A loja fica na Avenida Agenor Araújo, importante corredor no centro comercial de Iguatu. É nesse endereço que encontramos dona Zulmira Correia Lima, 84, completados na terça-feira, 16. Como sempre cercada do carinho da família e dos funcionários, que também são considerados da família.
Dona Zulmira faz parte da história do empreendedorismo iguatuense, principalmente feminino, quando montou a primeira boutique da cidade. Mas a história dela começou quando ainda vendia confecções em casa e de porta em porta. “Eu comecei vendendo em casa, depois passei a colocar as coisinhas na sacola e saía de porta em porta. Aí arranjei muitos clientes, depois montei a primeira loja e hoje estou ainda aqui. Graças a Deus”, relembra.
Sempre movida por desafios, dona Zulmira investiu ainda mais no segmento. Há 56 anos desde quando abriu a primeira loja, um sonho realizado, ainda hoje continua na atividade. “Quando eu vim para o comércio, eram bem pouquinhas as peças. Hoje é peça em baixo, em cima. Tem de tudo um pouco, graças a Deus”.
A loja que recebeu o nome dela tem letreiro estampado na fachada da grande loja, em frente ao Mercado Central. Com ajuda dos filhos e apoio dos funcionários, a maioria mulheres, dona Zulmira é quem administra o negócio. Faz questão de ajudar na organização das peças, receber os clientes, muitos deles amigos, ainda desde o tempo de sacoleira, além das novas gerações de consumidores que compram na empresa. Empreendedora que é, nem de longe pensa em aposentadoria. Todavia, a pandemia atrapalhou o bom andamento dos negócios. “Eu fiquei em casa, a loja fechada, senti muita falta das feiras, dos eventos de moda. Mas com essa reabertura da economia, espero que a situação melhore. Com mais de 80 anos, eu nunca esperei vivenciar um negócio desses. Eu sentia uma falta tão grande disso aqui. Às vezes eu vinha, parava o carro na porta, vinha só olhar”, disse. Agora imunizada contra a Covid, voltou a frequentar a loja. Fica mais no período da manhã.
Por meio de muito trabalho, a empresária ao lado do esposo Zé Nogueira, já falecido, é quem sustenta a família. Para filhos e funcionários, dona Zulmira sempre demonstrou muita disposição. Eles aproveitam e tiram proveito de todos os ensinamentos de vida e negócios que ela repassa. “Sou muito grata por estar aqui na empresa. Aqui é uma família e se Deus quiser vamos continuar”, disse Djanira Oliveira, vendedora. “O pouco que eu sei eu aprendi com ela. Eu quero sempre tê-la com saúde. Ela recentemente completou 84 anos e, confiando em Deus, ela vai continuar aqui com a gente, sendo esse exemplo de mulher de negócios”, declarou a filha Flávia Lima, que também trabalha na loja.
Saiba mais
O Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino é comemorado no dia 19 de novembro. Tem o objetivo de evidenciar e valorizar as mulheres como protagonistas no campo empresarial. De acordo com dados do Sebrae, o número de empresárias atuando no mercado já corresponde a 9,3 milhões, o que equivale a 34% do mercado geral. Uma pesquisa feita pelo Sebrae com a Fundação Getúlio Vargas mostra que durante a pandemia, a atuação de mulheres no mercado cresceu mais ainda. Os dados mostram que 71% das mulheres usaram dinheiro próprio para inovar seus negócios durante a crise. Em contrapartida, somente 63% dos homens disseram ter investido em mudanças nesse sentido.
Está na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal uma proposta para incentivar o empreendedorismo feminino no Brasil, que contará com 10% dos recursos do BNDES.
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