Eleições e o povo

31/07/2021

“Os piores males que a humanidade já teve de suportar foram infligidos por maus governos”. Ludwig von Mises

Em breve daremos início a mais um pleito eleitoral. O ano de 2022, imbuído em toda sorte de polarizações, se aproxima sem nos trazer qualquer perspectiva de otimismo. Afinal, de 2018 pra cá, no que diz respeito à política e a forma como o brasileiro a enxerga, pouco ou nada mudou. Centro, esquerda e direita, pouco ofereceram quanto a um horizonte que ensejasse um alumbramento de algo satisfatório quanto ao rumo do nosso país.

Como cético quanto as formas como a máquina pública gera o establishment, não consigo pensar em algo que não fuja do pessimismo. Ora, meu caro leitor, me refiro, por exemplo, aos deputados federais, estaduais e senadores. O congresso – esqueçamos, por um momento, o chefe do executivo -, meu caro, a meu ver, deveria ser pensado com maior afinco. Deveríamos atentar para essa ala sobremaneira crucial para a legislação, afinal, os projetos de leis passam por esses senhores; suas criações nos dizem muito sobre todos os setores, como economia, saúde e educação.

É indispensável, portanto, que, ao invés de títeres manobrados pelo ventriloquismo do fanatismo político, tenhamos, ao contrário, a clareza de votarmos de maneira lúcida, de forma coesa. Não adianta votar em X e em Y, quando X e Y não dialogam ideopoliticamente. Suas visões de mundo destoam de um modo que é impensável conceber qualquer acordo. Para confirmar o que digo, basta que o amigo leitor observe a discrepância dos senhores congressistas.

A democracia, que é o que vivemos, com todas as suas falhas, querendo ou não, é o modus da oportunidade de dar voz ao povo; mas isso não significa que o povo deva ser sempre tão imaturo, alheio aos riscos e da responsabilidade que está em suas mãos. Penso que deva existir uma certa harmonia na escolha entre os seus candidatos. Se as ideias de um, não dialogam com o propósito do outro, talvez seja o caso de o eleitor rever melhor a sua lista.

Se já é difícil governar em meio à dicotômica esquerda/direita, imagine pulverizando ainda mais, no núcleo partidário, criando subdivisões de interesses e ideias que entrarão, cedo ou tarde, em inevitáveis choques consequenciais à nação. Como conservador, antevejo a decepção, mas, ainda assim, ponho o resquício de fé que me restou, numa eventual surpresa positiva ao menos quanto a um número modesto de pessoas que, presumo, podem eclodir; essas pessoas poderão vir a semear a diferença que se fará futuramente, quando finalmente teremos uma mentalidade verdadeiramente amadurecida quanto a preocupação em relação à política.

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

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