Fábrica de polpas monta estratégia para manter vendas e as irmãs que inovaram na marmitaria

01/08/2020

Nesta edição do caderno ‘Pequenos negócios e os impactos da pandemia’, o leitor conhece novas histórias de mulheres empreendedoras. São elas que estão mostrando à sociedade o que são capazes de fazer, mesmo num cenário pandêmico. Elas são o maior exemplo de empoderamento. Mulheres que não se intimidam com o trabalho, nem com os desafios de tocar um negócio, considerando as muitas intempéries do mercado econômico.

As irmãs Zoene e Zenilda há três anos fundaram uma marmitaria, no bairro Alto do Jucá, próximo à subestação da Enel, Rua Cel. José Adolfo. A exemplo de outros moradores, elas também ficaram assustadas com a chegada da pandemia. Fecharam a marmitaria, mas depois reabriram, já seguindo as normas dos protocolos e decretos estabelecidos pelo município e o estado.

Francisca Lourenço, ‘Quinha’, é exemplo de força e coragem. Ela comanda com os filhos uma fábrica de polpas. Em 2015 sofreu uma perda irreparável com a morte do esposo, mesmo assim se refez com força para seguir em frente. Afinal, a continuação do negócio dependia exclusivamente dela.

Quinha, Luana, Elisângela, Zoene e Zenilda são mulheres de faixas etárias diferentes, sonhos diferentes, mas de objetivos comuns. Elas trabalham diariamente para agradar paladares com sabores proporcionar aos consumidores comida caseira, nas ‘quentinhas’ fornecidas pela marmitaria das irmãs, e os sucos, sorvetes, mousses, geleias, doces que podem ser originados das polpas da ‘Quinha da Polpa’. As empreendedoras lidam com o sucesso gastronômico de produtos que já fazem parte da mesa do consumidor. Por um lado, comidinha caseira pronta, por outro a polpa ‘in natura’ para transformar em sucos ou sobremesas.

Os dois empreendimentos, ‘Marmitaria das Irmãs’ e ‘Quinha da Polpa’, a exemplo de outros pequenos negócios, também foram e ainda estão sendo impactados pela crise sanitária. Com esses pequenos negócios funcionando, apesar das limitações, as famílias que dependem deles para suprir suas necessidades, só têm a comemorar. Num cenário econômico de incertezas com desemprego em alta e desenho de profunda recessão, empreender e esboçar coragem mediante os desafios quase que virou um hábito para essas mulheres vencedoras.

Quinha das Polpas

Emprestar o próprio nome ao empreendimento é uma prática corriqueira no universo dos pequenos negócios. ‘Quinha da Polpas’ foi o nome incorporado pela empreendedora Francisca Lourenço de Lima, criadora do empreendimento ‘Só Frutas’ (da área de produção de polpas naturais da fruta), que já funciona há mais de uma década e é a principal fonte de renda da família. De espírito empreendedor e sempre de olho no crescimento do negócio, Francisca Lourenço já conseguiu se formalizar, gera emprego com carteira assinada e pode vender seu produto para qualquer lugar, inclusive com a emissão de nota fiscal.

De Francisca, a Francisquinha e finalmente Quinha, o apelido foi incorporado ao negócio. Com esta associação do nome, deixou de ser difícil saber qual o produto comercializado por ela. Francisca Lourenço nunca se incomodou de ser chamada de ‘Quinha das Polpas’, o apelido ocorre com naturalidade até hoje, uma maneira carinhosa de se dirigir a ela, que a cada dia ajuda a torná-la ainda mais popular e conhecida no meio da comunidade.

Futuro profissional e pessoal

A relação de Quinha com empreendedorismo começou em 2008, quando começou a fazer o curso de Agroindústria, pelo IFCE-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Tempos muito difíceis, pois Francisca Lourenço trabalhava como faxineira, em dois lugares diferentes, para poder juntar a renda necessária para pagar as contas em casa. Apesar da rotina estafante e da sobrecarga de atividades, da vida profissional e da escola, nada disso era motivo de desânimo para ela. Quinha sabia da importância daquele curso da área da Agroindústria, pois seria ele decisivo para o seu futuro profissional e pessoal. E foi assim que ela deu um passo importante para a criação e robustez do seu empreendimento, hoje.

Na época em que concluiu o curso de Agroindústria, Quinha iniciou um estágio numa fábrica de polpa de frutas, onde conseguiu um emprego e ficou por cinco anos, até começar a produzir sua própria polpa. Afinal, era um sonho dela ter sua própria marca, seu próprio negócio, trabalhar para ela mesma, ser independente economicamente. Foi quando ela fundou a ‘Só Frutas’ em 2008. Quinha lembra que começou numa garagem da casa, apenas com um freezer e um liquidificador. Mas trabalhando com o esposo e os filhos, sempre empreendendo e acreditando, o empreendimento foi crescendo e a cada dia conquistando mais clientes. “Aos poucos fui me destacando no mercado e ganhando novos clientes, com muita competência, dignidade e vontade de vencer fui trabalhando mais e mais”, afirmou.

Nesta fase eles conseguiram dar passos importantes com a compra de mais freezers. Foi quando também ocorreu a mudança para um prédio maior e até aquisição de uma câmara fria. Nesta época, já legalizada através da MEI-Micro Empreendedor Individual, Quinha contratou a filha Luana Carvalho para trabalhar formalmente no negócio.

Perda e suporte

2015 é um dos anos da vida de Quinha que ela gostaria de esquecer, pois foi naquele ano fatídico que ela sofreu uma grande perda com o falecimento do esposo Gerson Lima de Souza, vítima de um enfarte fulminante, aos 57 anos. “Fiquei sem chão, pensei não conseguiria mais levar nosso empreendimento à frente”.

Gerson era o 2º esposo de Quinha, um companheiro para todas as horas, que deixou muita saudade, ao partir tão precocemente. Foi do primeiro casamento dela que nasceram os três filhos, Elisângela Maria Lourenço Neves Braga, Luana Carvalho de Lima e Leonardo Lourenço de Lima, seu porto seguro em momentos tão delicados da vida. Quinha lembrou que foi com a “união e o suporte de meus filhos fui buscar forças para tentar levar o barco à frente, e foi justamente nessa época que percebi que já começava a me reinventar”, frisou.

Apesar de todos os esforços, lutas e conquistas, a empreendedora admite que não é tarefa fácil manter o negócio funcionando e crescendo. “Desde então venho tentando me manter no mercado, pois cada dia o mercado fica mais exigente, mas com muita fé em Deus e coragem estamos há 12 anos no mercado”, frisou.

Quinha é consciente que com pandemia instalada todo dia é uma experiência nova. “Tem dias que o celular é o meu maior vendedor, que as postagens se fazem necessárias, e que a forma de atendimento é o que mais nos surpreende”, afirmou.

Sabores

A polpa produzida por Quinha é conhecida. É como já tivesse um selo de qualidade. Eles trabalham com cerca de 15 sabores envolvendo frutas de estação e aquelas que são fáceis de encontrar o ano inteiro: abacaxi, acerola, cajá, cajarana, goiaba, graviola, manga, acerola, caju, ameixa, morango, cupuaçu e seriguela. Cajá, cajarana são de estação, cupuaçu, ameixa e morango são trazidas de outras regiões. Cupuaçu, fruta típica da Amazônia, vem dos estados do Norte.

A fábrica de polpa virou um negócio de família e se solidifica a cada dia. Graças ao somatório de muito trabalho, dedicação e perseverança da mãe e os filhos, parceiros inseparáveis do empreendimento. A fábrica chega a processar 150 quilos de frutas por dia. Geralmente o que processado vai para a câmara fria, depois distribuído com a clientela espalhada em Iguatu, Quixelô e região. São supermercados, mercadinhos, lanchonetes, restaurantes e pizzarias que compram no atacado. Mas tem a clientela que adquire o produto para consumo em casa. Segundo Quinha, a fábrica atende a todos os públicos e classes. Há uma predominância de mulheres que buscam o produto e também de idosos. Regularmente a filha Luana se desloca num veículo da empresa percorrendo regiões urbanas e rurais de Iguatu e Quixelô distribuindo os sabores de polpa.

“Essa minha história devo muito aos meus 3 filhos que nunca me abandonaram, estão sempre comigo, e à memória do meu marido Gerson Lima de Souza”.

Serviço

Instagram: @kinhasofrutas
Telefone: (88) 21431260
WhatsApp: (88) 9.9866-3895
Marmitaria das Irmãs

Para fazer sucesso produzindo e comercializando comida caseira, duas irmãs que estavam desempregadas há três anos, Zoene, 42 e Zenilda, 49, tiveram a ideia de criar a ‘Marmitaria das Irmãs’. Desde então os pratos preparados na cozinha de casa delas, na Rua Cel. José Adolfo, 585, no Alto do Jucá, são distribuídos para toda a cidade. O pequeno negócio se tornou a principal fonte de renda das irmãs e vem ajudando as empreendedoras a ingressar no mercado de ‘comida caseira’, oferecendo à clientela cardápio variado, sem fugir dos pratos tradicionais. Elas vêm conquistando o paladar dos clientes com amor, tempero, e as receitas simples que enriquecem os pratos preparados a cada dia. O pequeno negócio funciona de segunda a sábado, das 07h às 14h.

Cardápio

São as duas irmãs que vão para a cozinha e preparam os pratos. Baião-de-dois mole, carne assada, frango frito, linguiça acebolada, farofinha, salada verde mista, carne ao molho com jerimum, arroz branco, macarrão temperado e até um ovo frito. Tudo feito com um toque de casa, e com o carinho das irmãs, que acrescentam aos cardápios suas experiências de donas de casa, sabendo lidar com os temperos caseiros, que dão cheiro e sabor aos pratos. O sucesso está vindo com o aumento da demanda de pedidos. Cada dia mais e mais pessoas querem experimentar as receitas de comida caseira do cardápio das irmãs.

Zoene Maria Pereira e Maria Zenilda Pereira não sabiam o que aconteceria com a marmitaria, com a chegada da pandemia. Haviam muitas dúvidas e incertezas sobre o futuro do negócio, até que elas começaram a perceber que o empreendimento começou a crescer, com o aumento da demanda de pedidos. Elas perceberam também que com a crise instalada e as pessoas isoladas em casa, muita gente passou a pedir da marmitaria, ao invés de cozinhar em casa. Bom para o empreendimento das irmãs que se fortaleceu.

As irmãs interagem com os clientes através do WhatsApp, Instagram e por dois números de telefone, fixo e celular. Os clientes têm duas opções para receber os pratos, entrega em domicílio ou podem retirar no endereço da marmitaria. De acordo com as irmãs, funciona assim: o cliente liga, encomenda e vai buscar em seguida. A marmitaria mantém tem parceria com um entregador, Francyêuller Pereira de Menezes. É ele quem cruza a cidade de um lado a outro com um caixa térmica fazendo as entregas.

Motivação

As duas irmãs se sentiram impactadas quando a pandemia se instalou e ficaram preocupadas com o que poderia acontecer com o empreendimento. Naqueles dias, em meados do mês de março, quando foram lançados os primeiros decretos pelo Governo do Estado e o município, elas fecharam a marmitaria, para depois reabrir seguindo todas as normas estabelecidas, de modo que garantisse as exigências sanitárias, os protocolos e as regras como distanciamento, higienização e uso de máscaras. Quando reabriram, todas as normas foram seguidas, como ocorre ainda hoje. Zoene e Zenilda enfatizam que o fator mais motivador, e ao contrário do que elas imaginavam, é que a clientela não foi embora. Indiretamente a crise sanitária ajudou, inclusive a ampliar os pedidos de marmitas, considerando que muitas pessoas, apesar de estarem em casa em isolamento social, preferem pedir a comidinha pronta a cozinhar.

“Indiretamente a pandemia nos ajudou, inclusive, a ampliar a produção de marmitas, pois a clientela não foi embora”.

Serviço
Instagram: @marmitaria_dass_irmas
Telefones: 2143-0726 e 9733-2618
WhatsApp: 88. 9.9250-7430

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