O estudo sério e acurado de uma língua deve-se fazer a partir da Gramática Normativa. A Linguística apresenta sérias premissas equivocadas e problemas de método que devemos rejeitar. Elencamos alguns.
Uma das premissas questionáveis é a da arbitrariedade do signo. Os exemplos não são convincentes sobre tal tese. Nomen numen est. Diziam os antigos. O nome é um poder. Carrega sentidos ocultos, marcas que unem quase enigmaticamente o significante ao significado. O estudo arquetípico das Raízes demonstra em numerosos casos a comprovação de que o som e a coisa pertencem a uma mesma realidade. Toda a Antiguidade e a Idade Média aceitavam a ideia de que existiam magica verba, vocábulos empregados em rituais, fortes, integrais em suas estruturas fonéticas e morfológicas que não poderiam, sob nenhuma hipótese, ser substituídos por outros. Há, portanto, étimos absolutos.
Certa vez eu conversava com um respeitável linguista. Falei-lhe algo sobre o Hamlet e ele, com desdém, pasmem, disse-me que nunca havia lido! A anedota, infelizmente verdadeira, evoca outro grave erro da Linguística: o ingênuo e desrespeitoso relativismo. Não há o devido respeito para com a Literatura, fundadora do Canon,nem para com a superioridade de certas línguas e culturas sobre outras que são inexpressíveis.
Todavia, o chamado conditor error, o erro fundador de todos os outros, quem o cometeu foi o próprio Saussure em seu Cours de Linguistique genérale (1916).Trata-se da perspectiva sincrônica. Estudar a língua sem considerar sua evolução histórica. Negar seu passado, suas origens. Absurdo completo! É como negar a memória coletiva, suprimir as raízes que a língua instaura no homem. “Estudar a língua em seu estado atual”; eis o frágil argumento dos linguistas. Isto é aceitar e perpetuar os erros, é entronizar a charlatanice e o falso saber. Só conhecemos a fundo qualquer objeto de estudo quando pesquisamos seus fundamentos no passado.
O binômio langue et parole, também saussuriano, tem sérias fissuras. A princípio e em princípio, o objetivo maior de uma língua não é – acreditem – a comunicação. A função maior de uma língua é produzir beleza literária, estesia, e assim imortalizar-se no curso inexorável dos séculos. Até os animais irracionais, em seus vulgares instintos, talvez possam comunicar-se. Nós somos seres superiores. A língua deve testemunhar nossa espiritualidade e nossa mente. Assim sendo, não devemos conceber separações entre a norma (langue) e o uso que a massa dos falantes, ignara aqui no Brasil, faz dela (parole). A norma é o cânon, superior e forte por excelência. A literatura clássica o gerou. Qualquer afastamento da norma deve ser evitado. É erro! O conceito de variação linguística é uma sandice e uma ofensa aos mestres do idioma.
Estudemos, bom leitor, o velho latim. Gramática histórica e a boa Gramática Normativa. Aprendamos português, não linguística.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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