Na comunidade de Serraria, zona rural de Cedro, um grupo de famílias mantém a tradição da produção de farinha de mandioca. Além de manter vivo o legado de seus antepassados, os moradores conseguem sobreviver e garantir renda para o sustento. Em mais de 25 anos, eles estão conseguindo produzir e vender a farinha, cuja renda supre outros produtos de casa, como o óleo, produtos de limpeza, café, açúcar, arroz e outros.

Há uma semana que a comunidade está vivenciando a tradicional farinhada, quando é feita a colheita da mandioca, que é transformada em farinha e goma, num processo totalmente artesanal. Da mandioca para alcançar a fase final da farinha, os produtores se revezam em atividades que exigem força, tempo e paciência. A primeira ação é descascar a mandioca, depois ela é triturada, então é separada a parte que vai para goma e a que vai para farinha. Para produzir a goma, a mandioca triturada vai para um tanque onde passa por um processo de lavagem. A outra parte é processada e vai para o forno, geralmente aquecido a lenha. É o momento mais especial e delicioso. O cheio da farinha no processo de torrefação. Mas é como receita de bolo, quem torra é o ‘mestre’, um profissional que deve ser perito no ponto do produto. Para isso, ele precisa acertar na temperatura do forno e no tratamento da mandioca triturada. Em geral, o resultado é sempre bom, muito dificilmente eles erram no ponto. A experiência de anos a fio produzindo farinha qualifica o profissional para quase sempre entregar o produto capaz de agradar a todos os paladares.

Esta etapa da farinhada pertence ao agricultor Geraldo Batista, 43. Ele usa uma área de aproximadamente 01 hectare para cultivar a mandioca e produzir a farinha e seus derivados, goma, beiju, tapioca e o bolo de mandioca, esses dois últimos, produtos considerados iguarias da nossa culinária regional se incrementados com temperos regados a castanha de caju, gergelim, amendoim e rapadura.

Associação

Mas de acordo com a esposa do produtor, a senhora Cícera Batista que também ajuda na produção, toda a produção de mandioca vai mesmo para a produção de farinha, por causa de dois fatores primordiais: o preço da saca de 50 quilos, atualmente em alta chegando a custar R$ 300,00 (trezentos reais), e a qualidade do produto, sendo conhecido e apreciado por comerciantes e consumidores de Cedro e outras regiões.

Na comunidade de Serraria, a produção de farinha de mandioca vem se mantendo desde 1995. Os moradores são sócios de uma Associação Comunitária, que também é responsável por parte da produção. Quando é período de plantio das mudas de mandioca, limpa, colheita e produção da farinha, as famílias trabalham juntas. A renda que entra da venda dos produtos é revertida em benefícios para toda a comunidade. Mas os produtores também têm suas produções individuais, como é o caso do agricultor Geraldo Batista e sua esposa Cícera.