Na terça-feira, 27, um grupo de membros LGBTQIAPN+ de Acopiara foi recebido na escola profissionalizante Alfredo Nunes de Melo, que pertence à rede estadual de ensino, para diálogo entre estudantes, professores, e membros do Coletivo Acolher, com o tema “Adversidade e resistência”, e outros assuntos relacionados com a prática de preconceito, exclusão, homofobia e violência que os homossexuais, lésbicas, travestis, trans e outros sofrem, pelo fato de sua orientação sexual, consequentemente sem ocupar os mesmos espaços na vida socioeconômica vivendo no ‘anonimato social’, à margem dos direitos como cidadãos e cidadãs, sob o manto da exclusão.
O encontro aconteceu no auditório da escola e abriu espaço para oficina com outros temas de interesse como família, proteção social, resistência e vivências pessoais, por ocasião do Dia Nacional da Adversidade, comemorado em 28 de junho. Foi a primeira vez, na história do município, que uma instituição pública de ensino abriu suas portas para a comunidade LGBT debater os direitos cidadãos e a participação na vida da sociedade.
Segundo os organizadores, o evento contou com a participação de em média 150 estudantes do ensino médio, que interagiram, tiraram dúvidas e fortaleceram o diálogo proposto. Os integrantes do movimento LGBTQIAPN+ defendem que suas ideias e pensamentos, assim como suas ações, sejam vistos na imprensa, fortalecendo a esperança e o diálogo. “Em 2023, é algo que precisamos ver na mídia, especialmente levando em conta o alto índice de violência contra a comunidade LGBTQIAPN+, no Ceará”, ressaltou um integrante.
Realidades e possibilidades
Lilith Letícia Torres, integrante do Coletivo Acolher estudou na escola Alfredo Nunes em 2010 e relatou o que encontrou ao retornar. “Eu fui uma aluna travesti tentando ter a minha identidade feminina respeitada. Foi preciso muito enfrentamento para eu ter o básico, então participar hoje desse bate papo foi incrível, enriquecedor”, frisou.
O debate foi mediado pelo educador social Messias Pinheiro, que também coordenou a oficina com o público participante. “Na oficina, utilizamos o método freireano: ‘não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes’. Assim, eles se sentem mais livres para participar, o que resulta em muitas perguntas e respostas”, explicou.
Fortalecer o debate dentro da escola sobre o tema Adversidade deve estar no plano da escola. Uma das ouvintes do evento, a estudante Polyana Alves, 14, relatou “que o debate foi capaz de ajudar, pois muitos alunos que se identificam, só que têm vergonha de expor, por causa da sociedade”, ou por conta de colegas “ainda muito preconceituosos”. De acordo com ela, amigos de turma consideraram a palestra importante por apresentar novas visões de mundo e diferentes realidades e possibilidades.
Coletivo Acolher
O Grupo de Acolhimento, Partilhas e Vivências LGBTQIA+ de Acopiara (Grupo Acolher) é um coletivo de articulação, formação, luta e resistência por políticas públicas para a população LGBT no município de Acopiara. O grupo existe desde 2018. Um espaço de fala, de escuta, de autoreconhecimento do cotidiano. Nele são debatidos assuntos como afetividade, aceitação, sexualidade, mercado de trabalho, família, amigos, participação social, dentre outros.
O grupo reúne-se mensalmente e congrega 23 membros, dentre eles gays, lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais, outras expressões e ‘alinhadxs’. “O grupo Acolher é uma atividade totalmente voluntária e um coletivo da sociedade civil, dentre trabalhos de acolhimento, oferecemos orientação jurídica, orientação social, acolhimento pastoral, encaminhamentos para a rede socioassistencial”, finalizou Messias.
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