Para muitos devotos a vivência religiosa começa logo na Quarta-feira de Cinzas, período em que tem início a Quaresma, quando a igreja convida as pessoas a uma aproximação maior com Jesus Cristo, durante quarenta dias. A tradição é intensificada durante a Semana Santa, a partir do Domingo de Ramos, e se estende até amanhã, Domingo de Páscoa, da Ressurreição. Nesse período é relembrada a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
A aposentada Gláucia Barbosa, que completou 66 anos na última quinta-feira, 28, relembra que desde a infância ela e seus irmãos receberam da mãe, dona Chaguinha, uma educação cristã seguindo as tradições católicas. Ainda hoje, vivencia a experiência que é reavivada neste período. “Eu nasci num Domingo de Ramos, meu aniversário sempre coincide com o período da Semana Santa, que para mim é a mais Santa de todas”, disse.
“Eu sigo desde criança. Tudo isso foi aprendido no colo da minha mãe, uma mulher da roça, da Gameleira. Depois a gente veio morar na cidade, para que seus filhos, cinco mulheres e um homem, pudessem estudar e viver essa vida sacramental. Nós sempre fomos participantes de toda liturgia da Semana Santa. Começando bem antes, na Quarta-feira de Cinzas. Todo esse momento é importante para mim, uma programação bem especial e viva”, declarou Gláucia Barbosa.
Para a devota esse momento é de muita reflexão. “A vida na igreja é para servir, para atender, desde o bispo ao padre, a todos nós. A gente percebe que não existe amor maior que Jesus Cristo fez. Deu sua vida na cruz, sem que a gente merecesse esse amor. As chagas de nosso Senhor Jesus Cristo são redentoras”, ressaltou.
Jejum, caridade, penitência. “Não é só deixar de comer carne, mas fazer com que esse jejum chegue ao nosso irmão necessitado. Isso é viver e vivenciar esse período que não acaba no Domingo de Páscoa, mas temos que vivenciar isso a vida toda”, pontuou, bastante alegre e emocionada em poder viver esses momentos.
Para a aposentada Núbia Vieira, esse período é de expectativa e muita felicidade, pela Ressurreição de Jesus Cristo. Assim como muitos devotos, busca manter viva a tradição religiosa. “A gente devia buscar viver essa dor. Jesus Cristo deu sua vida por nós. Agradeço pelos ensinamentos religiosos. Sou grata demais a Jesus Cristo, pela saúde, pelo dom da vida. A gente também precisa viver essa penitência, sacrifício para que tenhamos uma vida plena e eterna”, comentou a devota.
Mudança de hábitos
Segundo devotos, há mudanças nos costumes desse período religioso, já que antes muitas pessoas seguiam tudo muito à risca. “Eu lembro que até as conversas eram mais baixas, tinha mais respeito a essa tradição, aquelas pessoas mais religiosas, por exemplo, na Quarta-feira, não tomavam banho, não limpavam a casa, festa tinha a de malhação de Judas, no Sábado de Aleluia, uma festa mais tranquila. Minha avó, minha mãe, elas cobriam as imagens de santos, os quadros com panos roxo, como as igrejas faziam, mas a gente não vê mais isso nem em algumas igrejas, isso representa sentido de luto. O jejum também era feito com respeito, fora que a gente dava e ganhava esmolas, era período de fartura: queijo, feijão-verde, peixe. Tinha essa troca de alimentos”, relembrou o agricultor Francisco Fernandes.
Programação
Neste sábado, 30, momento é de Vigília. De acordo com o padre José Wallace, pároco da Catedral de São José, o convite é para um encontro pessoal com Deus, para vivenciar o amor e caridade, momento de recolhimento. Na programação da Catedral, nesse sábado de Vigília Pascal, é esperada a ressurreição de Jesus Cristo, no domingo de Páscoa.
Quinta-feira, 28, o bispo diocesano dom Geraldo Freire presidiu a Missa do Crisma, com a Bênção dos Santos Óleos, e à noite foi celebrada a Missa da Ceia do Senhor e Lava-pés, seguida de Adoração ao Santíssimo. Neste sábado, tem a celebração solene da Vigília Pascal às 19h. Amanhã, domingo, Celebração da Ressurreição, com a coleta de alimentos para o seminário, com missas às 6h, 8h, 10h e 18h.
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