E AÍ, VOLTEI A IGUATU – OSSIAN NOGUEIRA NA TRANSVERSAL DO TEMPO

17/07/2021

E AÍ, VOLTEI A IGUATU

    E aí volte a Igutu, o Igutu d onte, porém, com um certo receio de ser um sonho. Devagarzinho adentro a Praça da Matriz, e lá a banda de música de Celso Damião, de Luiz Colorau, de Antonio Preto, ataca com uns dobrados acordando toda a cidade, é a alvorada, Antonio Preto com os seus pratos reluzentes, lá atrás, dá as cifras finais a música e ainda por cima é dublê de bandeirinha, sozinho corre os quatro cantos do campo da AACI, eram os festejos de Sra. Santana, a praça toda enfeitada, Partido Azul e Partido Encarnado, numa disputa majestosa. Leilão sendo gritado ora por Zé Dias ora por Antonio Cavalcante, e bolos e galinhas sendo arrematados por Seu Severino Sá, era certeza de preço alto.A cidade toda parece estar reunida ali no Quadro. Desço pela praça em frente a casa do Dr. Montenegro e logo logo chego a Quadra Agenor Araujo, partidas de futebol de salão em plena efervescências, apostas de Chico Aleijado e Adauto Rolim, em campo os times da Coesa, AABB, BNB Clube, A.R. Alencar, Armazém do Povo, jogadores do mais alto gabarito futebolístico, a se destacar Macambira, no gol, Zé Armando, sempre receoso do chute poderoso do Zé Alberto (Barrão), Galba, Raimundinho, Valdo Rolim, Zé Antonio, Dodó de Seu Edmilson, Valtênio, calçado com o seu fanabor a dar chute certeiro para a meta do goleiro adversário, Zé Lobo, que craque !, O time da ESP, formado pelos funcionários da Empresa, destaques para Jorge, Gilberto e Pelezinho, este, trazido para jogar pelo Calouros do Ar, em Fortaleza. Seu Dias, com suas pernas tortas a la Garrincha, a tomar dribles dos atacantes mais habilidosos, mas sem perder a dignidade nunca. Os jogos terminam, as luzes apagam e lá vou eu pela Rua Jose de Alencar, em busca do Bugi, em minha companhia estão Ivo Alencar de Freitas, Iratã, Titico, Antonio Carlos, Lucio Flavio, Valder Lima Verde, Ismael Jr., Zé de Seu Afonso, Silveira, Braga Bastos, Abílio, Ivan Baru, quando chegamos o rio parece está de braços abertos para nos abraçar, aceitamos o seu abraço, e sobre as águas, com braçadas trôpegas, deslizamos ao sol, e sob elas, travamos as disputas de mergulho mais ferrenhas, sardinhas dançam nos vai-e-vens das águas, anzóis entram em ação e o tira gosto está garantido para a cachaça Pitu, na bodega do Chico Vedóia, a radiola ABC, a voz de ouro desfila grandes músicas, ora na voz de Waldick Soriano, ora na voz de Nelson Gonçalves, despeço-me da turma, e vou à casa do Seu Aluizio Filgueiras e Dona Alcides, almoço com eles relembramos o meu amigo-irmão Aluizio Filho, ido tão cedo, saio e volto à Praça da Matriz, já é tardinha a festa de há muito terminou, mas do outro lado da Igreja, no Posto do Adalbir Alencar, lá estão Giovanni, Miguel Coelho, Claudio Lima Verde, Chico Nogueira, ouço o Giovanni contar os causos pitorescos dos nossos conterrâneos, Claudio, torcendo pelo Flamengo, por ele a seleção Brasileira seria do goleiro ao ponta esquerda do time da Gávea, Chico Nogueira contando a sua operação de vesícula, transformada em capítulos daria uma boa novela, tomo uma cerveja, no Gula gula, com o Tio Roseli Leal, deixo um abraço a todos e desço em busca da praça da Estação, porém, quando chego na pista, a VPI dá a sua mensagem musical, páro e lá vem o reclame da Sapataria Nobre, Camisaria São Francisco, Usina São José, com o seu sabão lava roupa, Gomercio, na voz de Odair Viana e Maria Hosana, apresso o passo e logo chego a Praça Cel. Belisário, O Cine Alvorada apresenta em Cinemascope o filme E o Vento Levou, e do outro lado, o Cine São José nos trás Marcelino Pão e Vinho. Num canto da praça, Seu Dezinho, com sua carroça de algodão doce, a enrolar num palito um pedaço de nuvem colorida

.Epa ! o tempo corre, dou uma passada no Cicim dos pasteis, tiro uma prosa e lá vou em direção ao Líder Café, quando ouço alguém chamar-me, é o Chula, já bem sentado no Café do Seu Pedrinho, a saborear farofa com banana, conversa vai conversa vem e Seu Pedrinho a perguntar por papai, por vovô e eu digo; todos se foram, hoje é só saudade, levanto – me e vou ao Bar Mandacaru, lá dentro sentado com o Silveira e o Zé Enio, está Chico Julio, a mesa já farta de garrafas vazias, declamo uns versos, todos riem, abraço o Luiz Océlio, pergunto pelo Edilson, – hoje mora em Fortaleza.Saio do Mandacaru e passo no Vagão do Valdetário Sudário, e numa mesa batendo um papo, estão; Edmundo dos bilhetes, Tadeu Bitu, Raimundo dos Seguros, Luciano Bolinha, falo pro Tadeu que o seu Vasco da Gama foi campeão da Série B, ele se empolga e canta o hino do time cruzmaltino. Em outra mesa, animada como sempre, Seu Morais, Valter Santana, Zuilton Maia, Waldir Moreno, é festa só, mas antes que anoiteça eu ainda tenho que passar no estabelecimento comercial do meu primo e amigo Newton Assumpção,onde o slogan é ; “Depois do sol quem melhor ilumina é a Casa São José”. Já é noite, ouço os boleros na voz de Nat King Cole, é no Clube Caça e Pesca, dou um boa noite ao Seu Cícero e entro, no salão, Valmir Moreno e Maria Gleide rodopiam aos olhares ébrios dos associados, vou a discoteca dou um abraço no Sarita, e solicito Blue Gardênia, sou atendido, volto ao salão e danço a noite toda.
O sino tange, é a chamada da missa, corro até a Matriz dou um abraço no Seu Raimundo Sacristão, e pergunto; quem será o celebrante da missa das 8 h Monsenhor Couto ou Padre Geraldo ?, – Padre Geraldo, vem a resposta, ainda bem, é certeza de missa curta, e eu ainda tenho que passar na casa de alguns amigos.

“A fogueira está queimando em homenagem a São João”…é nossa festa, festa do matuto, do milho assado, das fogueiras, é festa de São João e eu atraído pela música vou tal qual um Ulisses que foi atraído pelo canto das sereias , paro, e aos meus botões digo; é no Colégio São José, lá dentro Antonio Assunpção grita aos participantes ; Anarriê ! anavantur! Viva São João !, e a moçada toda; Viva !!! Na saída tomo a benção ao Monsenhor Alves, e vou em busca da casa de Luiz Perpétua, padeiro antigo, no Largo da Lagoa da Telha, por tradição, sempre no mês de Junho Seu Luiz finca um enorme pau, ensaboa-o e no seu ápice põe uma nota graúda de cruzeiro, e aquele participante que conseguir agarra-la é o dono, a platéia torce, incentiva e um a um os concorrentes vão desistindo, no céu, os balões coloridos, confeccionados por Paulinho sobem, e vão diminuindo pouco a pouco até desaparecerem na imensidão azul do céu.

É domingo, na minha casa é um reboliço só, mamãe prepara a cadeira, o guarda chuva, e toca a esperar por Maria Grauben, se o Rio de Janeiro tem Maracanã aos domingos, no Iguatu, domingo é dia de AACI, e lá vamos nós, hoje é dia de clássico, Iguatu pega pelo Intermunicipal a seleção do Icó, pobre time da terra do Louro, não sabe ele que nós temos; Alcir, Cangalha, Pompilho, Chagas Bolinho, Fuso, Grilo, Lourinho, Pau de Lenha, Itamar, Negro Chico, Babá. Cimar, Aloísio Meloso, Dalmir, Waldir, Fantico é vitória na certa, é só correr pro abraço.
É Dezembro, mês do nascimento de Cristo, mês das confraternizações, abraço aos que me são caros, mas tenho que ir a casa da Dona Judite, ver sua lapinha, tudo perfeito, os animais nos seus lugares, os Reis Magos; Belquior, Baltazar e Gaspar, nunca soube os nomes dos três, sempre me faltava um, e sempre um ponto perdido na prova de religião, o menino Deus na sua Manjedoura, tão casto, tão puro, que parecia real.

A noite, dizem todos os gatos são pardos, dou uma passada no posto do Procópio, alugo o carro do Bigafal e lá vou eu fazer uma “tour” pelos cabarés da cidade : Chão de Estrelas, capitaneado pela Maria Alves, Boite Night and Day, sob a batuta da Dona Ana, Maria Lopes com o seu “plantel” vindo de outras plagas, as vesperais da Dona Nilza, e para as nossas iniciações, Maria Galinha, e a mestra com PhD e tudo, Eronita, aí não tinha jeito, doença venérea na certa, a salvação estava ali no Tabuleiro ; Chico Enfermeiro, com sua mão de fada aplicava Benzetacil 1.200.000 e já estávamos pronto para outra.Venho pela Rua das Flores e encontro Mela Mela, e grito: Melinha não pode, e ele responde; posso sim filho da puta e deixo-o a procurar quem o insultou, quando menos espero já estou na Rua do Cisco e dou de caras com o Zeca Peidão, novo insulto, nova fugida, agora estou na Rua dos Inocentes, e com os bolsos cheios de fantasias lá vem Nenen Meu Bem, e eu de longe, escondido, pergunto; Nenen Meu bem quebre um caroço de milho nos dentes ? Novo aperreio, novo choro, sigo em frente já estou na Rua da Caixa D’agua e lá vem Serra Pau, abençoado pelo deus Baco, este eu não aperreio, entro pela Rua da Palha, e correndo atrás do trem, Baú. E eu cá comigo eita terra prá ter doido, mas vou em frente, chego a Rua do Fogo e encontro não um, mais dois; Zé Pato e Antonio das Neves, junto-me a todos eles pois nada mais sou do que um visionário neste mundo

A música toca a todo vapor, é no CRI, será a festa do Algodão ?, Ou qual outra festa será ?, na portaria, Luis Porteiro, “solícito” como sempre permite a minha entrada, também pudera, sou sócio, e ao entrar logo dou de cara com o Meton Maia, ah ! é carnaval ! Meton Maia é o nosso eterno Rei Momo, as marchas ecoam, vejo o Luis Campos endiabrado, não pode ouvir Aurora, marcha carnavalesca de autoria de Mario Lago e Roberto Roberti , que logo se lembra da sua terra natal, Aurora, lá pelas bandas do Cariri e se escabela e pula movido pelo frenesi da música contagiante. Sento-me à mesa e peço uma dose ao Pompeu, garçon amigo, sempre excede no pedido com mais uma dose, e quando dizemos, Pompeu nós só pedimos duas doses, ele responde não tem nada, a casa recebe, e de uma só vez ingere a dose excedida, e com a bandeja na mão e o passo trôpego como de um Carlitos, lá vai ele a se perder no meio da multidão.

É Quarta Feira, a noite se avizinha, tomo meu banho, glostora no cabelo, pente flamengo no bolso, e vou para o Prado, é dia de novena, que me perdoe Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, mas eu vou paquerar, a capelinha cochila num recanto, enquanto majestosa a sua Igreja nova olha por nós.

Bugiganga, compro lá no Correinha, depois dou uma passada na Miscelânea, de Seu Aloísio Filgueiras e com o Mainha,comento os últimos lançamentos literários, compro um livro, saio, mas logo entro em Odilon Filgueiras, relembro as idas ao Avaré, sítio pertencente ao meu avô Alfredo Nogueira. Não esqueço de comprar, a pedido de minha mãe, a Revista Tarzan Nº 10 da EBAL, no Armarinho São Luis. De Dona Dulcinéia e Seu Fernando Barros. Os sapatos, de tanto andar, se gastaram, passo no Jessé e peço que botem uma meia sola. Vou pela Rua Santos Dumont, entro na sinuca do Didi, e chamo para jogar de dupla, eu e Deusdeth Jacaré contra Bartolomeu Jucá e Geraldo, jogamos algumas partidas, tomando rabo de galo, tirando gosto com laranja.

Dou uma passada no Hospital de Santo Antonio dos Pobres, falo com Dr. Gouveia sobre a vinda do professor Alcântara Nogueira, depois desço pelo Alto do Jucá, e na Praça Getulio Vargas, ouço as mensagens da SAP, num oferecimento da Farmácia Lima Verde , Lojas Bethel, emitidas pelos locutores Artur de Carvalho, Eduardo Fiúza e Manoelito Lobo

Vou ao La Barranca, que ninguém é de ferro, tomo umas cervejas com Didi Couras, Chico Aleijado, Jader Mendonça, Chico José, Flávio, filho do meu primo, Alexandrino, de cima olho para a ponte Ferroviária, o inverno é forte, o Jaguaribe chega a casa dos 32 pés, os mais afoitos pulam de cima das longarinas, , e num balé frenético os corpos abraçam o rio, sob os aplausos delirantes de uma platéia entusiasta.

O dia amanhece, e ouço papai reclamando, você vai chegar atrasado ao colégio, rapidamente preparo-me e parto rumo ao Colégio Adahil Barreto, como sempre chego em cima da hora , ou no pior das hipóteses quando o sino acaba de badalar, é aula do Macedo, professor de inglês, durão, chegou atrasado, não entra, apelo para a veia poética e grito: Macedo eu dormi demais / por isso estou chegando agora / trago aqui um bilhetinho do meu pai / Ossian dormiu mais meia hora./ Oh! Macedo eu te peço / não o mande embora, sou recebido sem não antes receber as vaias do Airton Jr., Bruno Papaleo, Titico, Aluizio Filho, José Iris, Moraizinho, Luiz Fon Fon, Antonio Moreira, Darland, Bebeto, Antonio Airton, Tadeu Felipe, Flavio Nogueira, mas não perco a aula, o bedel entra em ação e o sino volta a trabalhar é aula de Matemática, Antonio Leite se apresenta, seguem-se outras aulas ; Neuma Cavalcante, Eneas Bandeira, Dr. Lindenor, Arlucio, Padre Geraldo, Jose Eurico Teixeira, vem o recreio, vou a casa do Dr. Raimundo e Dona Teonila, ouvimos música, com a Ana Maria, Miguel Felipe .A noite dou uma passada na casa do Sr. Sabino Antunes, a roda já está formada; Antonio Alcântara Nogueira, Dr. Abílio Coelho, Dr. Humberto Gouveia, José Curado, Luiz de Pinho, Edilmar Amaro, espero pelo café de Dona Aldenir e volto para o Exposição Hotel, dou um boa noite a Dona Mariquinha, Perigoso e Quinderé , vou para o meu quarto ligo o rádio na ZYH 24 Rádio Iracema de Iguatu, escuto o programa Parada de Ritmo, comandado pelo Antonio Cavalcante, logo a seguir,lá vem “abre a janela, vem ouvir o teu cantor “é o programa do Assis Galdino, o seresteiro Moreno, durmo. Pela manhã, antes de sair ainda escuto um pouco do programa Carrossel da Alegria, o Vasco com a sua irreverência nos trás momentos de descontração e alegria, e na parte técnica do programa, o nosso maestro Chibatinha.

Fim de ano, ano novo se aproxima, é hora de mandar fazer roupa nova, as calças mando fazer pelo Vareta, a camisa, pelo Dener Iguatuense; Adauto Bacalhau, ah ! ainda tenho de mandar confeccionar os cartões natalinos, dou uma passada na Tipografia Sra. Santana de Miguel Gonçalves, falo com a Carminha, é hora de mandar minhas mensagens de felicitações para os amigos.
É quinta feira, dou uma passada no bar do Edilson, e como sempre a turma do Banco do Brasil; Zezinho Ibiapina, Murilo Barreira, João Lima, Barreto, e o seu João Guedes, numa fanfarra só, vão até tarde da noite, não demoro muito, outras visitas me aguardam.

Os Jornais Tribuna de Iguatu, Telha de Vidro, De Fato, já estão nas ruas, procuro por Julio Gazeteiro, para adquirir os meus exemplares, o encontro em frente as Casas Pernambucanas, dou um alô pro seu Miguel Holanda, e adquiro os meus semanários, e feliz saio lendo as colunas de Julio Martins Braga, Wilson Lima Verde, Stilac Lima, Antonio Alcântara Nogueira, Padre Vieira, Dr. Moreira, estou bem informado. Algazarra na rua, pela primeira vez o soldado Cancão, detém uma pessoa, e a desfilar pela rua principal, mãos trêmulas a segurar a gola do infeliz detento, que ousou tomar umas bicadas a mais de aguardente, chega a “amada amante”comandada pelo Cabo Doca, e seguem com destino à cadeia pública, e de lá, a esperar pelo julgamento. Júri formado; Juiz Dr. Carlos Feitosa, Promotor de Justiça Dr. Bruno Maia, Advogados Dr. Nicanor Gomes de Araujo, Dr. Meton Vieira, e Dr. Quaresma – Absolvição, e lá volta ele a bebericar pelos botequins da periferia.
Na Praça Gonçalves de Carvalho, o Tiro de Guerra 207, sob o comando do Sargento Linardo, faz as suas manobras, e eu cá comigo ; Brasil já vai a guerra !Panelas novas, mamãe compra no Geraldo Preto, e lá vão elas enfeitar a nossa bateria num canto da cozinha, se furam e o furo é pequeno, solução à vista, Gervásio Flandeiro, certeza de serviço bem feito.

Como sempre faço, pela manhã dou uma caminhada pelas ruas do Iguatu, na feira, encontro a fazer propaganda, o Pedro Severo, o peixe poraquê a dar choques nos mais desavisados, e com uma lábia a la “Silvio Santos”.a vender as suas pomadas com serventia para todas as dores, para todos os males. Em frente ao seu estabelecimento, Seu Expedito dá as últimas instruções ao Brandão, para a propaganda da sua casa comercial, é chegada a hora das “operações Impactos” dos Armazéns Evolução. Entro no Gelaba, falo com o Zé Teixeira, e numa mesa sozinho Joaquim Severo a tomar sua cerveja, entre um cochilo e outro.Ia esquecendo do melhoral da mamãe, dou uma passada na Farmácia dos Pobres , e sentado com os seus suspensórios Juca Mendonça, absorto,a olhar na calçada o seu jipe 51. O rádio Transglobe 9 faixas, está com problemas, deixo no Edivar Brasil para conserto. Em frente, a mercearia do Jose Virgílio Sobrinho, faço umas compras e ponho na caderneta, pagamento só ao final do mês.

Mas, enfim tenho que voltar a Fortaleza, dirijo-me a estação Ferroviária, acompanhado pelo chapeado 22, o Sonho Azul, pomposo, deita-se sobre os trilhos, a espera dos seus passageiros, a sineta toca, o trem dá partida e segue rumo a cidade grande, e lá vou eu. o coração apertado, ouso olhar para trás, Iguatu está longe, quase desaparecendo, a velocidade vai aumentando, o céu é azul, algumas nuvens teimosas se confundem com a fumaça do trem. Deixo o meu passado, busco o meu futuro tão cheio de incertezas, certeza só a saudade que me embala no meu sono de recordações.

Alfredo Ossian Leal Nogueira

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