Durante o encontro, cada participante apresenta suas experiências observadas no decorrer do ano – FOTO WB

O encontro ganhou nesta edição alguns cuidados a mais: obrigatoriedade do uso de máscara de proteção, distanciamento, aferição da temperatura corporal através de termômetro digital e álcool em gel a disposição, foram acessórios que compuseram a 18ª edição do Encontro de Guardadores e Sementes e de Experiências populares de Chuvas, no Sítio Aroeiras, na última quarta-feira, 06, na zona rural de Orós.

A expectativa é que as chuvas nesta quadra invernosa fiquem entre a média e um pouco acima da média histórica e tardia, aqui para Região Centro-Sul cearense. Foi o que apontou a maioria dos 12 “profetas” que participaram do encontro este ano. O evento acontece no Dia de Reis, como de costume, sob a sombra de um pé de cajarana.

Experiências

Durante o encontro, cada participante apresenta suas experiências observadas no decorrer do ano. O comportamento das aves, das formigas, o vento ‘Aracati’, além dos astros e outros fenômenos naturais. “Pelo que vejo, o inverno deste ano vai ser melhor do que ano passado, mas em janeiro não teremos chuva e será pouca em fevereiro, mas em março, a partir da segunda quinzena em diante, e abril vai chover e muito”, apontou o agricultor José Flávio Rodrigues.

O agricultor Hézio Barros todos os anos faz a experiência de Santa Luzia, quando coloca pedras de sal exposta ao relento, uma dedicada a cada mês de inverno, aquela que mais úmida ficar, pela experiência, será o mês mais chuvoso. “Este ano vai ter um bom inverno, mas com chuvas irregulares”, acredita. “Não sou profeta, sou observador da natureza. Os ventos foram bons, pra mim a experiência de Santa Luzia não vogou, mas vamos ter um janeiro com pouca chuva, os outros meses vai chover bem melhor que ano passado”, acrescentou, expondo seus pensamentos ao aposentado Tadeu Nascimento.

São observados o comportamento das aves, das formigas, o vento ‘Aracati’, além dos astros e outros fenômenos naturais –

De acordo com Thiago Barros, técnico agrícola que faz anotações anualmente das chuvas no Sítio Aroeiras, ano passado foram registrados 753mm de chuva durante a quadra invernosa, bem acima da média história da localidade que é de pouco mais de 600mm. “Mas isso não significa que tivemos um inverno chuvoso. Tivemos um inverno bom, melhor que anos anteriores, mas somente em um único dia, em 07 de março, choveu 157mm. Mas esperar que tenhamos este ano um inverno com chuvas mais regulares”, pontuou.

Essência

O encontro se tornou uma referência até mesmo para o estado e conta com a participação de outros observadores de várias regiões do interior do cearense. Helder Cortez, coordenador do Encontro de Profetas de Quixadá, passou a participar do encontro. Para ele, o momento é mais de manter e preservar essa tradição. “Esperar que seja continuada essa tradição, porque ano a ano nossos profetas, que são pessoas de idade, estão indo, e essa tradição de manter essas observações deve ser continuada”, ressaltou.

É o pensamento também do idealizador do Encontro de Guardadores de Aroeiras, o músico, poeta e cantor Zé Vicente que destaca que os agricultores preferem não ser chamados de profetas, mas sim de observadores, guardiões dessas experiências aprendidas com os antepassados. “Outra importância também que devemos ter nesse encontro é a essência de manter a tradição das sementes, o trocar das sementes nativas. Minha vontade é de criar uma espécie de banco de sementes crioulas, nativas, para que as pessoas possam ter acesso a essas sementes nativas para continuar com essa tradição”, destacou, mostrando-se satisfeito por mais um momento realizado apesar de viver momento difícil por conta da pandemia do novo coronavírus.

A expectativa fica também para apresentação do prognóstico sobre o período de inverno que deve ser apresentado pela Fundação Cearense de Meteorologia – FUNCEME, no próximo dia 20.

O Encontro de Guardadores e Sementes e de Experiências populares de Chuvas, no Sítio Aroeiras, chegou a 18ª edição –