Em 26 de janeiro, no SESC de Iguatu, a noite de autógrafos marcou o lançamento do livro “Âmbar”, da escritora iguatuense Maria Lopes. O livro é uma coletânea de poesias, mais voltadas para a temática social: racismo, pobreza, desamparos. Segundo declarou a autora, “’Âmbar’ é um ciclo introdutório de poesias reunidas em uma só obra e que traz à viagem uma mensagem íntima das guerras e enfrentamentos quotidianos”.
Quem fez o prefácio da obra foi Romualdo Lima, um velho conhecido da escritora. “… Terá o leitor, adiante, uma obra que convida à entrega dos sentimentos, ainda que contida, de alguma forma, pelo ser/objeto amado, numa viagem que se lança à paixão, com todas as condições e contradições humanas, como a dizer que é preciso, antes de tudo, amar. Mas amar com a chama da paixão ladeada com a leveza da alma; com a certeza dos atos concretos da vida e a idílica ideia de somente amar. Nesse ponto, se permite a autora a entrega mais profunda da alma, sequenciada por versos de saudades, preenchidos dessa intensidade de sentimentos: versos chorados, saudosos, mas que trazem a presença concreta do amor distante. O sentimento de saudade de quem se põe em noites insones”, lembrou Romualdo.
“Âmbar”, dentro do universo literário, e na retaguarda da crítica social, um estilo da escritora Maria Lopes, apesar de mais se voltar para os temas sociais, há poemas de tez romanesca e de entrega, como se pressente em ‘Dama’”:
Vieste como tempestade de inverno
E tomaste-me das mãos uma flor pálida
Arrebatando-me a torturas de desejos
Subordinada à rua têmpora cálida
De um torvelinho que me enroscou
Traçando-me em peças tal e qual canastra
Em muitos naipes me embaralhou
“Dama de Copas”, expus-me vadia
Incendiando numa noite fria
No pano verde, esteio do amor
Maria tece as palavras e rimas sonoras bruscas: ‘flor pálida, têmpora cálida’, ‘enroscou, em muitos naipes me embaralhou, no pano verde, esteio do amor’. Em sua obra e veia literária, a escritora e advogada criminalista, uma mulher que não tem ‘papa nas escritas’, nem medo de falar o que pensa, sem acanhamento, vai juntando as palavras e fazendo nascer as rimas clássicas, sendo que cada estrofe, de cada poesia, remete o leitor aos quadros socioculturais da cidade, seus costumes, bairrismo, sua gente e tradição.
Como o próprio título original diz ‘Farpas e Pétalas – Âmbar’ é uma obra de 96 páginas, um livro de cabeceira, de mala, de viagem, para ler em qualquer lugar. É produção independente publicada, a partir de uma iniciativa própria da escritora.
A noite de lançamento reuniu amigos da escritora, convidados, apaixonados por leitura, poesia, crítica literária. Uma noite agradável com amigos, perfeita para boas gargalhadas, troca de letras, verbos, ideias e um novo ingrediente de letras para as melhoras horas do ‘quotidiano’, como escreveu Lopes, no português menos formal e usual.
Encerrando suas palavras, a escritora disse que “À trajetória da existência costuma-se equiparar com um barco a deslizar em um rio, alguns deles, com amplos remos, outros, deixam-se levar pela correnteza…”
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