Verdadeiramente inconcebível que em oito Cruzadas não tenhamos tomado Jerusalém. A maior parte da Cidade Santa ainda hoje está nas mãos dos Infiéis. Somente a Primeira Cruzada (não a de Pedro, O Eremita, denominada “Cruzada dos Pobres”) obteve êxito e capturamos Jerusalém totalmente em 1099.
Aqua lateris Christi, lustrate me. (Água do lado de Cristo, purificai-me).Eis um trecho de uma devota oração católica medieval. Tal água, Sacra Aqua,surgiu do ferimento feito por um centurião romano com sua lança pouco antes da morte de Nosso Senhor na cruz. A lança, uma relíquia poderosa para a Cristandade, desapareceu ao tempo de Cristo. Entretanto foi reencontrada no ano de 1098, durante o cerco de Antioquia, na mesma campanha cruzada que tomaria depois Jerusalém. Por demais insólitos e misteriosos foram os eventos naquele reencontro. É meu dever como penitente cristão narrá-los e rezar por eles.
Nosso exército cristão tinha tomado Antioquia. Estávamos dentro da cidade. Todavia, os infiéis comandados por Karbuka a sitiavam duramente. O cerco durou semanas. Estávamos a ponto de perder a batalha. Godofredo de Bulhão era o nobre comandante dos Cruzados e defendia o seu posto com heroísmo. Então, misteriosamente, surgiu nos portões de Antioquia um peregrino chamado Pedro Bartolomeu. Ninguém o conhecia. Ele insistia em falar com Godofredo.
Diante do chefe cristão, Pedro contou que sonhara várias noites com Santo André. Este lhe dizia que na catedral da cidade sitiada estava enterrada a Lança de Cristo e que deveria ser recuperada para, à frente do exército de Deus, dar a vitória à Cristandade. Godofredo acreditou e, como tinha sido dito, estava lá a Lança enterrada perto do altar. O exército abriu os portões e marchou triunfante sobre os inimigos, vencendo e expulsando os inimigos da fé.
A sagrada relíquia foi adorada por muito tempo nos Estados Cruzados no Oriente. Entretanto, sob o domínio de outros comandantes, a Lança foi blasfemamente desacreditada, assim como toda a história do santo Pedro Bartolomeu. Pedro então, num lance de puro martírio, agarrou-se à Lança e entrou em uma grande fogueira para provar a sacralidade do objeto. Em consequência dos muitos ferimentos, ele morreu alguns dias depois. A Lança desapareceu outra vez e nunca mais foi vista.
Estes fatos são inteiramente verdadeiros. Foram contados por séculos. Ainda buscamos a Lança de Cristo. Que Ela reapareça e nos dê a Vitória Final!
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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