Estudiosos apontam potencial de 6 mil novos casos de Covid-19 em Iguatu

27/06/2020

O preocupante avanço do vírus deixa o sinal de alerta ligado para as autoridades de saúde do município de Iguatu. A prova é aplicação de medidas mais restritivas para o cumprimento das medidas de isolamento social, hoje apontada como único meio de evitar a disseminação da COVID-19 (novo coronavírus).

O A Praça procurou os estudiosos Thiago Amorim e Leandro Lucena, biólogo e estatístico, respectivamente, que fizeram o levantamento do comportamento da doença e seu potencial de crescimento.

O biólogo iguatuense fez um desenho da curva de simulação de aumento de novos casos em Iguatu. Com referência aos dados de quase três meses, foi possível identificar um modelo exponencial com 96,2% de semelhança. “Isso significa que a taxa de infecção está muito alta. O expoente da curva indica a taxa de aparecimentos de novos casos por dia, ou seja, um aumento de 6,7% do número do dia anterior”, disse.

O gráfico apresentado por Thiago se encaixa em um modelo exponencial com 96,2% de semelhança – FOTO Reprodução

 A equação do modelo de regressão logística prevê em uma simulação de 30 dias, o potencial de alcançar cerca de 6700 novos casos. “Se ela se mantiver assim, em um mês, 263 pessoas, no mínimo, estariam em situação gravíssima e precisando de UTI. Iguatu só tem 20 leitos disponíveis que já estão quase todos ocupados”, explicou Thiago.

O estudo do biólogo, que tem mestrado e doutorado em ecologia pela UFC, deu-se quando o município obtinha 611 confirmados. “A curva mais aproximada de uma doença seria a logística (em forma de S), mas ainda estamos na fase de crescimento”, pontuou.

Estatística

DatasPrevisãoLimite Inferior de 95%Limite Superior de 95%
27/06/2020780773795
28/06/2020801797812
29/06/2020821816833
30/06/2020842838850
Levando em consideração a margem de 5%, o professor Leandro fez as previsões para os próximos quatro dias

Estatísticos utilizam a previsão para os 15 dias posteriores. “O vírus se comporta de maneira aleatória. E devemos levar em consideração a subnotificação”, ressaltou o professor doutor Leandro Lucena, da Universidade Federal de Serra Talhada (UFRPE-UAST) de Pernambuco.

Conforme o professor pernambucano, a média do número de casos diário por Covid-19 em Iguatu na última semana foi de 21 casos, já nos três últimos dias teve-se em média 23 novos casos diários, quase um caso por hora. A curva epidêmica de Iguatu apresenta comportamento crescente e não chegou ao pico (ponto de estabilização da curva). “Este cenário ainda pode ser pior, pois estudos apontam que para cada caso confirmado estima-se que existam entre 13 e 50 pessoas infectadas circulando e que estão fora das estatísticas pela subnotificação, levando o município a ter entre 9.971 a 38.350 pessoas infectadas”, alertou.

Em uma simulação Leadro adianta que espera-se que o pico em Iguatu esteja próximo de meados de agosto com aproximadamente 1200 casos

Conforme o estudioso, o número de casos de Covid-19 em Iguatu teve um crescimento exponencial, com taxa de crescimento de novos casos diário de 10,94%. “Fazendo uma simulação com o comportamento atual do vírus no município, espera-se que o pico em Iguatu esteja próximo de meados de agosto, apresentando aproximadamente 1.200 casos”, adiantou Leandro.

Quadro atual

Em cinco dias o município de Iguatu contabilizou 189 novos diagnósticos de Covid-19. Hoje soma em seu total 767 confirmados, com 64% de curados, em números reais 485 pacientes. O município possui 255 pessoas diagnosticados e com o vírus ativo. Destes, 237 cumprem isolamento domiciliar e 18 permanecem internados em unidades de saúde. Há ainda 688 pessoas estão enquadradas como suspeitas e possuidoras e sintomas semelhantes a doenças virais. Um total de 27 pessoas evoluíram a óbito em Iguatu que dá uma letalidade de 3.5%.

Na véspera de São João, terça-feira, 23, foi o dia com maior número de testagens positivadas: 55 no total. O mesmo dia foi o mais letal com três mortes. A cidade registrou exatos 90 dias do registro do primeiro infectado nesta sexta-feira, 26, com a média de mais de duas mortes por semana. O panorama dos dados pode ser modificado, com os testes dos casos enquadrados caso suspeitos realizados entre março e junho sejam positivos.

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