Quando criança, até chegar à adolescência, Jurandy Duarte, 42, foi aprendiz de carpinteiro e se especializou em fazer cadeiras de couro e madeira. O homem que trabalha como entregador de gás, numa revenda da cidade, usa as horas de folga para se dedicar à produção dos tradicionais assentos e faturar uma renda extra.
As cadeiras produzidas artesanalmente por ele são feitas a partir do uso de madeira, couro, verniz e cola especial. O artesão trabalha numa oficina improvisada em casa, na comunidade de Intans, zona rural de Iguatu. A produção é vendida diretamente para pequenas lojas do Centro de Iguatu e crediaristas que trabalham vendendo porta a porta, no município e na região. O tipo de madeira usada é catanduva, resistente a pragas, principalmente cupins.
As cadeiras produzidas por Jurandy estão nas casas das pessoas, nos estabelecimentos comerciais e são preferência para quem gosta de sentar e apoiar o corpo, sem o risco de cair. As peças são cuidadosamente acabadas e as matérias-primas, o couro de boi, madeira nobre e os acabamentos com a tinta verniz, e a cola, dão às cadeiras um resultado final que enche os olhos de quem compra. Além da beleza estética, as cadeiras também são duráveis e não desmontam com o uso diário e quanto mais velhas vão ficando, mais beleza vão ganhando. As cadeiras carregam o mesmo charme da calça jeans, “quando mais velho fica, mais bonito parece”.
Antes de fazer a montagem dos assentos, o artesão precisa preparar a matéria-prima. A madeira que é extraída da mata legalmente passa por todo o processo de secagem, limpeza e por último é lixada para ficar no ponto de corte. Com o couro é outro processo. Depois de ser esticado para secar ao sol, é submetido à lavagem em água natural ficando de molho por vários dias. Em seguida vai para curtição, até ganhar o formato ideal de ser esticado nos assentos. Tudo feito à mão sem adição de produto químico ou fabricação em escala industrial.
Continuidade
Jurandy contou à reportagem que aprendeu o ofício de fazer cadeiras artesanalmente com seu pai José Pinto da Silva “Zé do Ó’, falecido em 2019, aos 70 anos. De acordo com o artesão, fazer as cadeiras artesanalmente é uma forma de lembrar e homenagear seu querido pai. Por sua vez, Zé do Ó também aprendeu a fazer as cadeiras, ainda na infância, com um senhor da comunidade, Zé Vieira. Quando se tornou adulto, Zé do Ó foi trabalhar na agricultura, mas o ofício de fazer cadeiras nunca esqueceu. Além da roça, Zé do Ó trabalhou com seu pai, o avô de Jurandy. Somando sua trajetória como fazedor de cadeiras, foram mais de 60 anos. “É uma história que precisa ser continuada”, lembrou Jurandy.
Serviço
WhatsApp: (88) 9.9967-5223 – Jurandy Duarte
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