“O Fardo de Sísifo’ é o título do livro do acadêmico do curso de Filosofia, Eliarde Alves da Silva, 28, cujo lançamento aconteceu o auditório do Sesc, Iguatu, para um público de escritores, professores, músicos, outros artistas e formadores de opinião.
Para compor a obra, além de usar seus rabiscos poéticos, o acadêmico foi buscar inspiração na obra do escritor franco-argerlino Albert Camus, um dos intelectuais mais influentes do século XX. Em ‘O Mito de Sísifo’ escrito em 1942, Camus destaca o mundo imerso em irracionalidades, e lembra Sísifo, personagem da mitologia grega, condenado pelos deuses a empurrar incessantemente uma pedra do pé até o alto de uma montanha, de onde ela tornava a cair, caracterizando seu trabalho como inútil e sem esperança. O autor faz um retrato do vazio em que vivemos e do dilema enfrentado pelo homem contemporâneo, no chamado ‘absurdo da existência humana’, seus dramas, conflitos, dores, amores, dúvidas, alegrias, decepções, frustrações e expectativas, diante da realidade vivida, que leva à reflexão sobre ‘quem somos, o que estamos fazendo aqui, e para onde iremos?
No lançamento, além da parte formal de autógrafos e divulgação da obra literária, foi também um misto de poesia e música. Eliarde e seus convidados se revezaram no palco com um violão, entre uma poesia declamada, e uma música cantada e tocada. Uma forma diferente de apresentar um livro recém-escrito para o público leitor. De acordo com Eliarde, o livro tem como público alvo adolescentes e jovens, com um pensamento mais filosófico e crítico sobre o mundo, suas causas e efeitos.
O livro
Eliarde revelou que a ideia de escrever poesias aleatoriamente surgiu em 2013, apenas como poemas soltos. Quando ele começou a organizar os poemas, indiretamente, o livro estava nascendo. A obra é composta por 145 poemas, distribuídos em 192 páginas e 22 capítulos temáticos, prefaciado pelo professor de Filosofia, Pierry Wiron. O autor aborda alguns temas como vida, morte, dor, Deus, amor, felicidade, solidão, sofrimento. Eliarde informou que separou para a obra alguns de seus poemas que estão alinhados com a obra do personagem mitológico, mas também em sintonia com a realidade, a falta de sentido da vida, o absurdo de existir.
Ele disse que não escreveu sobre o mito grego, mas, sobre sentimentos, pensamentos e ideias do dia-a-dia, coisas boas ou até ruins, mas que norteiam seu pensamento existencialista. O acadêmico lembrou que tudo leva o leitor para um patamar de conforto, já que o capítulo final da obra está focado na afirmação de que ‘a vida vale muito a pena ser vivida, apesar de toda e qualquer adversidade’.
Inspiração
Se faltava um foco temático para compor o livro, o autor revela que encontrou o caminho para a obra impressa, quando iniciou o curso de Filosofia e conheceu o trabalho do escritor Camus, que fala sobre o mito ‘Sísifo’, personagem da mitologia grega. Eliarde ressaltou que espera que o livro ajude ao leitor a rever vida e existência, não como conceitos, porque não traz proposta de vida para ninguém, muito menos indica como as pessoas devem se portar em sua existência, apenas expressa pensamentos filosóficos em fases distintas da vida.
“Em um mundo onde não se diz a verdade, sentir causa vergonha aos olhos alheios, os quais, embaçados pelo comodismo, não os permitem ver a arte a nossa volta, que nos alivia da existência e nos faz suportá-la. Amemos o que nos move rumo aos ápices, pois é neles que nos sentimos mais vivos”, disse.
Os Ensandecidos – como são chamados os textos – são obras de muitos “peitos rasgados, em que tentamos entender a realidade ao redor, e não a abafar, mas denunciá-la a nós mesmos e aos outros. O Fardo de Sísifo traz um alinhamento entre o mito grego com sua tragédia e falta de sentido da existência, e a vida, que, mesmo diante do desconforto inevitável, vale a pena ser vivida”, finalizou.
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