Quem costuma frequentar a Praça da Matriz, no período da noite a partir das quartas-feiras, é fácil de encontrar com Elânia Cristina. Ela está sempre cercada de brinquedos, infláveis, balas, chicletes, os mais diversos tipos. Simpática e atenciosa, atende sempre com sorriso a criançada que costuma ‘correr’ para sua banquinha.
Mesmo que seja só para olhar, ela sempre está atenta às indagações das crianças. “Estou acostumada. Cada criança tem seu jeito. Elas ficam encantadas com as variedades de brinquedos. E sempre busco comprar os que estão em evidência, tem que ficar ligado nos desenhos, nas séries e filmes. A criançada sabe de tudo. A gente tem que ficar antenada”, comentou Elânia, que passou a vender brinquedos na praça há três anos.
Ela não se imaginava trabalhando com vendas diretamente. Mas o surgimento de um câncer de mama em 2017 fez com que tivesse que sair do trabalho, em uma indústria de calçados da cidade, para tratar da doença. Ainda faz tratamento com medicações e cuidados específicos, mas foi na praça que encontrou força para continuar essa batalha de vida. “Aqui me sinto bem. Desde que cheguei aqui com poucos brinquedos, fui me encostando por aqui e vem dando certo. Aqui passei a me distrair, a gente conversa com as pessoas, as crianças fazem a gente sorrir. É muito legal. É uma terapia”, comentou a vendedora de 47 anos.
Um dos motivos que a fez vender brinquedos é o sustento da família. Em casa são cinco pessoas. O marido dela trabalha em um mercantil no período do dia, à noite trabalha de moto-taxista. “Ele também às vezes me ajuda aqui. Não posso pegar peso. Graças a Deus que ele e minha família têm me ajudado. Isso me fortalece”, contou.
Sem benefício
Durante o período da novena da padroeira de Iguatu, Senhora Sant’Ana, Elânia Cristina tem vindo todas as noites, mas normalmente fica na Praça da Matriz, a partir das quartas-feiras. “Antes trabalhava na Dakota. Fiquei lá por 13 anos. Em 2017, descobri um câncer de mama. Saí da empresa por conta dessa doença. Fiquei sem emprego fixo. Tá com quatro anos e 8 meses que continuo o tratamento, mas me sinto bem. Mês passado fui a Fortaleza. Graças a Deus, tenho onde vender os brinquedos, tem pintura em gesso. Não recebo benefício nenhum, só as graças de Deus. A gente é controlada, graças a Deus, ele é um bom marido, tem me apoiado muito. E o pouco que a gente tem dá para viver. Não levamos uma vida de luxo, mas temos uma vida confortável. E daqui sai o extra que ajuda a manter nossa família”.
Tratamento, fé e cura
Natural de Iguatu, Elânia disse que teve que mudar de vida por conta da doença, principalmente no trabalho. “Logo quando descobri foi um baque grande. Mas não desanimei, e não me desanimo. Tenho fé em Deus que foi ficar curada. Essa doença pode acontecer em qualquer pessoa. Estou ainda em tratamento. Vou vencer essa doença, porque na vida a gente vence todo dia que a gente acorda com vida”, ponderou, afirmando que as pessoas devem tomar cuidado com sua saúde. Diante dessa nova realidade, Elânia buscou essa alternativa para ajudar no sustento da família.
Os brinquedos são os mais diversos e variam de preço conforme o tipo. “As crianças gostam muito dos eletrônicos, os que têm luzes, além dos cartelados. E estar na praça foi a forma que encontrei de ajudar em casa e continuar vivendo e enfrentando a vida”, completou.
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