Cursar Educação Física é o sonho do estudante Abel Silva, 23. O mais importante dos passos ele vem dando que é estudar, mas ainda falta dinheiro para fazer a inscrição do vestibular: R$ 75,00, pagando 50% da inscrição. Foi daí que ele teve a ideia de pesquisar na internet alguma forma rápida de conseguir dinheiro.
“Achei vídeos e histórias de pessoas que passaram a fazer brigadeiros e outros docinhos e vender. Fiz a primeira vez como experiência. Deu certo. Saí com 20 docinhos, vendi tudo, mas o dinheiro não era ainda suficiente. Fiquei empolgado e passei a fazer os docinhos pela manhã e sair à tarde para vender. Deu certo. Depois de três dias consegui um pouco a mais que o dinheiro da inscrição que precisa. As pessoas gostaram e continuo vendendo”, comemora.
Desempregado e de família humilde, o rapaz decidiu continuar a fazer os docinhos para vender. Os ingredientes, faz questão de comprar tudo de primeira qualidade. Chocolate, granulados e embalagens, esses são os materiais que Abel utiliza para fazer os docinhos. “Não tem segredo: depois que unto as mãos com manteiga, faço as bolinhas de brigadeiro e beijinhos gourmet. Está só com dois meses que faço. Antes demorava muito, os docinhos não eram iguais. Mas depois que peguei a prática, ficou mais fácil”, acrescenta Abel.
Ajuda em casa
Ele mora com os avós, no Bairro Vila Centenário. Empolgado, diz não ter vergonha do que faz. “Se for pensar nisso, não saíria de casa, não teria conseguido meu primeiro objetivo, e nem estava tendo condições de ajudar nas despesas de casa. “Ele ajuda no que pode. Já comprou uma mesinha para fazer o trabalho dele, consegue comprar mais produtos. Ele está feliz e espero que meu filho vá adiante”, ressalta dona Socorro Silva, avó de Abel.
O jovem divide o tempo também com os estudos, corrida e treinos de fisiculturismo. “Todo dia, saio de casa às 14h saio carregando a vasilha cheia. Saio andando pelos bairros aqui perto, pelo centro só volto depois que vendo todos os docinhos”, diz.
Com as vendas dando certo, Abel passou a comprar mais material, dobrou a produção, passando de 20 para 50 docinhos por dia. Já conquistou até uma clientela. “Me senti motivada com a história dele, que sempre quis estudar, cursar uma faculdade. Por isso resolvi ajudar. Compro para revender aqui na minha lanchonete. As pessoas estão gostando. Se Deus quiser, ele vai conseguir ir longe”, profetiza Elineuda Macedo, comerciante.
Docinhos, medalhas e troféus
A unidade do brigadeiro é vendida a R$ 1,50. O beijinho custa R$ 1,00. Abel acaba tendo que se desdobrar, fazendo os doces, vendendo, estudando. Além de também correr e praticar fisiculturismo. Aplicado e determinado, passou a praticar o esporte há dois anos e já coleciona medalhas e troféus nas competições de que participa. “Quero cursar Educação Física, para ser um atleta com uma formação completa. Quando criança era doente. Só vivia internado por conta de pneumonia. O esporte me ajudou, na minha saúde. Já ganhei muitos troféus e medalhas. O esporte não ainda não me deu dinheiro, mas com a venda dos doces consigo pagar também a inscrição de alguma competição, uma viagem. Dá dando certo. Mesmo depois que conseguir passar no vestibular, vou continuar vendendo doces”, concluiu confiante.
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