Escrever bem é concisão. Ideias, muitas. Palavras, poucas. Sobriedade, austeridade, força no substantivo. Períodos sempre curtos. Pontuação rigorosa. Conectivos demasiados, adjetivos, locuções verbais, advérbios em excesso, interjeições devem ser evitados. A moderação e o decoro são o fundamento da boa escrita. Orna et lima (Horácio).
Bonus scriptor classicus est. O bom escritor é o que segue os Clássicos. A experiência e o cânon assim nos ensinam ao longo dos séculos. Os experimentalismos, as originalidades são efêmeros. O escritor consciente deve sempre evitá-los. E sobretudo fugir de tudo o que é coloquial, de toda manifestação da oralidade. São frutos dos ignaros. São sempre nocivos à língua em sua expressão estética de beleza pura.
Tal qual Enéas, a navegar, superou Cyla, Caríbides e todos os outros obstáculos, o mestre escritor deve fugir de todos os vícios de linguagem e de retórica. Gírias são impropriedades de linguagem imperdoáveis. Gerundismos são nefastos escolhos. Estrangeirismos são doenças do falar e do escrever. Plebeísmos não são para gente culta. Escrever bem é cultuar uma aristocracia de espírito. É difícil, por isso gratificante. É para poucos. É uma Turris Eburnea.
Efetivamente não se deve ler certas escolas literárias, certos vulgares estilos. O Modernismo (com poucas exceções) é um deles. O próprio Romantismo tem maus momentos de flexibilidade excessiva para com a linguagem. O Naturalismo pesa em seu acentuado cientificismo. Recomenda-se todo o Classicismo, o Barroco, o Realismo, o Parnasianismo e o Simbolismo. É melhor, é mais salutar ler pouco autores, e bons, do que uma farta gama de autores todos joio, todos escória de erros.
A literatura de língua portuguesa tem ápices indiscutíveis. Modelos do perfectus sermo. Deve o escritor segui-los primordialmente. Camões, Fernando Pessoa e Augusto dos Anjos, na poesia. O Padre António Vieira, Alexandre Herculano, Machado de Assis e Graciliano Ramos, na prosa.
Em suma, o período, curto e sólido, deve ter como anima sempre o substantivo. Um verbo forte, significativo, deve ligar-se a ele. Complementos, os indispensáveis. Advérbios e preposições, somente os absolutamente necessários. A boa escrita é como a marcha vitoriosa de uma legião romana. E em tudo e por tudo deve pautar-se o bom escritor pelo Classicismo. A mais segura e nobre lição para bem redigir.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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