Entrevista: Carlos Roberto Costa Filho – Prefeito eleito de Iguatu – 2025 a 2028

09/11/2024

“A partir do dia 1º de janeiro de 2025, eu espero que todos possamos estar unidos, buscando o bem da nossa cidade, o bem da nossa população, para que a gente tenha uma verdadeira mudança nos serviços públicos, no nosso convívio. Vamos desmontar os palanques, vamos fazer de tudo para que a nossa cidade cresça”.

O Jornal A Praça entrevistou o prefeito eleito de Iguatu, Roberto Filho, para o mandato de 2025 a 2028. Confira aqui trechos da entrevista. Na nossa TV no Youtube, confira a entrevista na íntegra: https://www.youtube.com/@jornalapraca5456

 

A Praça: Com a austeridade que adquiriu em sua vida privada, você vai com coragem para bater de frente com a máquina e o sistema de corrupção?

Roberto Filho: É ótimo que a gente possa trazer esse tipo de discussão para a sociedade. E antes até de falar um pouco sobre a pergunta especificamente. Eu me coloco à disposição, a partir de janeiro, como prefeito eleito, para que todos os órgãos de imprensa me ajudem, inclusive nas fiscalizações de situações que, infelizmente, talvez a gente não possa enxergar tudo ou ter o controle de tudo. Então, vou estar completamente aberto para que os órgãos de imprensa, a imprensa iguatuense, a imprensa independente, que esteja preocupada com a verdade, que esteja preocupada na defesa da nossa população, que a opinião pública esteja sabendo o que acontece no nosso Iguatu, que, inclusive, é um dos nossos pilares de trabalhar de forma transparente. Especificamente um pouco mais sobre a corrupção e sobre a pergunta, infelizmente nós temos no Brasil situações, como você bem disse, que passam às claras em muitos municípios, governos e até na União. E, como diria Capitão Nascimento, num célebre filme, o sistema é bruto. Mas a gente está aqui, sim, para fazer esse enfrentamento. Como bem colocou, com a experiência que nós temos na gestão privada, nós sabemos e queremos fazer a otimização dos recursos públicos. E, para fazer essa otimização, a gente sabe que vai ter que passar por esse tema. Um tema de que não pode haver nenhum tipo de desperdício, um tema que nos traz a pensar sobre, por exemplo, folha de pagamento da Prefeitura. A gente tem na no nosso próprio íntimo que temos uma folha de pagamento que precisa e vai ser revisada. A gente vai querer que quem estiver na Prefeitura, vai ter que trabalhar. Eu não quero e não vou aceitar que, na Prefeitura de Iguatu as pessoas passem nos setores, nos órgãos, simplesmente para assinar uma lista de presença ou algo do tipo. A gente vai cobrar que as pessoas, os trabalhadores, sejam concursados, sejam contratados, sejam terceirizados ou temporários, todos que por lá passarem vão sim ter que apresentar um trabalho. A folha de pagamento da Prefeitura é uma folha bastante alta e os efetivos, os concursados já representam mais de 80% dela. Mas eu não posso hoje dizer que a gente vai conseguir gerir o município simplesmente com os concursados. A gente vai ter que entender, e a gente está fazendo isso agora já na transição, para puxar todas as pessoas. Eu digo em primeira mão; vamos fazer um recadastramento de todos os concursados da Prefeitura, entender onde eles estão, qual é o concurso que eles passaram, para que a gente possa verificar se a máquina da Prefeitura pode funcionar somente com os funcionários concursados. E não sendo possível, é claro que a gente vai ter que buscar outras alternativas e meios de contratação, sempre dentro da legalidade, para que os serviços cheguem à nossa população. Essa é a nossa principal intenção, trazer serviços de qualidade para o nosso povo. Seja na saúde, que a gente tem passado por um problema grave no Iguatu, mas acreditamos que pode sim melhorar muito a do nosso Iguatu. Vamos começar com esse pente fino na nossa folha, depois nós iremos sim para as contratações de serviços e mercadorias. O tema de licitações é também um tema bastante relevante e a gente vai fazer da forma como se faz, respeitando a legislação da gestão pública, respeitando as peculiaridades que existe,) mas sempre buscando otimizar como eu fazia na forma da gestão privada. Queremos implementar esse modelo, queremos inclusive, depois de quatro anos de mandato, ser referência na administração, porque eu também não posso negar a nossa população e vender a esperança que a gente vai mudar o Iguatu em dois ou seis meses. E esse combate à corrupção nós vamos fazer trazendo para a nossa administração, transparência, discutindo sempre com o Poder Legislativo, os vereadores, e discutindo sempre com o Ministério Público. Quero que os promotores do Iguatu sejam parceiros da administração no quesito de fiscalização, e de fazer as coisas da forma correta porque eu também não posso chegar e dizer que eu sei tudo. Tenho uma ampla experiência na gestão, mas a gente precisa sempre ter ouvidos para escutar as pessoas, escutar as opiniões. E nada melhor que o Ministério Público para estar sendo nosso parceiro, para manter essa austeridade, e que a gente possa fazer essa administração de uma forma diferente, realmente, na acepção da palavra e que as pessoas percebam que isso vai acontecer. Muitas vezes, durante essas licitações, nós já temos normativas dos tribunais de conta que nos trazem, a depender do serviço, inclusive preços básicos, e as tabelas e a gente vai obedecer na linha todos esses valores já existentes de referência que os órgãos públicos, principalmente os órgãos de controle, possam nos oferecer. A nossa intenção é sim a de fazer um trabalho totalmente diferente, sempre voltado para a austeridade, para a economia e, claro, transformando isso em serviço de qualidade para a nossa população.

 

A Praça: Do ponto de vista das políticas públicas e sociais, quais os principais desafios, na opinião do prefeito eleito Roberto Filho a serem superados?

Roberto Filho: Em relação às questões sociais, inclusive a Secretaria da Assistência Social é uma das secretarias que considero muito importante junto com Saúde, Educação. Todas são importantes, mas até pelos recursos que elas recebem que se destacam. Essas que citei acabam se destacando pelos recursos que recebem mais. A gente tem hoje no Iguatu uma política que não consegue identificar a forma como a política assistencial é feita. A nossa secretaria é uma das que mais tem servidores, é uma das que tem mais recursos e a gente não vê essa política assistencial funcionar. Então a gente tem dentro do nosso projeto várias novidades para que possa trazer não uma política de assistencialismo por si só, mas uma política de formação, uma política que as pessoas vão ter o que precisam para aquele dia, aquela hora, mas sempre pensando em um melhor futuro, sempre pensando no desenvolvimento dessas pessoas. A assistência social não é simplesmente como se diz, a gente dá o prato de comida, ou dar o peixe, também faz parte a gente ensinar a pescar e a gente pretende dentro das nossas políticas fazer essa formação para que as pessoas entendem que é necessário sair desse momento de dificuldade. A gente quer traçar um plano para que as pessoas possam, claro, isso envolve geração de emprego, envolve vários outros aspectos do nosso município que a gente quer fazer com a política 360, envolvendo todas as áreas, mas principalmente para a assistencial social a gente tem projetos para manter, mas projetos específicos para jovens, idosos, para as pessoas com necessidades especiais e também para aquelas pessoas inclusive que sofrem com alguns vícios de álcool, de drogas, que a gente possa trazer para eles políticas diferentes, políticas que possam tirar eles desses momentos difíceis. Então, a partir do ano que vem, quando a gente fizer o lançamento do nosso plano, que também vamos fazer de forma transparente, não vou mostrar aqui algumas pequenas coisas, mas vou lançar o Plano Iguatu 2025 para que a gente tenha metas durante 2 anos, para que a gente tenha meta para os últimos dois. Eu não vou começar a fazer um plano de longo prazo, porque a gente precisa agir de forma urgente em algumas ações. A gente vai mostrar esse plano e lá vão ter ações mais específicas da área da assistência social, mas adianto que tem programas específicos para cada situação como já citei.

 

A Praça: Nesse aspecto de formação da base na Câmara, há uma definição ou entendimento de quem será o candidato a presidente do parlamento apoiado pelo executivo?

Roberto Filho: Muitas pessoas têm me perguntado isso, até vereadores da nossa própria base às vezes ansiosos, a gente tem sempre essa questão como se diz no ditado popular, querer colocar o carro na frente dos bois. A gente acabou de ser eleito. A gente está aqui agora num momento de transição. Eu não acho que seja o momento ainda, por mais que seja ali primeiro de janeiro de se discutir presidência da Câmara, mas independente ou não de ter esse momento eu também digo, como disse a pouco, eu acho que o Poder Legislativo tem que ser independente, quem deve se resolver na presidência da Câmara municipal de Iguatu são os próprios vereadores. Se eu for perguntado por eles, se me pedirem o meu manifesto, minha opinião talvez eu faça, mas na verdade não tem nenhum tipo de imposição ou de preferência pelo menos até esse exato momento de Roberto Filho pela presidência da Câmara. Eu acho que os poderes têm que ser respeitarem, tem que ser independes. E independe de quem for o presidente eu tenho certeza que nós teremos, sim, uma relação sempre pensando no melhor para o nosso Iguatu. Se existem aí outras pessoas se movimentando, outros chamados líderes políticos se movimentando para fazer a presidência da Câmara, isso está acontecendo a minha revelia, não sou eu quem estou movimentando isso, e nem pretendo movimentar. Como eu disse, a gente tem que agir de forma independente, porque os poderes se complementam lá frente no momento em decidir o que é melhor para nossa população.

 

A Praça: Como vem sendo sua articulação para formação de sua base na Câmara? Recentemente teve um encontro com nove vereadores. Esse número permanece, e em que pé está esse alinhamento?

Roberto Filho: Aquele encontro que a gente publicou nas redes sociais, na verdade, era um almoço de congratulações para os vereadores eleitos. Então, todos os vereadores, os vereadores eleitos, foram convidados a estarem presentes naquele dia. Alguns, por motivos de força maior, não puderam comparecer. Mas o convite foi feito a todos os 17, independentemente de serem da base, de não serem. E aqueles nove foram os que puderam estar presentes, e a gente, claro, registrou o momento, falamos sobre o que é que a gente imagina de ter essa relação, harmoniosa entre o poder executivo e o poder legislativo. Quanto à base de vereadores temos 12 alinhados, e assim nós temos a maioria na Câmara, que é um dado importante.

 

A Praça: No momento um dos nossos colunistas desenvolve uma tese de doutorado cujo título é a “Regulação e fiscalização na implantação de loteamentos urbanos na cidade de Iguatu, e seu impacto nas questões ambientais, sociais e econômicas”. Durante a pesquisa a maior dificuldade encontrada para a conclusão do trabalho foi a ausência de um Portal de Transparência Municipal que pudesse disponibilizar informações sobre arrecadação com IPTU, licenças, alvarás e a destinação dos recursos recebidos. Na sua gestão, poderemos contar com equipamentos que proporcionem acesso do cidadão a essas informações e a transparência dos gastos públicos em todas as áreas da administração?

Roberto Filho: Primeiro quero dizer que quero ter acesso a esse estudo. A gente quer sim trazer um ‘Iguatu digitalizado’, em que o cidadão iguatuense pode ter acesso a todas as informações disponíveis e usar essa tecnologia para que os serviços sejam mais ágeis. Especificamente de loteamentos, é muito ruim dizer isso, mas é realidade. Nós sabemos no Iguatu, existiam momentos, em gestões passadas, uma tabela para você lançar um loteamento. E quem está dizendo isso são os próprios empresários, loteadores, e percebamos que nos últimos anos e mais nessa eleição agora, eles não votaram? Quem eles não queriam que voltassem à prefeitura do Iguatu? Porque existiam tabelas com valores para se liberar loteamento no nosso Iguatu. Seja a liberação do próprio loteamento, documentação. E esse tipo de situação não vai ocorrer na nossa gestão. É inadmissível, não consigo nem imaginar algo nesse sentido. Agora, ao mesmo tempo que a gente não vai ter nenhum tipo de cobrança errada, para os loteadores, a gente vai pedir que os projetos de loteamento sejam projetos que pensem no desenvolvimento urbano da nossa cidade. Ninguém vai ter que pagar nada para fazer o seu loteamento, a não ser os pagamentos das taxas normais que tem que acontecer, de licenciamento, de licenças prévias. E, principalmente, que o projeto esteja dentro da legislação municipal, que a gente vai rever junto com eles, inclusive, com a Associação dos Construtores, com as pessoas que pensam no urbanismo da nossa cidade, mas a gente não quer no Iguatu rever loteamentos, como, por exemplo, do bairro Cajueiro, que foi feito de forma totalmente equivocada, sem drenagem, à pavimentação, e a gente já vem alguns invernos vendo os alagamentos que tem lá. Temos conversado com a Associação dos Construtores, para ter dentro da nossa cidade um desenvolvimento urbano, vamos rever o plano diretor, vamos ver para onde a cidade deve crescer, a forma como deve crescer, e de forma ordenada. A gente não vai fazer nenhum tipo de perseguição, mas a gente também precisa ter um Iguatu bonito, com uma ‘liberdade organizada’.

 

A Praça: Sobre formação da sua gestão, o seu secretariado, quais os critérios que o senhor pretende aplicar na formulação? A crítica, observa desta maneira, que há certo inchaço, da sua base com o apoio, durante o período do pleito, do grupo do prefeito Ednaldo, também do grupo do deputado Marcos e outras somas. Como será o comportamento na acomodação desses aliados que foram fundamentais para a sua eleição, assim como também do perfil que pretende aplicar de uma maneira mais técnica. Como será esse balanceio?

Roberto Filho: Com relação ao deputado Marcos, nós chegamos a ter uma conversa antes do momento de decisão eleitoral, mas em nenhum momento houve tipo de compromisso ou de acordo para que se tivessem uma participação em secretarias, em gestão. A gente simplesmente demonstrou o nosso projeto e o Marcos, entendeu que era o momento de aderir a esse projeto e ele não me pediu nada, não tem nenhum compromisso com relação à nossa gestão. Ele, ao contrário, disse que está para nos apoiar, inclusive para buscar ajudas a juntar o Governo do Estado, faz parte da base do governo para que o Iguatu se desenvolva. Com relação ao atual prefeito Ednaldo Lavor diante do que ocorreu com o candidato dele, a desistência, talvez por uma inviabilidade que eles perceberam na disputa da eleição, acabaram desistindo, foi natural que algumas pessoas da gestão aderissem ao nosso projeto. Eu acho, e aí eu tenho a humildade de reconhecer, que não só pelo projeto do Roberto Filho, mas também muito porque não queriam a volta de Iguatu que já passou. Então, diante disso, foi uma situação natural. Também não existe nenhum compromisso, não tive conversa de acordo com o prefeito, não fiz nenhum compromisso para nossa gestão. O nosso secretariado vai ser iminentemente técnico. Claro que a política faz parte, em algum momento, alguém que conduz ou que consegue unir a questão política e técnica, mas se não tiver a questão técnica, não fará parte do nosso secretariado. Mas isso, diante de escolhas da nossa base aliada, não diante de qualquer compromisso que foi assumido durante a campanha. Eu desafio qualquer pessoa do Iguatu a dizer que recebeu uma promessa minha de secretaria nessa gestão. As pessoas estão sendo escolhidas agora. Se você me perguntar aqui o nome de todos os seus secretários, eu nem tenho ainda, porque ainda estou nessa análise da melhor forma e das melhores pessoas para comporem a base.

A Praça: Em relação à cultura, temos muitos artistas carentes de equipamentos e investimentos nesse setor. Iguatu não tem um museu histórico. O Museu da Imagem e do Som é pouco visto e abandonado assim também como o teatro. Qual projeto de incentivar a cultura local?

Roberto Filho: O teatro, eu posso estar enganado, mas, salvo engano, nunca chegou a ser efetivamente inaugurado. É um teatro que está ali já com várias reformas. Eu sei que aconteceram alguns espetáculos, usos esporádicos, mas sempre ‘no puxadinho’. Nunca com um teatro amplamente inaugurado ou da forma como deveria ter. Um equipamento que precisa ter as condições para que possa albergar e trazer mostras de teatro ou de cinema, do que seja, naquele espaço público. O teatro é uma das nossas prioridades finalizar de uma vez por todas aquela reforma, deixá-lo pronto para o uso, para que a nossa população possa ter, e, principalmente, os nossos artistas possam ter equipamentos culturais para manifestar essa nossa cultura. Não é possível que a terra de Eleazar de Carvalho, de Humberto Teixeira, não tenha hoje um espaço onde as pessoas possam manifestar a sua cultura. A gente tem as escolas de música, que até têm prédios razoáveis, mas faltam equipamentos, faltam instrumentos. Vamos buscar dentro da cultura fazer uma revitalização. Na antiga Reffsa, na frente da Praça da Criança, temos projetos, não só para a área cultural, mas para áreas também de lazer e cultura, visamos uma reforma, trazer novos centros, inclusive isso é uma tendência, transformar as antigas estações abandonadas e revitalizar para que a população possa utilizar de uma forma consciente para lazer. Aqui no Iguatu, o que a gente tem ali são aqueles quiosques de comida. Podemos, talvez, fazer naquela área um melhor aproveitamento para a área de gastronomia. Não dá para a gente só simplesmente falar de festas e pensar em super artistas nacionais e esquecer aqui dos nossos grandes artistas iguatuenses, que lutam muitas vezes para tocar ali num barzinho, tocar seu violão, fazer ali a sua atividade.  Dentro da área cultural, a gente pretende ainda oferecer editais e trazer algumas novidades, resgatar um pouco da nossa história. Lembro aquela Capelinha, da Igreja do Prado. Eu já, inclusive, conversei com o pároco local, para a gente fazer do local um dos mais antigos da cidade, quem sabe, um museu da arte sacra do nosso Iguatu. Temos uma cidade aqui do lado, o Icó, que valoriza tanto esse patrimônio cultural e a gente no Iguatu não tem. Então, são várias questões que a gente pode trazer através desses incentivos da arquitetura, valorizar esse patrimônio, que a gente tem, na Praça da Matriz, e tentar manter vivo o patrimônio histórico cultural da nossa cidade.

 

A Praça: Um dos piores problemas de Iguatu é a falta de saneamento básico com esgoto a céu aberto praticamente na cidade inteira, com novas áreas residenciais sendo abertas com esgotos projetados para rua. O senhor já tem alguma previsão de como vai tratar esse assunto?

Roberto Filho: Existe no Iguatu um conjunto de obras que deveria ter sido realizada de forma mais célere, mais rápida, mas infelizmente por qualquer que seja a razão acabou não acontecendo. A nossa população criou meio que um medo do chamado CAF, empréstimo que foi feito junto do BNDES e lá constam algumas obras relacionadas exatamente a parte de saneamento, de drenagem. A gente está analisando todas essas obras do CAF, o que já foi licitado, o que não foi, para fazer uma análise completa do projeto ou se existem possibilidades de a gente trazer novos projetos, tirando alguns que a gente acha que não são prioritários como algumas reformas de praças que tem lá, mas para sim colocar projeto de estrutura, mais estruturantes para o nosso Iguatu, como a questão do saneamento. Mas, fora essa possibilidade de um uso dos recursos desse empréstimo para melhorar o saneamento, a gente tem dentro do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) possibilidade de usar recursos próprios para ir fazendo aos poucos projetos de saneamento básico da nossa cidade. A gente vai, sim, um dos enfrentamentos que a gente vai fazer é a questão do saneamento básico do Iguatu. Não se admite que em ruas do nosso Iguatu, ou em bairros novos que deveriam já ter sido feitos ou desenvolvidos com saneamento já resolvido, a gente tenha até hoje esse problema. Ainda da minha infância, lembro que a gente via esgoto a céu aberto passando nas calçadas das casas, infelizmente é um problema grave, um problema que demanda muitos recursos, mas aos poucos a gente vai sim melhorando o saneamento da nossa cidade para que as pessoas possam ter uma melhor qualidade de vida, pois o valor que se investe no saneamento é o valor que se economiza na saúde pública. Dessa forma a gente pretende agir. Vamos usar o SAAE e algum recurso do CAF, se a gente continuar realmente com esse empréstimo para que a gente possa ter o saneamento do Iguatu melhorado.

 

A Praça: Prefeito, o orçamento para o ano que vem, primeiro ano de sua gestão, precisa ser aprovado ainda neste ano pela Câmara, considerando que o orçamento do ano em curso, geralmente é votado e aprovado pelo legislativo no exercício anterior. De que forma o senhor está acompanhando isto para que o primeiro ano de sua gestão não seja afetado por causa da falta de recursos?

Roberto Filho: A gente tem sim que falar sobre isso, inclusive foi apresentado (salvo engano), semana passada pela CCJ da Câmara, só para a população saber, a gente está falando aí de uma receita líquida para Iguatu, no valor de R$ 527 milhões, e a gente conversou com os vereadores para a gente ter um espaço de modificação nesta Lei, e da forma como ela está dá para a gente fazer isso. Então, isso não vai dar tantos problemas, porque a gente já entrou no detalhe, já vimos quais são as despesas para o ano que vem. Se a gente conseguir modificar a Lei ainda para ser votada neste ano pela Câmara, tudo bem, mas se não, da forma como ela está, a Lei já nos dá a liberdade de fazer as alterações já no ano que vem, para que a gente possa fazer os investimentos que a gente entende que é prioridade.

A Praça: Geração de empregos, senhor prefeito, o senhor abordou esse tema mais de uma vez em sua campanha, a intenção de atrair investimentos externos, novas empresa, indústrias, para gerarem empregos e renda para a população, não empresas que vem para vender, mas as que vem para produzir e gerar os empregos, que por sua vez vão gerar os salários. E por uma vocação natural, por ser um município com água em abundância, terras férteis e muita mão de obra disponível, como o senhor pretender equalizar tudo isso para implementar esse setor tão vital para o município?

Roberto Filho: Logo após o resultado das eleições, eu fiz uma visita na FIEC-Federação das Indústrias do Estado do Ceará, que hoje o presidente Ricardo Cavalcante, inclusive com raízes iguatuenses, a mãe dele, é nascida aqui em Iguatu, e já é um amigo de longas datas que eu tenho, através do tempo que eu atuei na iniciativa privada. E nessa conversa com ele, uma das coisas que ele nos garantiu, foi uma melhorar na capacitação, da nossa população, dos nossos jovens, das pessoas economicamente ativas, um dos fatores que a gente tem para atrair as indústrias, e ele nos garantiu que vai iniciar a partir do ano que vem, a construção de uma escola do Senai, onde termos o ensino médio, mas teremos também a parte de capacitação, das pessoas, dos nossos jovens e adultos, para ter a mão-de-obra qualificada e assim atrair as empresas. Outra forma que a gente tem de atrair é no setor da pecuária, eu devo estar indo para uma visita a Morada Nova, vou me reunir com o pessoal e discutir a possibilidade de termos aqui, por exemplo, uma fábrica de ração? Com isso a gente ajuda o nosso produtor rural, que pode produzir mais leite, a fábrica de ração pode subsidiar o preço dessa ração para os produtores, gerando mais leite, além da fábrica de ração, a gente já pode pensar num laticínio, mesmo que não seja de grande porte, mais uma unidade menor, contando que ele faça produtos que possa vender aqui na região, ampliar para o Cariri, a Paraíba, de modo que possa melhorar para ele. E é dessa forma que eu pretendo atuar, mostrando para os empresários, para os industriais, a potencialidade do nosso Iguatu, tanto de mercado consumidor, como de mercado produtor. Aqui já temos indústria de calçados, moda íntima, cadeiras, o que mostra que temos grande capacidade da mão de obra de costura, e por que não pensar num polo de confecção? Um polo que possa ter mais aspectos, a gente pular da moda íntima, para indústrias de roupas, acessórios e tudo mais? O que eu pretendo é atrair essas indústrias através da nossa potencialidade, para gerar esse emprego novo, não só aquele do comércio que vende, mas aquele que produz, porque o emprego novo é sempre o emprego da indústria, que traz a produção, e a partir dessa produção, de pessoas para poder trabalhar, e nós queremos atuar nas duas frentes, não só de grandes comércios, mas na indústria e na agropecuária, que temos certeza temos um potencial imenso de retornar o Iguatu, pelas suas terras, pela sua água, pela capacidade de desenvolver o empreendedorismo nos nossos agropecuaristas, para que Iguatu volte a ser o que já foi, seja de culturas como o Algodão, seja com a produção de leite, seja na cultura do arroz, seja na fruticultura, lá da região do Quixoá, que a gente também já é referência, então nós temos um potencial enorme para desenvolver e agregar valor, aqui no nosso Iguatu e a partir daí desenvolver com a atração de investimentos e gerar mais renda para a nossa população.

A Praça: Prefeito, seus opositores tentaram atrelar sua campanha a uma relação com o crime organizado. Atualmente há uma investigação sobre isso. De que modo o senhor imagina que isso possa implicar em dificuldades na condução de sua gestão?

Roberto Filho: Eu não vejo nenhuma situação que possa atrapalhar nossa gestão, ou qualquer tipo de movimento que a gente pretende fazer. É bom colocar isso, porque foram questões que foram debatidas na campanha. São as chamadas fake news, inclusive, diante de um primeiro surgimento dessa notícia, a própria Justiça Eleitoral, através do juiz eleitoral, do promotor, inclusive dos delegados, disse que não tinha nenhuma ligação da nossa campanha com qualquer situação relacionada, seja a tráfico de drogas, seja compra de votos, nada relacionado a isso. Passado aquele momento o que a gente teve foi, e digo isso de forma bastante tranquila, porque eu disse naquele dia, no meu Instagram, coloquei o vídeo para a ciência da população, novamente em nome da transparência. Nós tivemos sim, um delegado aqui em Iguatu que nos perseguiu. Uma forma que todo mundo sabe em Iguatu como é que funciona. Uma forma antiga, que os políticos que nós já sabemos quem, se utilizam para fazer situações assim. Nós temos uma amiga, que é advogada, Márcia Teixeira, que fazia parte da nossa campanha, como qualquer outro eleitor, que queria votar na gente, queria estar presente nos movimentos, e ela por ser advogada, entre os clientes, ela tem pessoas que possam, talvez, eu não sei, não sou eu quem vai julgar isso, mas possam ter alguma ligação com o tráfico. Mas um advogado, com seus clientes, isso é uma relação normal, profissional, e não tem como, a partir daí uma advogada, porque tem a relação com seu cliente, depois ela vira apoiadora de uma campanha, e a partir daí a campanha automaticamente ser ligada a qualquer coisa ilegal, ou relativa a tráfico de droga, como foi o caso. Então eu falo sobre isso de forma bastante tranquila, de forma bastante transparente, porque tenho certeza que isso não vai nos prejudicar, o inquérito inclusivo que foi feito de forma bastante rápida por esse delegado, tem tudo inclusive para ser anulado. O delegado aqui, aparentemente já nem é mais delegado municipal, então as consequências virão, o Iguatu não vai mais permitir, que perseguições, injustiças e fake News, ocorram sem nenhum tipo de publicidade, ou sem a justiça ser feita. A Justiça nesse caso pode até tardar um pouco, porque não dá para acontecer do dia para a noite, mas eu tenho certeza que ela vai dar a resposta, e logo, logo a gente vai voltar na imprensa, para mostrar que esse inquérito foi anulado, para mostrar que tudo isso não passou de uma forma, errada, uma forma de perseguição, do uso inclusive do poder do estado, através de um delegado, que estava a serviço de pessoas que queriam tomar o poder a qualquer custo e trazer de volta o clima para o nosso Iguatu, de perseguição, ameaça, um clima daquela mão forte, de simplesmente, querer o poder a qualquer custo. Não é assim que a gente funciona, não é assim que a gente vai funcionar, durante a nossa gestão, à frente do nosso Iguatu, nos próximos quatro anos.

A Praça: Em reunião do senhor com os vereadores eleitos, o senhor foi informado da existência de um acordo com o atual prefeito, Ednaldo Lavor, para aprovação de um PL que cria as chamadas ‘Emendas Impositivas’ para os vereadores. Este acordo, caso o PL seja aprovado vai destinar cerca de R$ 10 milhões por ano para essas emendas. Como o senhor pretende resolver esse ‘gargalo’, caso esse projeto tenha aprovação final na sua gestão?

Roberto Filho: É verdade, nós tivemos essa discussão, lá, uma discussão preliminar, porque eu tomei conhecimento desse Projeto de Lei, naquele dia daquele almoço. Confesso que eu não tinha conhecimento antes. É esse valor porque são R$ 600 mil reais para cada vereador. Eu falei para eles que achava o valor bastante relevante, um valor alto, pra que a gente possa se comprometer para o próximo ano. Essa legislação ainda estou buscando, ainda não tivesse acesso. Mas o que foi informado é que ela teria disso votada em 2023, mas que só entraria em vigor a partir de 2025. Eu comentei com eles, os vereadores, e comento aqui agora, para a opinião pública de Iguatu, que a minha opinião pessoal, as emendas, nesse valor extrapolam um pouco as necessidades que os vereadores têm em nosso município. Para fazer um comparativo, não tem no governo do Estado, não tem na Assembleia Legislativa, uma legislação sobre emenda impositiva, mas o que se fala é que na Assembleia Legislativas, cada deputado tem em torno de R$ 1 milhão de reais, eu não sou contra que o legislativo tenha e ele precisa ser independente, Câmara recebe o duodécimo, vai para a Câmara e a câmara, através de sua mesa diretora, usa o dinheiro para seu funcionamento e efetuar esses gastos. Fora disso, a prefeitura ter que destinar para a Câmara, R$ 10 milhões por ano, eu acho realmente que não é o momento de a gente fazer isso, mas também já digo aqui agora, como falei para eles, vocês têm a responsabilidade sobre as próprias pernas, eu vou dar sempre a minha opinião, mas não vou impor, nem vou fazer negociatas sobre situações que a gente acha que deve ou não acontecer. O que eu acho que não deve acontecer, eu vou estar no diálogo com eles, vou dar a minha opinião, mas também virei a público dizer o que acho sobre determinado assunto.  Minha opinião pública de cobrar, ou de reconhecer, de entender se isso é ou não necessário, eu entendo que não é o momento de a gente ter um dispêndio relacionado a R$ 10 milhões por ano, para que a gente possa, nesse momento, na verdade o que eu quero é retrair um pouco os gastos, claro, sem nenhum problema para os serviços públicos, mas que a gente possa arrumar a casa, entendendo a melhor forma de agir. Eu já emendo dizendo sobre um fato que foi público, e todo mundo viu. Pouco tempo depois do resultado das eleições, eu estava em Brasília, já buscando recursos para o ano que vem com o deputado federal, Danilo Forte, e chegou ao meu conhecimento que iria passar naquele mesmo dia um Projeto de Lei na Câmara, aumentando os salários do prefeito e do vice-prefeito. Isto teria um impacto na folha de pagamento de R$ 400,00 a R$ 600,00. Então eu vim a público pedir aos vereadores que não votassem aquele aumento, porque acho que não era o momento de se discutir, porque a questão era o que isso traria de aumento para a folha de pagamento, o que isso traria de dificuldade com o pagamento da folha, então naquele momento fiz um vídeo, pedi, fui prontamente atendido, os vereadores tiraram da pauta e não foi votada. Assim também será com relação às emendas impositivas, ou alguma outra legislação que a gente entenda que não seja benéfica para o município, então é assim que a gente vai atuar, para que as pessoas entendam o que se passa na nossa cidade.

A Praça: Qual a mensagem que você deixa a população iguatuense?

Roberto Filho: Muito obrigado. Eu quero agradecer em nome do doutor Paulo de Tarso, pela oportunidade da entrevista. Uma pessoa a que eu tenho grande admiração, grande empresário, empreendedor, grande médico do Iguatu e editor-chefe desse jornal referência da nossa cidade. Em nome dele, eu agradeço a todos vocês jornalistas, equipe técnica, repórteres e a população. E agradeço, claro, também a toda a imprensa, em nome do jornal A Praça, que se manifesta e que fez a cobertura das eleições de Iguatu. Algumas vezes, para ser honesto, de uma forma com alguma parcialidade, não foi o caso do Jornal A Praça, mas alguns outros meios fazem, e cada um tem a sua linha de fazer a forma de cobertura da imprensa. Mas eu agradeço, mesmo assim, a todos os órgãos da imprensa. Quero conclamar que todos façam parte dessa fiscalização, dessa administração, desse novo momento que eu quero que o Iguatu viva. Eu estou aqui, representante da população. Tenho certeza que a população anseia por essa novidade, anseia por essa mudança, e foi por isso que nós fomos eleitos. Me direcionando à população iguatuense, aos mais de 29 mil eleitores que acreditaram no nosso projeto, mas também e para os outros que naquele primeiro momento preferiram aderir às outras candidaturas. A partir do dia 1º de janeiro de 2025, eu espero que todos possamos estar unidos, buscando o bem da nossa cidade, o bem da nossa população, para que a gente tenha uma verdadeira mudança nos serviços públicos, no nosso convívio. Vamos desmontar os palanques, vamos fazer de tudo para que a nossa cidade cresça. Eu sou simplesmente representante, posso ser vetor desse movimento, mas espero que vocês nos ajudem e estarei sempre à disposição para discutir, para conversar e para que a gente encontre essas saídas. Conclamo também aqui o poder legislativo, todos os vereadores têm certeza que vão nos ajudar nesse desafio, todas as instituições e os órgãos de classe, toda a sociedade civil organizada. É hora, sim, de novo Iguatu, Iguatu moderno, o Iguatu, que busca a solução, que busca a saída pensando no futuro. Vamos deixar o passado para trás! Vamos simplesmente aprender com os erros do passado, mas não vamos ficar a remoendo desse passado. Vamos pensar no futuro e trazer soluções que eu tenho certeza que ao final desses quatro anos, essa cidade vai ser uma nova cidade com muito mais orgulho da nossa população e que as pessoas é que vão ser o centro da administração da gestão de Roberto Filho. Muito obrigado a todos. Continua à disposição de todos vocês.

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