Bons tempos os do estudo da bela língua francesa. O quanto perdeu a nossa já pobre educação com a ausência deste estudo nas escolas! A França foi praticamente a litteraria mater do Ocidente. Quase todas as Escolas Literárias vieram de Paris. Portugal, Espanha, Alemanha, Itália, Inglaterra e até nossa medíocre aldeia Brasil renderam-se à poderosa influencia de sua rica cultura.
O francês herdou do latim o tom atticus do discurso. É língua clássica por excelência. Além disso, musical, sugestiva, poética. Eis alguns mots d’sprits, sugestivos provérbios desta língua, acompanhados, bom leitor, de nosso modesto comentário.
- I. Un sot trouve toujours un plus sot qui l’admire. (Um tolo sempre encontra um mais tolo que o admira). Esse é para os medíocres, para os bajuladores. Nós os temos aos montes em nossa tola cultura.
- Tout passe, tout casse, tout lasse. (Tudo passa, tudo se apaga, tudo aborrece). Diríamos, latine: Omnia fragilia sunt. Tudo é frágil e passageiro.
III. Á quelque chose malheur est bon. (Para alguma coisa serve o infortúnio). A adversidade nos ensina.
- Le secret d’ennuyer est celui de tot dire. (O segredo de enfadar está em dizer tudo). Sejamos tácitos, discretos. Sugerir sempre. Nada explícito demais pode ser bom.
- Diseur de bons mots, mauvais caractère. Pascal. (Bom palavreado, mau caráter). Fujamos dos “puros”, dos “corretos”.
- L’oreille est le chemin du coeur. Voltaire. (Os ouvidos são o caminho do coração). Sobretudo se sussurrarmos ao ouvido de uma bela mulher.
VII. La critique est aisée, l’art est difficile. (A crítica é fácil, a arte é difícil). É mais fácil ser acadêmico do que gênio.
VIII. On affaiblit toujours tout ce qu’on exagére. (Sempre perde o valor aquilo que exageramos). Modus in rebus. (Horatius). Há que ter um limite, um decoro em tudo.
- Quand tout le mond a tort, tout le mond a raison. (Quando toda a gente asneia, toda a gente tem razão). Qualquer alusão à moderna literatura no Brasil não seria descabido!
- Les morts vont vite. (Vão-se os mortos rápido). A maioria esquece os caros finados. Mas o homem de valor cultua os mortos.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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