Cultura e artes: artistas movimentam cenário cultural de Iguatu

25/03/2023

Começa hoje, sábado, 25, O Festival de Danças Urbanas “Encontro de titãs”, idealizado com o objetivo de estimular a produção cultural de Iguatu. O evento, que este ano acontece no ginásio coberto do Campus Multiinstitucional, chega à quinta edição e acontece neste sábado e domingo.

O projeto foi contemplando com no XII Edital Ceará de Incentivo às Artes, pela Secretaria de Cultura, Secult. Além das apresentações artísticas e batalhas de dança, também concentra outras ações como debates, workshop entre outras atividades com o objetivo de valorizar a arte. “Estamos com tudo pronto para realização desse evento, que volta a acontecer em nossa cidade. Vamos reunir vários grupos da nossa região. É um evento que busca incentivar os produtores e artistas também. O projeto foi aprovado pela Secult. É totalmente gratuito para o público. As pessoas podem chegar por lá que vai iniciar a partir das 19h”, convida Thiago Souza, idealizador do festival, integrante da Companhia de Dança 5º Elemento.

O festival é dividido por categorias: Danças Urbanas, Estilo Livre, Misto, e Batalha All Style. Além dos momentos de danças e competição, haverá workshop e debates. “Teremos a presença de professores renomados, instrutores e jurados de outros estados, profissionais de alto gabarito e conhecidos do público. Esperamos uma grande participação das pessoas para incentivar as apresentações e nossos artistas. Vamos fortalecer a dança em Iguatu”, disse Thiago Souza. “A gente passou a expandir mais esse evento. Antes era mais dança de rua, mas abrimos para abraçar outras categorias”, complementou.

A quinta edição do Festival de Dança Encontro de Titãs acontece hoje, sábado, 25 e amanhã, domingo, 26, no ginásio do Campus Humberto Teixeira, a partir das 19h. A entrada é gratuita.

“Neci pelo Mundo” estreia em Fortaleza

Além da dança, os artistas iguatuenses despontam nos mais diferentes territórios levando o talento e recebendo muitos artistas e companhias, num verdadeiro intercâmbio cultural.

A atriz Betânia Lopes, com a Companhia Ortaet, levou o espetáculo Neci para se apresentar no palco do Cineteatro São Luiz, na quinta-feira, 23, em Fortaleza, dentro do programa “Curta Mais Teatro”. Com direção de José Filho, a peça conduz no corpo de Neci histórias do povo misturadas como ingredientes dentro de um tempo satirizado em causos. A apresentação aconteceu sobre o palco, com limite de 70 pessoas. “É gratificante ver a circulação do espetáculo Neci chegar à capital. No tocante à dramaturgia, ocupa geograficamente qualquer realidade inserida nas pautas de gênero, das diversidades e do próprio envelhecer”, contou Aldenir Martins, diretora da companhia, falando da relevância da produção do interior estar ocupando equipamentos de cultura na capital, Fortaleza. “Que outros momentos como esse, de ser convidado a apresentar em um dos equipamentos de cultura de Fortaleza, aconteçam. É valioso para nós do interior ocupar esses espaços, de poder trocar, compartilhar e experienciar o espaço da cena nos palcos da capital. Vibramos pela crença na democratização dos espaços culturais”, declarou.

Muita emoção, principalmente para a atriz Betânia Lopes, que levou todo seu talento para o palco do cineteatro São Luiz. “Para mim é uma conquista imensa, pois sempre sonhei com esse dia. Chegou, eu dei o meu melhor. Poder está circulando com Neci tem sido gratificante, uma maravilha, pois sempre sonhei com um trabalho onde outras pessoas de outras cidades e lugares pudessem ver e conhecer essas histórias. Estou muito feliz com tudo que está acontecendo com esse trabalho”, disse.

Luta, agruras e resistência

O diretor do espetáculo José Filho acrescentou que a peça mostra a força, resistência e talento dos artistas iguatuense. “Muito nos orgulha poder circular com Neci em outras localidades além dos limites da cidade de Iguatu e poder partilhar de um projeto que perpassa o espetáculo e revela o investimento de 24 anos de muita luta, agruras e resistência do fazer teatro em Iguatu. Levar nossa arte, partilhar com outros públicos, contrastar com outras artistas de Teatro e fortalecedor e nos animar a querer fazer ainda mais e melhor”, disse, afirmando que é importante que haja mais ações e investimentos e políticas públicas para a cultura no interior do estado. “Nossa região vive hiato de décadas sem investimentos públicos no setor cultural de ordem artística e formativas. Em relação à política cultural do poder público municipal não é diferente, estamos relegados a um lugar total descrito, invisibilidade e abandono. Mas existimos. A prova está aí, sermos uma das referências nas artes cênicas do interior cearense no fazer, bem como resistência enquanto coletivo teatral a mais de duas décadas em plena atividade. Agradecemos ao instituto Dragão do Mar e ao Cineteatro São Luiz por nos convidar dentro da programação em comemoração aos 65 anos de existência do Cineteatro. Além de agradecer a Lucinha Rodrigues, conterrânea iguatuense que hoje ocupa o lugar de gerente na prestigiada instituição. Somos gratos”.

Espetáculo ‘Frutacor’ passa por Iguatu

 

O Galpão PAC/Ortaet tem se tornado um grande expoente das artes, com as mais diferentes expressões artísticas, tornando-se a casa da arte iguatuense não só pelas apresentações da própria companhia Ortaet, mas também com o recebimento de grandes trabalhos. Na mais recente passagem, o espaço recebeu o espetáculo “Frutacor”, criação de Rafaela Lima, artista de dança e audiovisual (vídeo-danças) performer, pedagoga e especialista em gestão cultural da cidade da cidade cearense de Itapipoca.

O espetáculo tem a direção e intérprete criadora da própria Rafaela Lima, com colaboração de Gerson Moreno, iluminação de Aline Rodrigues e sonoplastia de Cacheado Braga e Rafaela Lima. “Frutacor” assume a objetificação do corpo feminino como marcador de investigação resultante da relação estética do corpo feminino a frutas, gerando implicações em torno da relação “Mulher-Fruta”, expressão atravessada de pretextos misóginos, conta a obra. A circulação do espetáculo faz parte da contemplação do XII Edital de Incentivo às Artes- Dança, através da Secult, com apoios da Associação de Dança do Cariri, Galpão PAC/ORTAET e Galpão da Cena de Itapipoca.

Além de Iguatu, a obra que trata sobre a objetificação do corpo feminino e suas implicações sociais integra também o roteiro Juazeiro do Norte e Itapipoca. As apresentações são todas gratuitas, possuem intérpretes de LIBRAS e classificação indicativa de 10 anos.

Objetificação

De acordo com dados apresentados pela companhia de arte, o Ceará se destaca negativamente no ranking de estados com mais registros de denúncias de violência contra o público feminino. Pelo menos três mulheres por semana foram vítimas das mais variadas formas de violência no Ceará em 2022, conforme estudo da Rede de Observatórios da Segurança, lançado no último dia 6 de março. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos divulgou painel com dados consolidados de 2020 extraídos da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. O levantamento indica que o Ceará é o 7º colocado com mais denúncias de violência contra a mulher. A partir desses dados que comprovam a violência sistemática sobre os corpos das mulheres no estado, é possível compreender a importância da circulação de um espetáculo que traz reflexões acerca desse tema. “A obra “Frutacor” assume a objetificação e a violência, feita pela sociedade, sobre os corpos das mulheres, e o utiliza como ponto de partida para uma investigação sobre a correlação da estética do corpo feminino e as frutas, como bem aconteceu com as chamadas “mulheres-frutas”, que dominaram a mídia no início dos anos 2000. Nessa perspectiva, o espetáculo absorve o discurso que viola e oprime a estética feminina e o rebate com sarcasmo, ironia e tensões, propondo-se assim a ser um veículo educativo de temáticas feministas.

“Essa obra que fala sobre a objetificação do corpo feminino e quando eu me refiro ao corpo feminino, não me refiro apenas ao corpo da mulher cis, mas me refiro ao corpo da travesti, da mulher trans, da mulher negra, da mulher indígena, da mulher operária, da mulher dona-de-casa, que todo dia é objetificado, dentro das mídias, dentro das universidades, nas ruas. Esse corpo que é sujeito ao abate a qualquer momento, sujeito a morte por feminicídio, por transfeminicídio”, explicou a artista e criadora do espetáculo. “Quando eu escolhi circular nessas cidades foi a partir de um dado estatístico que é comprovado, que nessas três cidades nas quais a gente vai circular, o índice de feminicídio é muito alto. Então, eis a importância de circular com essa obra nesses espaços. Além disso, tem o fato de querermos fazer uma fruição artística, um fomento dentro desses espaços culturais que são geridos por artistas independentes”, complementou a dançarina.

O espetáculo já foi apresentado na CUIA: Mostra de Artes Cênicas (Fortaleza), Mostra Intenções (Itapipoca), Mostra Inquieta (Sobral), Caldeirão das danças (Crato), Domingo no parque (Sobral), Abril se dança (Sobral) e Arte caseira (Itapipoca). Além das apresentações o projeto realiza oficinas “Corporeidades femininas: da tensão à movimentação”, em que serão partilhadas proposições criativas para a cena geradas dentro do processo da obra com o público feminino, comunidade LGBTQIAP+, grupos artísticos de dança e teatro, coletivos de mulheres, educadores sociais, arte-educadores, instituições políticas sociais e movimentos sociais.

Perfil

Rafaela Lima é dançarina, performer, professora de dança, artista audiovisual, pedagoga pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e especialista em Gestão Cultural pela Universidade Vale do Acaraú (UVA). É Dançarina na Cia Balé Baião de Itapipoca e artista docente de Dança na Escola Livre Balé Baião de Itapipoca (escolas da cultura do Estado do Ceará.

Oficinas despertam a brincadeira de caretas

 

Artistas de múltiplas linguagens apresentaram série de atividades sobre a manifestação dos caretas na cidade de Iguatu. No período de 14 a 21 deste mês foram realizadas diversas ações como oficinas e apresentações artísticas nas comunidades periféricas da cidade e na zona rural. Entre as localidades visitadas pelo grupo de artistas: Vila Neuma, Novo Iguatu, João Paulo II, Suassurana, Alencar e Barra I.

O projeto “Brincando de Caretas” foi aprovado no II Edital Cultura e Infância da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. É uma pesquisa artística iniciada em 2019 após promover discussões e produções na área do audiovisual, artes plásticas e artes cênicas acerca da manifestação popular dos “caretas da semana santa” realizada em Iguatu. De acordo com Carlê Rodrigues, idealizadora do projeto, foi identificada a necessidade de ampliar a discussão sobre valorização das culturas tradicionais junto à população iguatuense. “O objetivo do projeto é promover a fruição cultural com o intuito de salvaguardar a tradicional “brincadeira dos caretas da semana santa, realizada na Cidade de Iguatu/CE, através de vivências artísticas em comunidades periféricas e rurais, fortalecendo assim a cultura popular local”, disse.

 

Culturas ancestrais

A caravana percorreu seis comunidades, oferecendo de forma presencial e gratuita oficinas para confecção de máscaras de papel com técnica de papietagem desenvolvida pela artista visual Patrícia Gomes, (mulé Colagista). A ideia do projeto é também estimular a criação de estéticas com caráter único e produção de conhecimento sobre culturas ancestrais, culminando com a apresentação da narrativa oral. “O Mistério dos Caretas” (de autoria do cearense Almir Mota) com a narradora de histórias Carlê Rodrigues e o músico Efraim Alexandre, utilizando a literatura oral como elo entre as reflexões dos fazeres cotidianos de cada comunidade no que tange às tradições e o imaginário popular, também foram apresentados para o público.

O projeto também contou com a presença de intérpretes de Libras: Ana Raquel e Franciélio Silva.

 

 

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