Entrevista: Emanuel Martins, Coordenador da Captação de Doadores do Hemocentro Regional Iguatu

01/05/2021

Emanuel Martins, Mestre em Cuidados e Saúde pela UECE-Universidade Estadual do Ceará, coordenador da Captação de Doadores do Hemocentro Regional Iguatu, é o entrevistado desta edição do A Praça. O tema está focado na Covid-19, no âmbito da hemorrede e as doações de sangue, quando o entrevistado esclarece dúvidas e traz informações relevantes para os leitores

A Praça – Como estão acontecendo as coletas de sangue, pelo Hemoce, neste período de pandemia?

Emanuel – Estamos mantendo todas as ações de captação para coleta de sangue, realizando coletas de sangue nos vários municípios de abrangência do Hemocentro e intensificando o contato com os doadores, seja através do contato telefônico e WhatsApp ou pelas redes sociais do Hemoce. Nesses tempos de pandemia, temos feito um esforço para conscientização da população para que as doações de sangue sejam mantidas, uma vez que o consumo de sangue continua em todas as unidades hospitalares e só com a doação de sangue poderemos continuar salvando vidas.

A Praça – Nesta fase pandêmica, as coletas nos municípios da região continuam compondo o maior volume de bolsas?

Emanuel – No Hemocentro Regional de Iguatu as doações provenientes das coletas externas correspondem a 73% do total de bolsas coletadas, o que significa que a cada 10 bolsas de sangue, 7 vieram de outros municípios ou coletadas fora da sede do Hemoce de Iguatu. Com isso, o estoque de sangue da nossa regional depende da coleta externa. É importante ressaltarmos a necessidade de uma maior mobilização da população do município de Iguatu no sentindo de ampliarmos o número de doadores, bem como a regularidade daqueles que já doaram, mas que se encontram afastados ou doam esporadicamente. Isso passa por um maior envolvimento da sociedade, das organizações, empresas e demais setores organizados da sociedade; é preciso criar o hábito de doar e de incentivar essa prática.

A Praça – Que medidas o órgão tem adotado, no sentido de garantir a segurança dos doadores, em relação aos riscos de transmissão pelo Coronavírus?

Emanuel – Toda a hemorrede do estado tem seguido rigorosamente todas as medidas sanitárias de combate à transmissão do novo coronavírus como higienização das mãos, distanciamento, uso da máscara. Para evitar aglomerações, desde o início da pandemia, temos adotado o agendamento das doações, tanto para a coleta interna quanto nas coletas externas, sendo que o próprio doador pode acessar um link (doador.hemoce.ce.gov.br) e agendar sua doação, escolhendo o dia e horário. Com isso, o processo da doação torna-se mais seguro, uma vez que é estabelecido, de acordo com a capacidade física de cada local, o número de doadores por horário, o que garante um fluxo seguro de pessoas.

A Praça – Nesta segunda onda da pandemia houve queda nas coletas de sangue pelo Hemoce?

Emanuel – Nesta segunda onda, sentimos maior dificuldade em manter a programação de coletas externas porque muitos municípios ficaram em situações críticas de transmissão, bem como outros relataram dificuldades para dar apoio à realização das campanhas nos seus municípios. Dessa forma, clamamos aos gestores dos diversos municípios cearenses para que apoiem as campanhas do Hemoce, porque do contrário poderemos ter um outro problema sanitário, a falta de hemocomponentes.

A Praça – Que normas o Hemoce adota para ‘testar’ os doadores e verificar se o candidato a doação está contaminado ou não?

Emanuel – O Hemoce não realiza testes de covid para triagem. Cada vez que uma pessoa se candidata a doar sangue, ela passará por uma triagem clínica, onde o profissional irá avaliar o risco deste indivíduo estar contaminado com base em dados clínicos e epidemiológicos, uma vez que os estudos mostram não haver transmissão de covid pelo sangue.

A Praça – O doador que teve Covid-19, pós-tratamento, comprovando que não está mais com o vírus, pode doar?

Emanuel – Excetuando-se os casos graves, todas as pessoas que tiveram covid-19 há mais de 30 dias do fim dos sintomas, poderá doar tranquilamente. É importante esclarecer que a covid-19 é uma doença com sintomatologia muito variável, ou seja, pode ser de uma dor no corpo, indisposição, sintomas gripais, uma diarreia a sintomas mais severos como cansaço intenso ou problemas vasculares, o que implica em maior atenção dos profissionais.

 

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