Dra. Larissa de Araújo Batista Suárez Administradora e Professora da FASC e FASP

12/09/2020

Em tempos de pandemia do coronavírus, o jornal A Praça traz nesta edição entrevista exclusiva com a professora universitária Larissa de Araújo Batista Suárez, por ocasião do dia do Administrador, comemorado na quarta-feira, 09. Ela fala da importância do trabalho do Administrador, não somente no setor privado, mas também no setor público.

A Praça – Por que a senhora optou pela carreira como Administradora? Algo em particular nesta área que tenha lhe chamado a atenção?

Larissa Suárez – A Administração representa toda a minha vida. Entrei no curso de Administração na Universidade Estadual da Paraíba – UEPB no ano de 2006, hoje comemoro 14 anos da minha melhor tomada de decisão. No decorrer de minha formação me identifiquei com as áreas de Gestão de Pessoas e Marketing, me engajei em projetos que envolviam a qualidade de vida nas organizações e relacionamento com o consumidor. Iniciei a área acadêmica com pesquisas sobre Tecnologia da Informação, Gestão em Saúde e Saúde Mental. Aos poucos, compreendi que meu real sentindo dentro da Administração era trabalhar com pessoas, compreender suas demandas, suas potencialidades e fragilidades, para promover aperfeiçoamento. Há 8 anos estou na docência, com destaque para a experiência de 2 anos na coordenação de pessoas diante dos processos organizacionais educacionais. Optei por me qualificar para potencializar o maior “bem” de qualquer empresa, o capital intelectual do ser humano! Tenho convicção que o pré-requisito para o sucesso organizacional é possuir colaboradores capazes, satisfeitos e motivados.

A Praça – A comemoração da data foi na quarta-feira. Desde quando foi estabelecido o dia 09 de setembro como Dia do Administrador?

Larissa Suárez – Exato, dia 09 de setembro é o dia em que a área de Administração teve sua profissão regulamentada aqui no Brasil no ano de 1965, através da Lei nº 4.769.

A Praça – Qual a importância da presença do Administrador nas empresas e principalmente instituições de educação, neste período de pandemia?

Larissa Suárez – Uma das principais valências de um administrador se encontra no processo de tomada de decisão em qualquer organização, e no meio educacional a coisa não é diferente. Particularmente considerando este período de pandemia, é indispensável a figura do Administrador como elemento central no redesenho de processos e na escolha de ferramentas capazes de serem difundidas em toda a instituição de ensino de modo que os padrões de qualidade do processo de ensino aprendizagem sejam mantidos. De fato, é um grande desafio!

A Praça – Quais são as atribuições de um Administrador (a)?

Larissa Suárez – Independente do campo de atuação, o Administrador deve ter como base de suas atribuições o Planejamento, a Organização, a Direção e o Controle, o famoso “PODC”. O Planejamento envolve previsões de condições futuras, definição de objetivos e estruturação metodológica para alcançar esses objetivos através de pequenas metas.  A Organização é focada nas atividades a serem desempenhadas pelos colaboradores, estruturado através do recrutamento e do desenvolvimento das equipes. A Direção, por sua vez, representa o sentido de liderar, para alcançar objetivos e resultados significativos através da coordenação de esforços e do trabalho em equipe. O papel de Controle é garantir que o “Plano A” ocorra da forma que foi planejado, e caso isso não ocorra, ter sempre um “Plano B” eficaz para sua execução, através do estabelecimento de padrões de desempenho, da análise das evoluções e da adoção de práticas corretivas.  

A Praça – Dá para imaginar as gestões nas empresas e nas instituições sem o Administrador? Seria o caos?

Larissa Suárez – Consideramos o Administrador a peça crucial da engrenagem que rege o desenvolvimento ordenado do Brasil. Caso contrário, realmente teríamos um cenário de incertezas, que poderia, inevitavelmente, implicar em um cenário caótico tanto para as organizações quanto para os governos. Isso certamente abalaria as estruturas políticas, econômicas e sociais do contexto em que estamos inseridos, tanto em nível nacional quanto em nível global.

A Praça – A profissão de Administrador já está devidamente regularizada ou depende de legislação?

Larissa Suárez – Sim, desde 1965. Foi deste ano em diante que todos os profissionais da Administração tiveram a garantia de direitos de uma profissão regulamentada. Dia 09 do corrido mês comemoramos 55 anos dessa linda história.

A Praça – Dá para perceber se a procura pela área tem aumentado nos últimos dez anos ou continua no mesmo patamar?

Larissa Suárez – O curso de Administração é um dos 3 cursos que mais possuem acadêmicos em nosso país. Inclusive com as novas diretrizes curriculares recentemente aprovadas pelo MEC, a Administração passa a contemplar em sua matriz aspectos como inteligência de dados, as suas conexões para a administração dos negócios baseados em tecnologia da informação, carreira em nuvem – focada em agilidade, inovação e na integração de equipes que trabalham remotamente. Definitivamente essas diretrizes elevam o perfil do egresso e o posicionam com muito destaque em um novo mercado em que já estamos inseridos e que ganha cada vez mais força diante das dificuldades que estamos enfrentando.

A Praça – Qual deve ser o perfil do Administrador num mundo pós-pandemia? As mudanças geradas a partir da crise sanitária vão exigir também mudança de postura e técnica dos profissionais da Administração?

Larissa Suárez – O Administrador é o profissional medular na reorganização social e na retomada econômica do país. Definitivamente a sociedade mudou, a estratégia de gestão sofre adaptações e essa mudança precisa ser repensada pelos gestores. O profissional do futuro não será mais forjado exclusivamente em livros de gestão Este perfil profissional não existe mais! Este profissional precisou adaptar-se com urgência ao presente, sempre focado em tomar decisões assertivas mesmo não dispondo de todos os elementos que ele gostaria. Este novo profissional deve utilizar tecnologias da informação, deve atuar com o teletrabalho para que possa ser inserido em uma economia criativa (dotada de capital intelectual, de cultura e, acima de tudo, de muita criatividade). Em seu DNA será clara a marca da resiliência, quer seja atuando in loco ou diante de um cenário de confinamento digital. A Administração é, de fato, a base para a recuperação dos negócios não apenas em nosso país, mas em cada segmento econômico do mundo.

A Praça – Quais as diferenças de perfis entre administradores públicos e privados? Ou há mais semelhanças do que diferenças?

Larissa Suárez –  Tanto a Administração Pública quanto a Administração Privada possuem bases bastante semelhantes, no entanto, elas possuem características próprias. A Administração Pública atua em prol do desenvolvimento de instituições governamentais, a base de sua constituição está regulamentada na constituição federal, fundamentada em políticas governamentais, suas práticas são fundamentadas em orçamentos instituídos pelo governo federal e estadual. As práticas de um Administrador Público são fundamentadas em uma gestão por resultados, focado em redução de gastos e tomadas de decisões que melhor empreguem o recurso público. Cabe, então, às políticas públicas nortearem essas tomadas de decisões. Já a Administração Privada direciona suas forças para o desenvolvimento de práticas rentáveis, de estratégias para a conquista e para a manutenção de clientes, para o constante treinamento dos seus colaboradores e para a inovação de produtos e de serviços. É importante ressaltar que esse tipo de Administração sofre influência política, econômica e social. Trata-se, então, de práticas fundamentadas primordialmente na gestão estratégica, no marketing digital, no relacionamento interpessoal, na produção e na logística.

Perfil

Larissa de Araújo Batista Suárez

Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, Doutoranda em Psicologia Clínica também pela UNICAP; coordenadora o curso de Bacharelado em Administração na FASP – Faculdade São Francisco da Paraíba, onde também ministra as disciplinas de Teoria Geral da Administração I; leciona Psicologia Organizacional no curso de Administração da FASC – Faculdade São Francisco do Ceará; atuou na Faculdade Vale do Pajeú – FVP, como docente nas disciplinas Psicologia Organizacional nos cursos de Bacharelado em Administração e Bacharelado em Ciências Contábeis. Tem experiência nas áreas de Administração Pública e Privada, Políticas Públicas, Saúde Mental, Psicologia e Educação.

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