O lançamento foi prestigiado por familiares, inúmeros amigos e convidados, na noite do dia 22, sábado, no teatro do Sesc de Iguatu. Uma noite muito emocionante, na qual o público presente pôde conhecer mais sobre o lado escritor, do músico autodidata Eduardo Gondim, que é dentista.
O livro “Quetzal, poemas escolhidos” é a primeira obra publicada pelo artista, radicado iguatuense. Eduardo escreve desde os 12 anos de idade. A obra nasceu, segundo o autor, depois da cobrança dos amigos. “Esse livro é um começo. Tenho material para mais três livros desses. A poesia não para. De repente ela surge. Eu continuo compondo. Apesar de ter limitação com instrumento, eu componho de ouvido. A tecnologia atualmente permite isso”, contou o artista, agradecido pela presença do público que prestigiou esse momento que foi marcado por muita emoção. “Quero agradecer e ressaltar que esse livro é antes de tudo muito trabalho e sonho também. Queria ressaltar que desde quando eu nasci, que escrevo esse livro”, afirmou.
Eduardo Gondim, que é dentista por formação, continua atuando na área prestando assessoria ao filho dele, que herdou a profissão, Luiz Eugênio. Mas, tem a verve artística, com vertente pelo lado materno. “A família da minha mãe sempre teve essa veia artística, inclusive meu avô era maestro e músico”.
Há cerca de dois anos, Eduardo passou a enfrentar um problema mais sério por conta da esclerose lateral primária, doença rara de origem caracterizada por ser neurodegenerativa do neurônio motor superior, com acometimento de funções cognitivas. Mesmo com dificuldades na fala e na locomoção em decorrência da doença, Eduardo mostra também que aprendeu a ter e valorizar ainda mais a vida, o que já fazia antes. “Um sentimento bastante humano, chama-se pena, dó. É um sentimento que é muito egoísta. Se a gente pensar em ter pena de si mesmo, está sendo egoísta. Transforme essa pena em amor, empatia… Temos que aprender a se colocar no lugar do outro. Eu já fui assim, egoísta, mas hoje eu transformo em amor. É bem melhor que a pena”, ressaltou Gondim, agradecendo pelo momento marcante em sua vida.
O leitor Cícero Machado resumiu a obra como uma a proposta “É um voo poético que o autor Luís Eduardo Gondim deu o nome do pássaro quetzal as mais de 160 folhas do seu livro. A noite de autógrafo me pareceu um pódio da vitória sobre as (quase) intransponíveis dificuldades trazidas pela enfermidade, fazendo uso da força de sua alma que brilhou o tempo todo, como no seu discurso com reflexões filosóficas… Entendi que duas coisas não existem. O foi, como está implícito – já foi. E o será, cuja definição também diz que não existe, ainda”. “Escutei com clareza aquele ‘É’ e transmutei toda minha mente e o meu corpo, parou aqui e agora… Para que tanta ansiedade… pelo que simplesmente não existe? O que existe ‘É’ a condição humana de se emocionar, de sentir empatia e viver em harmonia primeiro consigo mesmo em seguida, com todos aqueles que viajam nessa espaçonave chamada planeta terra girando sobre si mesma”, bem descreveu o amigo.
Quetzal
Os quetzais são um grupo de aves da família dos trogonídeos que correspondem ao gênero Pharomachrus, nativo de zonas tropicais da América do Sul e América Central. Apesar do termo quetzal ser aplicado a todas as espécies do género Pharomachrus, é também usado para designar uma única espécie, o quetzal-orelhudo.
Perfil
Eduardo Gondim, natural do Cariri, adotou Iguatu desde a década de 80, como sua terra de coração. A música fez parte de sua vida desde cedo, com a influência do avô, Júlio Barreto Gondim, que tocava clarineta e era maestro em Jardim, cidade do Cariri. Eduardo também conta a participação em diversos festivais de música em diversas cidades cearense e de outros Estados nordestinos. Conta também com duas edições do projeto Performance Poética, do Sesc, com seus escritos.
Não se pode falar de Eduardo Gondim, sem deixar de citar e de seus trabalhos reconhecidos a música de sua autoria Igual a tu (Iguatu), canção de 2003, quando Iguatu celebrava 150 anos de emancipação política.
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