Estudantes da UECE pedem concurso para professor e melhorias na instituição

11/09/2021

Estudantes da UECE – Universidade Estadual do Ceará procuraram a imprensa para tornar público um movimento que vem ganhando força em todo estado, de uma série de reivindicações em prol instituição de ensino superior pública. Entre essas, a realização de concurso para professor efetivo.

Os estudantes alegam que existe uma defasagem ‘gritante’ entre o número de professores que deixou a instituição e o número de profissionais contratados e empossados. De acordo com os estudantes, há prejuízos, acadêmico e social, por causa da carência de professores e a defasagem de cursos e disciplinas na instituição em todo estado. Em razão do desligamento de professores, por motivos diversos e as vagas não terem sido preenchidas, em concursos públicos, os estudantes enfatizam que a situação da falta de professores, cursos e disciplinas se agrava a cada semestre.

Participaram da organização dessa mobilização cerca de 80 alunos das UECE. Segundo os envolvidos, o número de alunos ajudando no compartilhamento da petição é bem superior, considerando os mais de 50 cursos da UECE, os quais ajudaram bastante no compartilhamento da petição que colheu assinaturas para encaminhamento ao Governo do Estado. Os estudantes coletaram mais de duas mil assinaturas em três dias.

Uma das maiores preocupações dos estudantes que encabeçam a mobilização é que a sobrecarga aos professores existente, por causa da falta de outros docentes, pode gerar danos graves à saúde dos docentes e comprometer também a qualidade dos cursos. Muitos profissionais estão se desdobrando para cobrir disciplinas e cadeiras na instituição que estão sem professor. O mesmo professor que ministra a cadeira Embriologia e Histologia na Medicina também o faz na Enfermagem e na Nutrição, é o mesmo docente que ministrava tais disciplinas: Imunologia Clínica (S7); Microbiologia e Imunologia MAD (S3); Farmacologia geral (S4); Farmacologia para Nutrição, porém seu contrato venceu então tais cadeiras ficarão sem professor e os alunos sem aula. Outro exemplo: o mesmo professor de patologia médica é o professor de patologia na Enfermagem, seu contrato encerra em janeiro de 2022 e tais disciplinas ficarão sem professor. O mesmo docente ministra aulas de Parasitologia, Toxicologia Médica, Virologia Médica e Farmacologia na Nutrição.

Antonio Neto, iguatuense, estudante de Medicina, UECE

Carência de mais de 200 docentes

De acordo com o estudante Pedro Diógenes, 24, acadêmico do curso de Medicina, o grau de insatisfação dos estudantes começou a crescer quando os acadêmicos perceberam a grande diferença entre o número de professores que deixaram a UECE e os que ingressaram. Pedro foi um dos estudantes a encabeçar o movimento de reivindicação por concurso público, pelo Governo do Estado, para contratação de novos professores. Ele disse que a mobilização começou ainda no mês de junho deste ano e já repercutiu em todos os órgãos e no meio da sociedade. O estudante assegura que o movimento é legítimo e suprapartidário.

Os estudantes encaminharam ao governador Camilo Santana uma petição com mais de 2.300 assinaturas de acadêmicos de todos os mais de 50 cursos da UECE. No documento eles reivindicam a realização de concurso, argumentando que é necessária e urgente a ação do governo visando suprir a defasagem. Uma tabela comparativa, na qual os acadêmicos mostram que de 01/01/2007 a 05/03/2021, a UECE perdeu 446 professores considerando aposentadorias, falecimentos, exonerações, foi encaminhada junto com a petição, mas, segundo os estudantes, até o momento não houve atenção e os pleitos não foram atendidos. No mesmo período, segundo a tabela, apenas 232 professores foram empossados, o que gerou um déficit de 214 profissionais. Segundo os acadêmicos, o último ano em que houve posse de professor foi em 2016, há mais de 05 anos.

Conforme os levantamentos feitos pelos estudantes, em dezembro de 2016, a carência era de 135 docentes, já no ano de 2017 esses números subiram para 166 e em 2018 chegaram a 182. No ano seguinte, em 2019 já alcançava 198, no ano passado a carência chegou 210 e até março deste ano já era de 214 docentes.

Os estudantes questionam a implantação de novos cursos, de Medicina e de Turismo, na URCA, instituição pública de ensino superior, se os mesmos cursos já existentes na UECE não estão recebendo atenção adequada. Na visão dos acadêmicos, ao invés de o governo optar pela criação de cursos em outras instituições públicas, cursos esses que já existem na UECE, o ideal seria melhorar os que já existem, garantindo a qualidade do ensino, fortalecendo a instituição e assegurando aos discentes uma carreira acadêmica com um currículo também valorizado.

Prioridade

O estudante Antônio Neto, 18, natural de Iguatu, acadêmico do curso de Medicina da UECE, alertou para os problemas graves da falta de professores. Segundo o acadêmico, o levante dos estudantes é por uma causa justa, já que a comunidade acadêmica teme por danos ainda mais agudos, se o governo não olhar para a gravidade da falta de professores com prioridade. Antônio Neto lembrou que havia uma informação da publicação de edital para concurso de professor para agosto deste ano, mas o mês já passou e nada foi publicado. “Existe uma petição exigindo a reposição de professores efetivos. Estamos na articulação desse movimento legítimo para a nossa classe, porque muitos professores se aposentaram, alguns faleceram e não houve, por parte da UECE, uma reposição de professores efetivos nessas cadeiras, aumentando e muito a defasagem de docentes na instituição”, frisou.

 

Nota da UECE

A reportagem procurou a reitoria da UECE para responder aos questionamentos. Leia na íntegra a nota encaminhada à redação do A Praça pela instituição:

A Universidade Estadual do Ceará (UECE), juntamente com o Governo do Estado, planeja realização de concurso público para reposição de vagas de aposentadorias, exonerações e falecimentos de docentes, para suprir a carência de docentes efetivos e, em paralelo a esse planejamento, a UECE dispõe hoje de 397 professores em regime temporário (substitutos, temporários e/ou visitantes), 728 professores efetivos e 377 trabalhadores técnico-administrativos efetivos. As negociações com o Governo do Estado para a realização deste concurso já estão em andamento.

Para 2022, ano em que deve deixar de vigorar a lei complementar 173/20, legislação federal que impede o aumento de pessoal em todo o serviço público do país, um outro concurso público para docentes deve ser realizado para contemplar os cursos existentes e as perspectivas de ampliação da atuação da UECE, com a criação de campi em Canindé e em Quixeramobim. O planejamento para a realização deste concurso também já está sendo realizado.

A Uece conta com amplo apoio do Governo do Estado, que tem investido no fortalecimento da instituição, como exemplificam ações como a construção do Hospital Universitário do Ceará no campus da UECE no Itaperi, o suporte às pesquisas de desenvolvimento de vacina, a distribuição de chips para estudantes acompanharem as aulas via internet, e as intervenções de melhoria física de prédios e instalações da Universidade, com diversas obras em andamento. A aplicação de recursos em Educação se dá de forma planejada e responsável, num processo contínuo. Em adição, o Governo do Ceará aportou R$ 2 milhões reais em 2021 para investimento em laboratórios de ensino de graduação. Esse investimento será uma ação contínua da Universidade nos próximos anos como apoio do Governo do Estado.

Ficamos à disposição.

Atenciosamente, Sara Melo – Assessora chefe de comunicação – UECE

MAIS Notícias

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *