. A gente passou a depender mesmo de ajuda dos outros. O Mesa Brasil vem sendo nossa salvação. A gente já recebeu cestas básicas e kits de higiene. Uma ajuda enviada por Deus”, comemorou a cigana Simone Alves dos Santos.
Discriminação e doações
De acordo com dados do Instituto Cigano do Brasil, no Ceará há comunidades ciganas além da região Centro-Sul há também em Pindoretama, no litoral cearense, na capital Fortaleza, e em Sobral, na Região Norte. Ainda segundo o Instituto Cigano, durante esse período de pandemia, foram registrados 35 óbitos de ciganos, desses, 02 no Ceará. “A nossa intenção é também sensibilizar as autoridades governamentais para que ajudem nossas comunidades. Estamos afetados por conta da pandemia. Basta ir em qualquer comunidade cigana e ver o quanto nossos irmãos estão sofrendo. Eles vivem do trabalho. É um povo discriminado. Dependemos de doações. Graças ao Sesc, através do Programa Mesa Brasil, estamos podendo alimentar nossos irmãos. Esperamos que a situação melhore”, destacou o presidente do ICB, Rogério Ribeiro.
De acordo com informações do Programa Mesa Brasil do Sesc, somente no último mês foram repassados mais de trinta e dois mil quilos de alimentos. “Contamos com parceiros, empresas do nosso país que estão fazendo o repasses desses alimentos. Estamos atendendo instituições sociais, entidades filantrópicas e comunidades como essas de ciganos, que dependem dessas doações. São alimentos básicos que compõem uma alimentação forte e rica em nutrientes que vai ajudá-los a enfrentar esse momento difícil que estamos passamos”, comentou o nutricionista do Mesa Brasil, Jordan Rodrigues.
O Instituto Cigano do Brasil está realizando uma campanha pela internet para arrecadar doações, a mobilização não recebe valores em dinheiro. Mais informações podem ser obtidas pelo número: 88. 9.9628-6361 – WhatsApp – Rogério Ribeiro.
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