Conhecido por gostar de palco, microfone e música, agora a nova ‘tirada’ de Deo Parodeiro é tocar pandeiro. Mais do que isso, ele está tocando pandeiro na rua, diga-se de passagem, um instrumento que não é lá muito fácil para tirar um som, mas quando se trata do Rei das Paródias nada se torna difícil. Deo está indo para os semáforos da cidade tocar pandeiro para divertir quem passa. Se cair um trocado, ele agradece, mas também se não tiver, nem esquenta.
Aos 70 anos, Hildebrando Laurindo, conhecido como ‘Deo Parodeiro’, encontrou uma forma diferente de passar o tempo, divertindo quem passa na rua. Em finais de tarde de Iguatu é comum encontrá-lo na Av. Carlos Roberto Costa (Perimetral) fazendo uma das coisas que mais lhe agrada: tirar som de um instrumento. No caso dele, tirar som do pandeiro. Adepto do nosso mundialmente conhecido ritmo regional, o forró, Deo Parodeiro usa uma pequena caixa de som portátil, amplificada, colocada numa bolsa que carrega a tiracolo, onde introduz um ‘pen drive’ com seu repertório de forrós instrumentais, para acompanhar no pandeiro. Enquanto curiosamente o som vem daquela ‘bolsa’ presa ao corpo, o pandeirista vai se contorcendo entre os carros e motos, vez por outra inventando uma coreografia, uma dança improvisada e tocando freneticamente seu pandeiro no ritmo do som da sanfona, triângulo, zabumba, teclado e guitarra, das gravações de artistas solo, ou de bandas conhecidas do repertório de forrós do Brasil.
Os dois pontos da Perimetral onde ele mais gosta de ficar é no cruzamento com a Av. Plácido Castelo, conhecido como cruzamento da Comacon e Perimetral com antiga Rua do Cruzeiro, próximo ao Corpo de Bombeiros. Enquanto vai tocando o pandeiro ao ritmo do forró, Deo Parodeiro vai arrancando curiosidade de olhares que aguardam o sinal verde abrir.
Artista de rua adaptado
Deo se envolve tanto com o som que consegue tirar do pandeiro, que misturado ao toque que vem da caixa que ele carrega; a mistura de ritmos e instrumentos parece soar aos ouvidos dele como uma melodia que adentra aos pelos tímpanos e faz bem ao corpo todo. E ali, naquele instrumento, naquela música, naquela rua, naquela dança tímida e malsucedida, ele parece um menino correndo na chuva.
Se o leitor está perguntando porque ele é citado como ‘Rei das Paródias’, o próprio Deo garante que foi assim que ele se tornou conhecido. Na campanha eleitoral de 1996, e depois em 2000, Hildebrando Laurindo se descobriu fazendo paródias para os candidatos. E não por acaso, algumas de suas paródias fizeram sucesso no meio do eleitorado e lá foi Deo convidado para se apresentar nos palcos, nas reuniões de bairro e até em comícios maiores. Virou atração das campanhas e já era artista esperado para embalar os eleitores apaixonados com suas tiradas paródias. Ele explica que era simples: pegava uma música que estivesse na cabeça e na boca do povo, tocando muito no rádio, e fazia uma letra em cima. Dava certo. Quando ele cantava a primeira vez, o povo já sabia o resto.
Pois é, as campanhas passaram, os candidatos também e Deo ficou esquecido. Nessa lacuna de anos, sem descolar dinheiro em campanha, ele tem se rebolado para sobreviver. Já trabalhou como moto-taxista, mas sua paixão é mesmo tocar um instrumento.
Da vida simples de casa, na Rua Plácido Castelo, onde mora com a esposa Maria Gonçalves, num casamento de 40 anos, Deo se desloca para os semáforos da cidade, onde consegue ganhar algum dinheiro, ao mesmo tempo em que se diverte.
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