Você não pode me ver, mas estou escrevendo a coluna de hoje com uma roupa vermelha.
Sim! Vermelho é a cor da revolução e é disso que eu vou falar hoje.
Deus é brasileiro. Está provado por A mais B, apesar do cantor cearense Falcão já ter provado por A mais B que A mais B não prova nada, que Deus é brasileiro.
Que sorte a nossa!
Veja que coisa fabulosa vem acontecendo no Brasil: pois bem, o brasileiro acabou de conhecer, por meio de uma influencer norte-americana, um cara chamado Machado de Assis. Isso mesmo, trata-se do mesmo Machado de Assis que fundou a Academia Brasileira de Letras. A influencer publicou um vídeo falando algumas palavras, em inglês, lógico, elogiosas sobre o autor e a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas e – eureca – o livro tornou-se, em questão de horas, depois da viralização do vídeo, o segundo mais vendido no site da Amazon, e todo mundo passou a falar desse tal de Machado de Assis na internet.
Daí eu me senti assim envolvido num misto de alegria e de tristeza.
Você pode até pensar “poxa, Kleylton, não é legal que as pessoas possam conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra do Machado de Assis?”. Lógico que é legal, mas o que me causa tristeza é perceber que um gênio da literatura mundial como Machado de Assis precise da validação de uma pessoa norte-americana para ter o seu merecido reconhecimento dentro do seu próprio país. Que reverência é essa que devemos aos EUA? Causa-me demasiada estranheza que o brasileiro não ouça a voz do próprio brasileiro, levando em consideração que temos uma gama de estudiosos no Brasil, todos brasileiros, que falam todos os dias da magnitude do Machado de Assis. Para quem essas pessoas falam? Quem as escutam?
Um amigo me confidenciou recentemente que estava numa expedição no Cairo, no Egito, e quando a guia turística o reconheceu como brasileiro veio ao seu encontro falar sobre a literatura brasileira e lhe confidenciou que o seu escritor favorito era o baiano Jorge Amado. Já pensou? Parece-me que nós somos lidos e escutados muito mais fora do que dentro do nosso próprio país.
Entranho, não?
Mas enfim, há brasileiros para brasileiro ver e há brasileiros para inglês ver. Sempre foi assim e sempre será assim.
Eu, como bem disse Gonzaguinha, continuo acreditando “que a vida poderia ser bem melhor e será”, e cada dia que passa me convenço mais que não há nada mais transformador na vida das pessoas do que a educação e por ela perpassa a leitura.
Termino minhas palavras com o coração cheio de gratidão.
Obrigado, Deus!
Obrigado, Estados Unidos!
Que seja feita a revolução!
Boa leitura e bom fim de semana!
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