São cerca de trinta e cinco famílias que moram no Sítio Carrapicho, na região do Distrito de José de Alencar. Há cerca de um ano, estão enfrentando dificuldades para ter acesso à água potável. A situação vem se agravando com a continuidade da seca que se prolonga pelos últimos anos, afetando diretamente outras dezenas de comunidades rurais em Iguatu, que necessitam de abastecimento seja através de carros-pipa ou mesmo a necessidade de perfuração de poços profundos.
A dona de casa Cássia da Silva enfrenta todos os dias a necessidade de ter um pouco de água na casa dela. Ela divide o lar com o marido e mais três filhos. Na residência dela não tem cisterna, o único reservatório ‘grande’ é uma caixa d’água com capacidade para mil litros, mas está seca há pelo menos um ano. “Quando tinha água do poço, até que ainda subia água pra caixa. Mas depois que secou, ficamos dependendo da ajuda de vizinhos, isso porque aqui não tenho cisterna. A água que vem dos Cajás não tem força de chegar aqui. A gente vive na maior dificuldade”, lamenta Cássia, mostrando a pilha de roupas sujas acumuladas para levar.
Para ter água em casa, Cássia tem que buscar na cisterna do vizinho. Água que é utilizada tanto para os afazeres domésticos, lavar, cozinhar, tomar banho e beber. “Dou umas dez viagens por dia. Faço isso bem cedo da manhã e no final da tarde. Graças a Deus que ele (o vizinho) cede pra gente, porque se não, não tinha uma gota aqui. Essa água a prioridade é para beber e cozinhar, mas não temos outra, tenho que administrar bem para que der pra fazer um pouco de tudo”, lamentou.
Vida sem água
Situação que não é diferente de outras 35 famílias do Sítio Carrapicho, comunidade onde vive. “Nosso poço secou há um ano. Temos água hoje porque famílias do Sítio Cajás passaram a ceder pra gente. Se não já tinha morrido gente de sede, outros até já ameaçaram ir embora pra cidade”, comentou Marciana Felipe, tesoureira da Associação de Moradores do Sítio Carrapicho, afirmando que a água é pouca, chega somente uma vez por semana. “Nos Cajás, tem muita gente, juntando com os daqui, não sabemos até quando o poço vai aguentar. Mas somos gratos por eles darem essa água pra gente. Esperamos também que a Prefeitura faça alguma coisa por nós. Venham aqui ver de perto nossa situação”, cobra o ceramista César Ferreira, morador da comunidade.
Muitas cisternas estão completamente secas, outras foram abastecidas por carro-pipa do município, há cerca de quatro meses. “Nossa situação aqui é difícil. Vivemos praticamente sem água. É ruim ter um monte de coisa pra fazer, olhar pra uma cisterna sem água dentro, ter vontade de tomar um banho bem bom, pra matar esse calor e não ter de onde tirar um caneco d’água. Espero que Deus se lembre pelo menos de nós. O inverno já está bem aí. Se Deus quiser, vamos passar por esses meses que restam e logo ser abençoado por Deus”, mostrou-se confiante a aposentada Zenaide Alves.
No Carrapicho, tem um poço, mas de acordo com moradores foi perfurado há mais de dois anos pela empresa que na época estava construindo a Transnordestina, mas que não tem vazão suficiente para atender a demanda de toda comunidade. “Esse poço leva dois dias pra encher a caixa d’água. Mesmo assim é muito salobra, e não dá pra quase nada. Esperamos que um poço profundo seja perfurado desta vez pelo município”, ressaltou César Ferreira.
De acordo com o secretário de agricultura e pecuária de Iguatu, Edimilson Rodrigues, “Temos uma equipe que perfuramos somente poço tubular raso, que não é o caso da comunidade do Carrapicho. Nós temos uma demanda de várias localidades necessitando de poço profundo. Só que nós estamos aguardando uma perfuratriz da Funasa para que a gente possa ver essa questão, porque está muito complicado na zona rural a necessidade de água é muito grande. Não conseguimos chegar em todo canto com nossas ações, os carros pipa não conseguem atender a demanda em tempo hábil. Tenho que ver com a gestão como está o andamento da solicitação dessa perfuratriz com da Funasa para podermos ofertar um serviço mais imediato para as comunidades que tanto necessitam de água”, declarou.
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