Protestos, promessas e presente marcaram a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Iguatu pela primeira vez depois que assumiu seu terceiro governo. O mandatário estabeleceu como promessa o prazo para concluir as obras da ferrovia Transnordestina no primeiro trimestre de 2027.
“Nós vamos terminar essa ferrovia. E no ano que vem eu quero pegar o lugar mais longínquo do Piauí, entrar em um vagão, e vir até este local aqui para saber quanto é que falta. Nós vamos inaugurar essa obra, não vai faltar recurso. É um compromisso meu com esse País. Eu não voltei para ser presidente da República para fazer a mesma coisa que eu já tinha feito, eu preciso fazer mais e melhor. Fiquei mais feliz porque o Tufi Daher (presidente da Transnordestina Logística (TSLA)) disse que a ferrovia carrega carga, mas também pode ser preparada para carregar humano e ser um trem de passageiros para que as pessoas possam viajar mais confortavelmente de trem e de forma mais segura”, concluiu.
Protestos, prefeito, presente
O primeiro a falar o prefeito de Iguatu, Ednaldo Lavor (PSD), foi vaiado por simpatizantes de um grupo político opositor ao seu governo, o gestor além de agradecer a visita fez um pedido ao governo. “Essa é a terceira visita que o presidente faz em menos de 10 anos. Todas eu tive o prazer de o receber. Quero agradecer pelo desenvolvimento que ele nos traz e que aqui pedir que invista em porto-seco para nossa região”, discursou.
Servidores da Educação do Ceará e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) tiveram cartazes de protesto recolhidos pelo Cerimonial e pela Segurança da Presidência da República, em Iguatu. Os profissionais cearenses protestavam contra o governador Elmano de Freitas (PT) e cobravam melhores condições para as categorias durante a cerimônia. Outros grupos que carregavam faixas exaltando algumas lideranças políticas regionais também entregaram o material. “Eu vi os companheiros com a placa, levantando, protestando, eu acho maravilhoso vocês protestarem porque houve um tempo em que vocês não poderiam protestar nem levantar placa. Quando a gente governa de uma forma democrática, proteste, reivindique, que se a gente puder, a gente atende. Se a gente não puder, a gente diz que não pode e a vida continua”, afirmou o presidente.
Ao término da fala, Lula afirmou que as placas de teor reivindicatório no futuro se transformarão em placas elogiosas quando retornar ao Ceará.
O cerimonial esclareceu que a proibição de entrar com cartazes no ambiente se deve ao fato de que o material poderia “poluir” o espaço e prejudicar a visão dos participantes. A equipe de segurança também destacou que a restrição visa a garantir a integridade das autoridades presentes, pois era prevista a possibilidade de os cartazes obstruírem a visão do rosto das pessoas, dificultando a identificação e ações de segurança caso alguém tente agir contra as autoridades.
Lula recebeu um gibão – vestimenta de couro usada tradicionalmente por vaqueiros –, do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT). Nomeado de “paletó cearense” pelo gestor, a peça foi feita pelo artista cearense Espedito Seleiro. Ao trocar o terno pelo gibão, Lula posou para fotos e precisou do apoio da primeira-dama, Janja Lula da Silva, para retirar a veste. “O companheiro que trabalha com um gibão desse merece receber adicional de insalubridade, porque pesa”, brincou o presidente. A peça branca é ornamentada com os formatos reconhecidos como obra do artesão cearense.
Ramal do Salgado
O presidente ainda assinou a ordem de serviço para construção do Ramal do Salgado da Transposição do Rio São Francisco. O canal deve encurtar em 150km a chegada delas ao açude Castanhão, maior reservatório do Estado. Elas devem iniciar em até três meses, com perspectiva de durar 36 meses.
A intervenção, orçada em R$622 milhões, está prevista nos investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com 36km de extensão, ela promete acelerar a chegada de água ao Ceará e reduzir perdas pelo caminho, seja por infiltração, evaporação ou desvio.
Além da assinatura do Ramal do Salgado, o presidente também anunciou novos investimentos para mais obras hídricas no Ceará. Entre elas, está a liberação de mais R$100 milhões para a continuidade e a perspectiva de conclusão do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), uma das principais intervenções de segurança hídrica para o Estado, com 145km de extensão.
Somando Ramal do Salgado e CAC, promete ser garantidos R$ 750 milhões para o Ceará só em 2024. Adicionando valores para a recuperação de reservatórios, o valor deve beirar os R$800 milhões e, até o fim da gestão, ultrapassar R$1 bilhão.
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