E as chuvas chegaram

24/04/2020

Antônio Pereira de Oliveira

Não me refiro ao filme estadunidense de 1939 dirigido por Clarence Brown e produzido por Darril F. Zanuk, estrelado por Tyrone Power e Myrna Loy, verdadeiro sucesso de bilheteria. Refiro-me às chuvas que, depois de l20 dias de estiagem, voltaram a cair em Brasília, devolvendo a alegria, a esperança à população desesperada pelo natural racionamento d’água e perspectiva de coisa pior.

Na madruga de 8 do corrente deste mês de novembro, temporais com ventos fortes de até 57 quilômetros por hora, desabram sobre a cidade, provocando alagamentos queda de arvoes e obstrução de vias públicas. O trovão estalou os céus e o relâmpago golpeou de alto a baixo, o ventre das nuvens prenhes d’água, fazendo jorrar um tremendo aguaceiro.

Esperamos que tenha chovido também, no lugar da represa de Santa Maria e nas cabeceiras do Rio Descoberto, que faz divisa de Goiás com o Distrito Federal, aumentando o nível das barragens que abastecem esse Distrito, dando sossego aos viventes aqui residentes. As pessoas necessitam da água sustentáculo purificador da vida.

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia é de que as chuvas continuem, não tão intensas como a as da turbulenta madrugada, o que de fato, vem ocorrendo de forma tranquilizadora. Agora saímos   de casa debaixo somente uma tímida neblina, caída de um céu permanentemente nublado que, vez por outra, escancara suas generosas comportas, surpreendendo com inesperado pé d´agua. A constância das chuvas, garantem a exibição do exuberante espetáculo da maravilhosa arborização, de Brasília, fantástica epopeia do homem, como foi a própria construção da cidade, talvez maior. Hoje 90% das árvores plantadas pelos programas da Novacap são exemplares de espécies nativas.  Contrastando com a selva de pedras das edificações, (perdoem-me o clichê) o verde das árvores e dos gramados suavizam a visão urbanística da paisagem.

Como é agradável estar, em Brasília, nesse momento em que as chuvas chegaram, na capital da república e ver que   a natureza bela como nunca, vestindo-se de flores dos mais ricos matizes e exalando diversos perfumes, vive   os últimos dias da primavera, espetáculo grandioso que nos enche os olhos e acelera as batidas do coração.

Engana-se quem pensar que Brasília é apenas um palco nebuloso de desilusões, como sugere a visão pouco lisonjeira da Praça dos Três Poderes

Brasília, novembro de 2017.

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