“O maior bem de um conservador é a liberdade que já possuiu”.
Franco G. Rovedo
Preclaro leitor, o motivo da nossa conversa deste sábado advém de uma reflexão feita mediante algumas folheadas nos últimos livros políticos dos quais dispunha em mãos. Pois bem. Ao ler sobre os temas que mais me interessa – liberalismo e conservadorismo -, divaguei sobre como a concepção de “liberdade” é encarada de maneira diferente, por direitistas e esquerdistas.
A liberdade individual, como bem sabemos, deve ser mantida e respeitada sobremaneira. O indivíduo é a menor célula da sociedade, mas é da sua liberdade individual que nasce o conjunto da obra: o conjunto salutar da estrutura social, afinal, prisioneiros individuais, quando reunidos formam, ao contrário de uma saudável estrutura, estariam condenados a uma sociedade decrépita, decadente.
Fala-se muito em liberdade; mas o que me intriga é o paradoxo essencial dessa pretensa liberdade proposta pela esquerda. Percebamos o paradoxo. Primeiramente, a liberdade pressupõe, evidentemente, uma responsabilidade pelas suas ações, afinal, és livre para fazeres, dentro dos limites morais, claro, o que quiseres; porém, percebo que os esquerdistas anseiam demasiadamente que o Estado sorva praticamente todas as suas necessidades. Querem liberdade para dominar o mundo, mas agem como aquele filhinho que, aos 40, 50 anos, ainda mamam no seio materno e exige que os pais aturem toda sorte de peraltices desse rebelde sem causa.
Obviamente que eu não seria ingênuo ou tolo a ponto de não ter consciência de que o Estado tem a sua razão de ser; que ele tem que dar respostas e garantir o mínimo para com a sua nação. Isso é elementar. A minha cisma reside mais precisamente nessa proposta de “liberdade acorrentada” que os esquerdistas, em sua grande maioria, tanto prezam. Ocorre, porém, que nunca vi nenhum Estado interventivo que não tenha sido déspota, tirano, regulador ou qualquer coisa dessa estirpe. Não se engane, caro leitor, não se engane.
A liberdade – a verdadeira – requer que estejamos cientes de que somos responsáveis pela nossa vida, pelas nossas escolhas, e que não compete ao Estado dizer ou decidir por mim, que não é a gestão da vez que será a única responsável pelo meu desemprego, pelo meu empreendedorismo ou até mesmo pela forma como me relaciono interpessoalmente com amigos, mulher, família… Não permita, estimado leitor, que a patrulha lhe diga quem você deva ser… Muito menos que o Estado diga como, quando, onde, por quanto… Nada deve interpor à liberdade individual. Lute por ela!
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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