Apenas teve seus direitos políticos reconquistados e o ex-presidente Lula já presta bons serviços ao país. Curvando-se à correção com que Lula e sua equipe conduziram a solenidade em que proferiu seu primeiro pronunciamento como virtual candidato em 2022, ocasião em que o protocolo de combate à Covid-19 foi exemplarmente observado (distanciamento, uso de máscaras e álcool gel e outros cuidados), Bolsonaro, que estimulava aglomerações e ignorava o uso de máscaras, entre outras instruções criminosas, apareceu com nariz e boca protegidos durante evento oficial na quarta-feira, 10.
Para quem considerava a pandemia uma “gripezinha”, contrair o vírus era “a melhor vacina” e, esta, “coisa de maricas”, e propagandeou o tratamento precoce à base da cloroquina, a mudança de comportamento não deixa de ser positiva, sobremaneira levando-se em conta que o presidente genocida finalmente assumiu responsabilidade pela compra de imunizantes, em que pese o descompasso entre o anunciado pelo Ministro Pazuello e o próprio presidente.
O importante mesmo, no entanto, conforme percebeu com entusiasmo a imprensa internacional, com destaque para jornais de prestígio como The Guardian, Inglaterra, Le Monde, França, El País, Espanha, entre dezenas de outros diários mundo afora, é que Lula volta ao cenário político brasileiro como o único nome com chances reais de vencer o louco que está à frente dos destinos do país.
Nesse sentido, diga-se em tempo, analistas do Brasil e de vários países constatam que a repercussão do discurso do ex-presidente, verdadeiro divisor de águas em termos de densidade propositiva nos últimos anos entre nós, ensejou o que muitos definem como “nova onda” eleitoral, o que, afirmam, dir-se-á fato concreto nas próximas pesquisas de opinião. É só esperar.
Fato é que, antes tarde que nunca, tendo-se feito justiça a Lula, com a desconstrução do esquema que tinha por objetivo tirá-lo do páreo eleitoral, como atesta a anulação de suas condenações por inquestionável incompetência de Moro para fazê-lo (e torna explícito o crime cometido contra o ex-presidente), 2022 configura-se muito diferente do que parecia. Com Lula na disputa, ampliam-se as chances de que se evite um novo desastre, a exemplo do que ocorreu em 2018, com a eleição de um desmiolado para presidente do Brasil.
Em tempo, não é sem razão que o discurso de Lula entrará para a História do Brasil contemporâneo. Perfeito na forma, considerando-se o objetivo que perseguia, consistente enquanto análise da conjuntura de governo e propositivo como alternativa de ação para a crise sem precedentes que o país atravessa, a fala do ex-presidente prestou-se, ao lado de suas reconhecidas qualidades retóricas, para evidenciar o que alguns ainda resistem a aceitar: Luiz Inácio Lula da Silva é o maior estadista do Brasil pós-golpe de 1964.
Álder Teixeira é Mestre em literatura Brasileira e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais
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