‘’A tradição da Esquerda é julgar o sucesso humano pelo fracasso de alguns. Isso sempre lhe oferece uma vítima a ser resgatada. No século XIX eram os proletários. Nos anos 60, a juventude. Depois as mulheres e os animais. Agora o planeta.’’ – Roger Scruton
O amigo leitor provavelmente já deva ter conhecido alguém que, embora quase nunca tenha frequentado a uma missa, se diz, por conveniência, católico. Nem sequer se recorda da última vez em que participara de uma liturgia… mas, repito, por conveniência, para se dizer posicionado religiosamente, é, até segunda ordem, um judaico-cristão.
Assim do mesmo modo é o esquerdista. Quando não se entende nada (ou quase nada) sobre política, o indivíduo se diz esquerdista, posto que ‘‘a maioria o é’’ – essa é a máxima desculpa, utilizando-se do aforismo ‘‘A voz do povo é a voz de Deus’’- , haja vista o lulismo nordestino exacerbado, sedento por políticas públicas em demasia, Estado máximo e, com isso, utilizando-se dessa velha política de assistencialismo como cortina de fumaça, o retorno das corrupções inerentes à esquerda da era Lula poderão voltar a se fazerem presentes. Mas o brasileiro, ao que parece, é um povo de memória curta… isso quando não opta por negar tais más condutas do senhor Luiz Inácio.
O direitista, por outro lado, para não cair no senso comum, nas falácias da tal dita maioria, tem de embasar seu pensamento nos aportes teórico-metodológicos do conservadorismo e do liberalismo econômico. Engajar-se em grupinhos militantes não é algo que o agrade; essas são práticas dos nossos antagonistas. Os ‘canhotas’ vivem em bando porque não possuem maturidade suficiente para se bastarem, para sair da sua zona de conforto e buscarem as respostas, de modo solitário, nos livros dos autores que embasam as mais variadas correntes de pensamento por ele descobertas.
Veja ao seu redor, preclaro leitor, e perceba se não é verdade o que vo-lo tenho dito. Desde a sua simplória vovozinha até o seu parente mais distante, nos grupos da família, se os que mais berram não são exatamente os que menos entendem de política (e, aqui, incluo também os néscios direitistas, posto que sei bem que eles existem, ainda que em menor número, se comparado com os esquerdistas).
Nas redes sociais, então, essa questão fica ainda mais evidente: um cenário bélico de ignorantes de toda sorte. Polarizado, é um campo de debate pobre, sem fundamentação filosófica; ficam na superfície ridícula da dicotomia lulismo x bolsonarismo. E é evidente que seria impossível esperar aprofundamento de gente que é inimiga dos bons livros políticos e econômicos, por exemplo.
Certa feita, eu disse que a política de hoje não me interessa. E reafirmo. Continua a não me interessar, posto que as amenidades e a ignorância são os condutores do debate político dos artistas e do dito do cidadão comum de um modo geral. Muitos e muitos são esquerdistas puramente por conveniência… e preguiça e falta de brio.
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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