Dia de campo mostra experiência exitosa com trigo em Iguatu

12/08/2023

Mais uma vez a cultura do trigo em uma área experimental foi apresentada com resultados em um dia de campo. O evento aconteceu na terça-feira, 8, na unidade do Instituto Federal de Ciências e Educação – IFCE Campus Cajazeiras, nesta cidade, com a participação de estudantes da unidade, representantes de órgãos e entidades ligadas ao setor agrícola de Iguatu e do governo do Estado. O objetivo foi apresentar os resultados do desenvolvimento do experimento sobre a cultura desenvolvido pela unidade federal de ensino, tendo à frente o doutor em fitotecnia professor Bráulio Gomes. O experimento foi realizado simultaneamente com a Universidade Federal de Lavras – UFLA, de Minas Gerais, em parceria também com a EMBRAPA Trigo.

Antes da visita à área experimental aconteceu palestra híbrida (online e presencial) com a participação de pesquisadores, entre esses especialistas em trigo que debateram o potencial da cultura no Brasil, Nordeste (MATOPIBA) e Ceará. Além do professor Bráulio Gomes, Dr. Jorge Henrique Chagas, doutorado em Agronomia/Fitotecnia, vinculado à Embrapa Trigo; Dr. Fábio Aurélio Dias Martins, doutorado em Agronomia e Fitotecnia pela UFLA e pesquisador na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG Sul -MG; Dr. José Maria Vilela Pádua, professor adjunto de Trigo e Cereais na UFLA-MG; Pedro Henrique Gomes Bezerra, mestrando em Agronomia com foco em Produção de Sementes, bolsista na EPAMIG e UFLA-MG, e presidente do PRO-TRIGO-UFLA, interagiram durante o momento de apresentação e trocas de experiências.

No campo foram apresentadas cultivares da pesquisa, sistemas de cultivo e informações sobre o desenvolvimento ecofisiológico do trigo. De acordo com o que foi apresentado pelo professor Bráulio Gomes são 8 cultivares diferentes plantadas. O Brasil consome mais de 16 milhões de toneladas e compra muito trigo de fora porque não tem autossuficiência, mas está crescendo a cultura. Questões climáticas, solo, uma cultura que é viável para região tropical. “As cultivares BRS foram as que mais apresentaram bons desenvolvimentos”. Foram plantadas oito variedades das cultivares Brilhante, BRS 404, BRS 394, BRS 264, BRS 254, ORS 1403, ORS FEROZ E TBIO DUQUE) doadas pela Embrapa Trigo e Universidade Federal de Lavras – UFLA/Minas Gerais.

 

Resistência e precocidade

“A semente produzida aqui fez sucesso em Minas Gerais, porque na UFLA tem o mesmo experimento. E comparando os resultados, as sementes desenvolvidas aqui levadas para lá apareceram muito precoces, mais resistentes. Nós conseguimos aqui com o ciclo da cultura reduzir em 30, 40 dias e a produtividade muito alta, acima de 3 mil quilos, acima da média nacional, sendo que nos solos em que fizemos os experimentos ainda não são o ideal, mas temos solos muito bons aqui na região. Mas os resultados estão surpreendendo”, comentou o professor Bráulio Gomes.

Para Pedro Henrique Gomes, a iniciativa vem mostrando resultados positivos visto que o trigo desenvolvido em Iguatu tem apresentado precocidade no desenvolvimento, resistência e produtividade, pois por aqui o desenvolvimento da planta chega a 70, 80 dias, enquanto em regiões produtoras na região Sul do país passa dos 130 dias. Outro fator importante é que a cultura pode ser implementada na produção da agricultura familiar. “O Ceará está caminhando nesse processo do trigo. O estado tem tradição no beneficiamento do trigo porque temos aqui grandes indústrias, de grande importância no cenário nacional que possui o segundo maior complexo de beneficiamento do trigo no Brasil, é o segundo maior estado importador de trigo do país. Essa cultura mais de 90% é produzida na região Sul e agora estamos fazendo esses experimentos em regiões mais tropicalizadas. É uma boa cultura para a segurança alimentar. Aqui no Ceará o ciclo de produção foi reduzido para média de 75 dias, com uma produtividade bem acima da média nacional”, ponderou Pedro Henrique.

Papel da ciência

Durante a visita ao campo, os participantes destacaram a visão de conhecer e acompanhar o experimento. “Essa iniciativa é um desafio enorme, porque muitos dizem que o trigo não dá no Nordeste, e através desses resultados apresentados com dias menos curtos e qualidade melhor que outras regiões do Brasil. É importante essas parcerias, porque têm fator econômico. A ciência é muito importante para que tenhamos bons resultados apresentados como esses. A interiorização da educação com investimentos em pesquisas é importante para descobrimos muitos projetos que às vezes está ali adormecido, que com certeza vão brotar”, disse Márcio Peixoto, coordenador técnico da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará.

“Acho que é possível a implementação do trigo no Nordeste. Hoje temos uva, soja sendo até mesmo produzida em nossa região. E o trigo vem dando bons exemplos. Estamos à disposição através da secretaria, para ampliar essas experiências até mesmo com nossos produtores do município. Além de ser um alimento, gera uma perspectiva de renda muito boa”, destacou Venâncio Vieira, secretário do Desenvolvimento Agrário de Iguatu.

De acordo com o professor Francisco Heber, diretor do IFCE, a experiência faz parte das ações educacionais da instituição de ensino instigando estudos e pesquisas dentro do campus, envolvendo a classe estudantil, professores abrindo também a instituição para a comunidade. “Momento importante que serve também para divulgar o papel da instituição que surgiu como uma escola agrícola. Como também provando o papel da ciência, como a ciência quebrar tabus. Nós somos uma região que ao longo do tempo desfavorecida no ponto de vista da questão climática, mas a gente mostra a importância desses equipamentos no fomento às novas pesquisas e fazer com que essas pesquisas possam se tornar em algo concreto buscando melhorias para sociedade e consequentemente para o Estado”, ressaltou.

 

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