Desde a tarde da quinta-feira, 24, que a estrada que liga Iguatu à Vila Antonico, em Quixelô, segue interditada, na altura do Sítio Barra I. A rodovia CE-536, Damião Casemiro Rodrigues, que é estadual, tem cerca de 12km, rota que facilita o acesso entre as duas cidades, além de ajudar no escoamento da agricultura e pecuária.
Devido ao grande volume de água no trecho, moradores por conta própria ‘cortaram’ a estrada para o escoamento da água. “Foi o jeito. Os tubos que foram colocados não deram conta de tanta água que estava passando por cima da estrada novamente, igual no ano passado. Foi o jeito abrir a estrada, porque a água invadiu casas novamente. A gente espera que seja feito um bueiro de verdade para que isso não aconteça de novo”, afirmou o agricultor José Cândido, morador da região, que em abril do ano passado teve a casa que morava invadida pela cheia.
Diante da situação, moradores cobram que uma ação eficaz seja feita para amenizar o problema. “Aqui não era assim. Tinha enchente normal, ficava com água nos terreiros, mas não enchia desse jeito. A situação ficou assim porque construíram uns barramentos para parte de cima. E agora está inundando tudo. A gente fica sem estrada e com água dentro de casa”, declarou uma moradora que preferiu não ser identificada.
As chuvas que banharam a região ajudaram o rio Trussu a registrar cheia. “Se chover mais forte, vai juntar água da chuva com cheia do rio. A gente fica com medo. Ano passado mais de 30 casas foram alagadas. A gente não quer ver isso de novo. Graças a Deus que a água não entrou dessa vez. Mas dá medo, a gente não consegue dormir direito”, relatou a agricultora Maria Bezerra.
Só promessa
Quem precisa trafegar pela CE-536 vai ter que esperar até um reparo ser feito no trecho aberto da estrada. Mesmo assim, alguns moradores enfrentaram na tarde de ontem, sexta-feira, 25, a correnteza passando com mercadorias e até mesmo de moto por dentro da água. Situação que não é recomenda pelo risco de acidente. “Ano passado foi em abril, que aconteceu essa cheia aqui. Já esse ano foi mais cedo. A gente espera que seja feito um bueiro de responsabilidade. A lagoa é grande, tem muita água. Está enchendo mais cedo. Foram colocados esses tubos, mas não deu vazão. Com isso a gente perde pasto, plantação, as casas ficam alagadas. Prometeram no verão vir fazer serviços. Mas não vieram”, lamentou seu José Cândido.
Precipitação
De acordo com Weber Teixeira, gerente do 9º Distrito Operacional da Superintendência de Obras Públicas, ano passado foi feita de forma emergencial a colocação de seis tubos de 50 polegadas, para o escoamento das águas. A construção do bueiro depende de recurso do Estado. “Deixamos no local seis tubos de 50, que tem uma sessão equivalente a um bueiro triplo de um metro. Estava dando escoamento normal as águas, mas esse problema tem que ser resolvido a montante da rodovia. Esse problema foi ocasionando por conta dos barramentos que fizeram, algumas construções. Esses barramentos interromperam o curso natural das águas. Essas águas foram todas canalizadas para aquele local. Teve uma mudança no cenário normal. O que ocorre é essas águas chegam com muita força, teve ruptura de alguns açudes e acaba que vão represar nesse ponto”, ressaltou o engenheiro civil. Segundo ele, essas águas não eram projetadas para chegar todas naquele ponto. “Elas iam se dissipando ao longo do percurso natural, em pelo menos seis bueiros. Agora estão chegando tudo lá. A gente pediu à prefeitura que fizesse a abertura desses barramentos a montante (na parte de cima da estrada) para a gente analisar. Agora foi uma atitude precipitada, abriram a via sem autorização da Superintendência, causando um problema bem maior. Não resolveu nada. Eu já estive lá. A água continua represada, não baixou e praticamente não vai baixar. Se não resolver, corrigir esses barramentos que foram feitos, vai ser um problema crônico, recorrente”, explicou.
Weber Teixeira ressaltou ainda que no momento não tem como executar nenhuma ação no local por conta do grande volume de água. “Não tem como executar, porque é muita água passando, além de que danificaram os tubos. Não tem como fazer o reaterro, porque água não permite. Diante dessa situação é esperar as águas baixarem para que seja feito fazer um serviço para liberar a rodovia. Foi uma atitude precipitada que ocasionou um problema bem maior. A gente não autorizava esse tipo de intervenção. Mas infelizmente aconteceu. Estamos monitorando todo o tempo. Assim que tiver condições a gente vai executar um serviço para poder dar tráfego à rodovia”, finalizou.
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