Devotos vivenciam a tradição religiosa da Semana Santa

16/04/2022

Neste período quando cristãos são convidados a vivenciar a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, a aposenta Antônia Leide Ferreira, 74, relembra a infância de uma educação cristã focada no respeito, fé e seguindo as tradições católicas.

“Ainda hoje eu passo a vivenciar a partir da quarta-feira de Cinzas, passo por toda a Quaresma seguindo as tradições até nesse período em que chega a espera pelo Nascimento de Jesus Cristo. Aprendi com meus pais, que eram católicos, apostólicos e praticantes”, disse a aposentada durante uma passada pela igreja matriz de Senhora Santana, no centro de Iguatu. Eu me sinto bem estando aqui. É uma felicidade, uma paz de espírito. Eu sinto pena de tudo que Jesus Cristo passou por nós. Eu busco viver essa dor. Sou grata demais a meus pais que me ensinaram a vivenciar isso e respeitar e amar a Deus”, complementou, enquanto olhava de perto a imagem de Senhor Morto, coberta por um tecido roxo, que fica na entrada principalmente do templo religioso. “Eu estava com falta de vivenciar isso, a igreja aberta, de participar das missas, da procissão. Graças a Deus, este ano vou participar. É uma penitência que gosto de fazer. Aprendi com meus pais. Para mim, tudo isso é especial. A palavra de Deus é viva, mas a gente não quer compreender. Pensa que tudo é festa, nesse mundão. A gente precisa ser penitente. Viver também como Jesus viveu”, ponderou.

Antônia Leide recorda que ainda na infância havia muitas pessoas que seguiam tudo muito à risca, não se ligava rádio, as conversas eram sempre mais baixo, evitavam fazer qualquer tipo de limpeza nas casas, até mesmo alguns sequer tomavam banho na quarta-feira dentro da Semana Santa. “A minha mãe cobria as imagens de santos, quadros com panos roxos, que é sentido de luto. O jejum também todos faziam”, relembrou a aposentada que ainda mantém vivos esses hábitos pela lembrança da morte de Jesus Cristo.

Tempo de conversão

Todas as terças e sextas-feiras, o funcionário público Alderilo Braga mantém a tradição de vivenciar a Via Sacra. Ele reza e medita em todas as estações. Um momento de encontro profundo com Deus. Entre uma estação e outra contemplando a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, vivenciados ainda com mais fervor neste período, para os cristãos. “A Semana Santa é o tempo de conversão. E o que isso representa? Mudança de vida. Mudar do pecado para vivência de fé. Uma vez uma pessoa disse para mim ‘que não basta só ter fé, tem que viver, no dia a dia’. Ninguém é perfeito. Mas ao dormir, levantar, a gente tem que viver essa fé, para conseguir as graças d’Ele. Não podemos só ficar de braços abertos esperando o milagre. Assim, não vem. Tem que viver, ainda mais diante das circunstâncias do mundo de hoje, da incredulidade. A humanidade de hoje não quer saber das coisas de Deus. Por isso eu digo: vivam a fé, principalmente nesse tempo de Semana Santa, quaresma, viver, mudar de vida. Para que Deus nos abençoe, assim seja!”, ressaltou.

Alderilo afirma que passou a manter essa devoção a Jesus Cristo fazendo a Via Sacra. “Eu faço a Via Sacra às terças e sextas-feiras. Quando não faço aqui na matriz, faço na igreja de Nossa Senhora das Graças, na Cohab. Jesus pediu a Santa Faustina que rezasse toda terça-feira e sexta-feira a Via Sacra, com amor, fé e devoção. A cruz ali não é fraqueza, fracasso, é salvação. A gente tem que retribuir de uma forma a Deus o que ele fez por nós. Viver a fé. Muita gente diz: tenho Fé em Deus. Ter fé da boca para fora é fácil. Temos que viver essa fé no dia a dia, acima de tudo com simplicidade e humildade. Assim Ele nos ensinou. Pregou e viveu o que pregou”, disse, dando uma pausa nas orações para falar com muito entusiasmo da fé que sente em Jesus Cristo. “Ninguém é perfeito. Mas procuro fazer minha parte. No mundo de hoje, a humanidade só quer pecar, lamentar, não quer agradar a Deus. Como é que as graças vêm? Não vêm. Deus é amor, caridade, bondade, mas também é justiça”, disse.

 

Vigília Pascal

Para o padre Yukio Vieira, pároco da Matriz de Senhora Santana, muitas pessoas aproveitam esse período para viajar, do momento um ‘feriadão’, porém o convite é justamente para um encontro pessoal com Deus, vivenciar o amor e caridade, um momento de recolhimento. Tradições essas que atualmente passaram a ser um caráter mais cultural, festivo do que religioso.

Dentro da programação da igreja católica, neste sábado é vivenciada a Vigília Pascal, à espera da ressurreição de Jesus Cristo, no chamado domingo de Páscoa.

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