Defesa Civil vistoria reservatórios em Iguatu

15/01/2022

A aproximação da quadra chuvosa, que começa a partir do próximo mês e segue até final de maio, acende um alerta sobre a situação estrutural dos reservatórios, sistemas de escoamentos de água pluviais, drenagens entre outros cuidados que são necessários para evitar transtornos maiores e até mesmo acidentes. Com as chuvas promissoras em todo o estado, já apresentadas nesse período de pré-estação, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Civil de Iguatu vem intensificando as vistorias em reservatórios do município.

Preocupação válida, apresentada também pelo engenheiro civil, ex-diretor do 9º Distrito Operacional da SOP (Superintendência de Obras Públicas) em Iguatu, José Edvan Teixeira. “O fato é que os riscos existem. As cheias de 1924, 25, foram dois anos de cheias grandes, quando a população urbana de Iguatu era quase nenhuma. As águas em 1924 chegaram a atingir onde hoje é Avenida Agenor Araújo. Toda aquela região era sem construções, havia infiltração total no solo, porque não tinha impermeabilização e, mesmo assim, foi uma cheia violentíssima. A outra grande cheia também muito falada, a de 1974. Eu vi. Nós morávamos na Agenor Araújo, em frente ao Banco do Nordeste, a água passou pela sarjeta da casa da gente. É bom colocarmos as barbas de molho”, alerta.

Dr. Zé Edvan, como é conhecido, reafirma sua preocupação com a proximidade da quadra invernosa enumerando algumas variantes que tem observado. “Estamos com o fenômeno ‘La Ninã’ característica que induz chuvas acima da média no Nordeste e seca no Sul. Outro fato. Pelos registros pluviométricos das décadas passadas a maioria dos invernos foram de abaixo da média histórica. Nosso cinturão de lagoas que são dissipadores de cheias está em boa parte aterrado e degradado, com sua capacidade de protetor contra inundações reduzida, e até anulada. A zona urbana está praticamente impermeabilizada, principalmente com asfalto, sem que fosse providenciada a drenagem necessária. A drenagem urbana existe, carece de inspeção limpeza e desobstrução. Lembrando que a rede mesmo se funcionasse com 100% da capacidade ainda e subdimensionada”, enumera apresentando outros fatores entre esse a situação do Rio Jaguaribe.

“O Rio Jaguaribe está degradado e com sua calha aterrada. Entre os anos de 1910 a 2022, conforme escala da ponte metálica, aterro de 3 metros. Além disso, os pequenos açudes existentes construídos sem projeto e/ou sem acompanhamentos técnicos precisam ser vistoriados como prevenção do chamado ‘efeito dominó’. Aí vêm as estradas vicinais e carroçáveis que devem ser vistoriadas e mapeadas para identificar possíveis pontos de corte, evitando o isolamento de comunidades. Caso não exista, é necessário, com urgência, plano de ações pronto para ser iniciado quando necessário. Por fim, tendo como exemplo os prejuízos materiais e humanos sofridos por nossos irmãos baianos e mineiros, é melhor pôr nossas barbas de molho”, pondera, apontando ainda que os registros pluviométricos médios entre os dias 1º e 14 deste mês em todo o município apresentam 250mm de precipitações. “A cheia de 1974 registrou para todo mês de janeiro daquele ano 361,20mm. Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”, finalizou.

Açude do Governo

Dando continuidade às vistorias iniciadas em novembro do ano passado, a Defesa Civil esteve na manhã desta sexta-feira, 14, no Açude do Governo. O reservatório construído na década de 1880 fica no distrito de José de Alencar. O manancial é responsável pelo abastecimento de mais de cem famílias daquela região. Em 1950, foi construída uma segunda parede, ampliando para 10 milhões de metros cúbicos a capacidade de armazenamento. Porém, ao longo desse tempo, o reservatório sofreu assoreamento e desgastes naturais em sua estrutura. Apesar de não apresentar risco de rompimento, moradores relatam que é preciso reparos na parede principal. “A parede nova, como a gente chama, apresenta alguns vazamentos, quando está cheia, não tem risco de arrombamento, mas as chuvas estão se mostrando boas e tudo depende de Deus. Por isso, é importante essa visita da Defesa Civil aqui nesse açude, que é a nossa riqueza, faz tempo que não ‘sangra’, mas nada para Deus é impossível”, afirma José Bonfim o morador da localidade.

 

Açude Trussu

O maior e principal reservatório que abastece Iguatu, o açude Dr. Carlos Roberto Costa, o Trussu, administrado pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, DNOCS, que fica no Distrito de Suassurana, está com 24,27% da capacidade de armazenamento também será vistoriado a partir da próxima semana. Recentemente passou por reparos estruturais, mas, devido às chuvas recentes, surgiram muitos buracos que estão cheios de lama.

De acordo com Antônio Filho, secretário de Segurança Pública e Defesa Social de Iguatu, as vistorias que iniciaram ainda em novembro do ano passado acontecem de forma integrada com outros órgãos municipais e do estado. Estão sendo intensificadas devido às chuvas recentes. “O objetivo é justamente verificar a necessidade de manutenção desses mananciais, e evitar possíveis acidentes. A gente já vem desde o ano passado fazendo algumas avaliações em mananciais que são de responsabilidade pública. Essa fiscalização é para ver isso: se há necessidade de fazer algum reparo, ou uma limpeza, do próprio sangradouro, por exemplo, dentro desses açudes. Nessa programação, pelo menos sete açudes de médio e grande portes foram vistoriados. Sendo que muitos desses reservatórios ainda estão secos ou com nível baixo, mas sem apresentar riscos estruturais. Apenas um açude na região do Riacho Vermelho que vimos que precisa de manutenção, precisa ser limpo o sangradouro para ajudar na vazão da água, caso esse açude venha a sangrar”, explicou.

O secretário aponta ainda que a Defesa Civil faz outras inspeções, monitoramento de áreas de riscos e principalmente a conscientização da população é necessário para evitar alagamentos e outros transtornos provocados comumente no período de chuvas. “No Iguatu, contemplamos algumas áreas que potencialmente sofrem esses incidentes pela quantidade de chuvas. Mas, a gente percebe que poucas logo depois escoam. A nossa orientação é que as pessoas não joguem lixo próximos aos bueiros para evitar grandes problemas. A gente já monitorou alguns bairros de Iguatu que podem sofrer alagamentos, claro dependendo da quantidade de chuvas. Como tivemos no ano passado, que em dois dias tivemos mais de 300mm de chuvas. Mas, estamos de pronto, caso venha acontecer para atender”, afirmou o secretário.

 

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