A pandemia provocada pelo novo coronavírus impactou também diretamente no desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes. Com as aulas presenciais suspensas desde a segunda quinzena de março, alunos e professores tiveram que se adaptar a essa nova realidade. O ensino remoto através das plataformas digitais passou a ser um desafio a mais para estudantes que têm deficiência, entre esses a auditiva.
O pequeno Fábio Gabriel, de apenas 11 anos de idade, cursa o 6º ano no Caic, no Bairro João Paulo II. Ele nasceu com problemas auditivos, com perda auditiva em mais 70%. Gabriel, como é conhecido, disse sentir falta da escola, dos professores e dos colegas. Afirmou que acha bom ficar em casa brincando, estudando. Mas inicialmente tinha dificuldades em acompanhar as aulas on-line. Isso porque ele assiste às aulas através de um aparelho celular, com tela de pouco mais de 5cm. Sem computador em casa, o desafio começa em tentar enxergar tudo bastante reduzido na telinha. É preciso muito esforço para acompanhar as aulas e atividades escolares.
Em Iguatu, Gabriel e outros oito alunos recebem a assistência de intérpretes, através da Central de Interpretação, ligada à Secretaria de Educação do Município. São cinco profissionais que auxiliam diretamente os conteúdos aos estudantes através de atividades adaptadas. Para a intérprete da Língua Brasileira de Sinais, Libras, Regiane Vieira, o distanciamento social que afastou os alunos diretamente da escola, de certa forma aproximou os profissionais da educação para uma nova realidade de ensino, através das plataformas digitais. “Nós tivemos que nos adaptar, pelas plataformas auxiliando esses alunos. Nós fazemos tudo que podemos para que eles tenham um bom aprendizado e consigam entender todo o conteúdo repassado pelos professores”, explicou.
Desafios
Mas segundo professores, alunos e intérpretes, entre os principais problemas enfrentados acaba sendo a conexão à internet. “Muitas vezes o sinal ruim fica incompreensível o conteúdo através da Libras, isso com imagens travadas, áudios incompletos. Isso é um tormento porque acaba tanto eles quanto a gente perdendo a linha de raciocínio”, apontou a intérprete Denise Pereira de Lavor.
Algumas vezes as aulas ao vivo são substituídas por vídeos gravados, conteúdo escrito e auxílio dos intérpretes. Para o estudante Eric Barbosa, 17, que está no 9º ano na Escola Maria Selvita, na Penha, é importante esse trabalho dos intérpretes, pela forma didática que ajudam no aprendizado.
O professor Hélder Menezes ressalta que prevenir a saúde é importante, que todos mantenham as regras de segurança sanitária, mas acredita que haverá perdas no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos em geral com as aulas nesse sistema on-line. “Essa pandemia deixou à tona a questão do compromisso do aluno, que de algum modo a família apoia, ele quer. É o mal necessário. Mas deixa a desejar”, destacou.
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