A presença de aves migratórias em Iguatu foi tema do encontro que aconteceu no campus Humberto Teixeira, em Iguatu, realizado pelo Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de ecossistemas da UECE/FECLI, Ecoem.
O evento aconteceu no início da semana, segunda-feira, 8, e contou com a presença de estudantes do curso de Biologia da instituição, convidados e público em geral. O objetivo era conversar sobre a importância das aves migratórias e da conservação de seus habitats, e essa relação desses animais que têm Iguatu como rota e temporadas. A palestra foi apresentada por Alan Marcel, observador de aves e fotógrafo da natureza, com registros importantes de aves, entre essas o tapicuru, que desde 2019 vem fazendo o registro cada vez com mais frequência da ave, e este ano foi a vez de registrar em solos iguatuense o tuiuiú, ave comum nas regiões Sul e Pantanal.
O momento também foi para homenagear o Dia Mundial das Aves Migratórias. A cada ano o evento é celebrado em dois momentos: nos segundos sábados de maio e de outubro, que no Brasil coincidem com as migrações para o Norte (no outono) e para o Sul (na primavera). São nessas épocas em que as aves migram para se reproduzir, descansar ou para fugir do clima desfavorável. Mas, diante de todo o encantamento despertado pelas aves, estes animais enfrentam diversos problemas como a caça, a urbanização intensa, a poluição e as mudanças climáticas. Para muitas espécies de aves, a migração é um comportamento necessário para sua sobrevivência. Relações essas que foram discutidas. “Eu achei um momento interessante, importante não só para pessoal da biologia, mas para estudantes em geral e a própria comunidade. A gente sabe que não existe conservação sem o apoio da comunidade”, comentou Vitória Alves, estudante do curso de Biologia.
Visibilidade
A presença das aves chamou atenção da professora Mychelle Fernandes. “Aqui a gente, o maior público, alunos da Biologia, mas eu acho que a gente tem que só multiplicar espaços como esse, eventos como esse e tornar uma visibilidade ainda maior. A gente viu a fala de uma pessoa que não é da área da Biologia, não tem formação da área, mas que se move por paixão por essas espécies e que tem conhecimento por experiências dele de observar, de estar lá no cotidiano. É a oportunidade de multiplicar essas ações e também chamar atenção do Poder Público e autoridades que essa atividade não é só tirar foto de pássaros, mas que movimenta uma economia como a gente conversou. De chamar atenção de turistas em vir registrar essas espécies que ocorrem em nossa região, mas que precisa ter uma estrutura para receber essas pessoas aqui”, apontou a professora.
Formado em Biologia, e integrante do grupo ECOEM, além de participar de outras ações e atividades voltadas para o meio ambiente, Vitorino Willians também participou do encontro. Segundo ele, foi muito importante para o conhecimento de espécies de animais que são de outras regiões do Brasil e até mesmo de outros países que buscam o Ceará para migração em determinados períodos do ano. “Conhecer mais sobre o tuiuiú e o tapicuru foi importante para a própria população que deve proteger essas aves enquanto estiverem por aqui. É pertinente a gente participar desse momento, acrescentar mais conhecimento em nossa bagagem, aqui na faculdade. E posteriormente a gente mesmo ir até as comunidades mostrar a importância desses animais para os ecossistemas e contribuir de alguma maneira para conservação dos recursos naturais”, disse.
Divulgação científica
Na oportunidade professores do curso de Biologia aproveitaram para destacar a importância da abertura da universidade para a comunidade onde está inserida, como disse o professor de Ecologia, Jefferson Thiago Souza. “Esse momento é importante porque ele nos conecta com a população. Isso é produto de vários projetos que a gente tem, como o projeto Ecoar, que é um projeto de divulgação científica. Muitas vezes nós desenvolvemos pesquisas, mas não alcançam o cidadão. Nossa iniciativa é buscar isso. É ter uma linguagem de mais fácil compreensão para o público para que ele entenda essas questões ambientais. Esse grupo de aves é bem carismático. Mas além desse carisma tem muitas questões que precisamos desvendar, pesquisar: Por que Iguatu? Do que essa ave se alimenta? Por que está se reproduzindo aqui? Muitas vezes a gente tem nas Ciências respostas para essas perguntas. Mas, não tem as respostas aqui. É o que eu digo aos alunos. A história dos ecossistemas daqui não vão está nos livros ainda, então vocês vão ter que construir”, pontuou Jefferson Thiago.
O professor e observador de aves Célio Moura também destacou a ação. “A ideia é fazer essa troca. Porque a sociedade é quem mantém a gente aqui. Então a gente tem obrigação inclusive moral de levar isso para a sociedade. É uma troca bem interessante porque enquanto a gente está levando conhecimento para a sociedade, a sociedade também traz pra gente. Como a gente viu nesse encontro”, contou o professor de Zoologia e também observador de aves. “Quando me falaram, eu não acreditei que essas aves, o tuiuiú por aqui. É uma coisa sensacional! Eu já vi no Pantanal. E se eles estão por aqui, é algo que temos que preservar”.
Alan Marcel, observador de aves, convidado para a conversa com os alunos, classificou como positivo o encontro. “Vejo como um incentivo. Eu que também comecei às cegas, fui galgando os conhecimentos. Para os alunos da Biologia que já têm um certo conhecimento e já têm uma trilha andada por mim, meu propósito é passar o que eu já aprendi para eles, para que eles também possam repassar para mais gente. Porque o conhecimento faz a conservação”.
O tapicuru e o tuiuiú, aves comuns na região Sul do Brasil e Pantanal, passaram a ser vistos em Iguatu. “Aqui em Iguatu tem muitas árvores migratórias que vêm de determinadas regiões do Sul, do Pantanal e até do Hemisfério Norte, dos Estados Unidos, Canadá e Alasca”, finalizou Marcel.
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