Faturamento da rodoviária cai mais de 95% durante a pandemia

25/07/2020

O último Decreto Estadual que determina isolamento social mais rígido para Iguatu e outras quatro cidades da Região do Cariri: Juazeiro do Norte Crato, Barbalha e Brejo Santo, prevalece até amanhã, domingo, 26. A partir de segunda-feira, 27, de acordo com anúncio do governador Camilo Santana, feito ontem à noite nas redes sociais, as cidades da macrorregional do Cariri retornam à fase de transição econômica. Em relação ao setor do transporte intermunicipal, desde a sexta-feira, 10, o governo através da Agência Reguladora do Estado do Ceará, Arce, liberou em 50% esse tipo de transporte coletivo, mas algumas cidades com decreto próprio ainda não realizaram a reabertura dos terminais rodoviários.

Iguatu, apesar do ‘lockdown’, liberou o acesso ao embarque e desembarque no terminal rodoviário inicialmente para transportes da Cooprecensul (Cooperativa dos Trabalhadores em Transporte Alternativo de Iguatu e Região Centro-Sul), na última quarta-feira, 22. Segundo a gestão da pasta de Trânsito, Mobilidade Urbana e Segurança, a reabertura do terminal foi seguindo critérios de segurança dos passageiros. “O que aconteceu é que os desembarques e embarques estavam sendo feitos nas rodovias, isso não é legal e nem seguro. A gente achou por melhor os topiqueiros desembarcarem os passageiros no terminal. A topique retorna à cooperativa para fazer a higienização em cada viagem de ida e volta. A gente acredita que nos próximos dias o transporte possa ser mais flexibilizado”, apontou Antônio Filho, titular da pasta.

Depois de mais de 120 fechado em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o movimento e a economia do terminal rodoviário Senador Fernandes Távora aos poucos vêm retomando o funcionamento. O faturamento no setor caiu 95%. “O faturamento do terminal rodoviário de Iguatu só não caiu em 100% em razão de duas locações essenciais não terem sido fechadas durante a pandemia. Uma empresa que presta serviços bancários e a outra é uma empresa de telecomunicações”, pontuou Diego Lavor, gerente de operações do terminal.

Atualmente o terminal de Iguatu tem um quadro com 18 funcionários, desses, seis ficaram trabalhando para manter o serviço mínimo na manutenção, conservação e segurança. “O restante foi afastado e os contratos suspensos. A empresa aderiu à MP 936 que garantiu a empregabilidade dos funcionários, então inicialmente não houve demissões”, explicou Lavor.

O terminal rodoviário de Iguatu tem fluxo médio de 2.300 passageiros por dia. “A gente considera que para cada pessoa que embarca, um ou duas pessoas vêm buscar ou deixar. Então esse número dobra facilmente. Além disso, existem inúmeros serviços que são prestados dentro do terminal rodoviário, essenciais entre esses a movimentação bancária e serviços de telecomunicação que têm sua movimentação à parte ao embarque e desembarque. O fluxo de passageiros de pessoas no terminal é muito alto, quando se observa por um olhar mais abrangente, não restrito ao fluxo de passageiros”, apontou.

Reabertura

O terminal rodoviário reabriu apenas para o funcionamento de acordo com a liberação do transporte alternativo que aconteceu na quarta-feira, 22, mas ainda tem sido muito baixo, quando comparado ao período antes da pandemia. “Estamos vivendo um novo normal, com algumas exigências, algumas adequações. O terminal estabeleceu protocolos para evitar a contaminação do novo coronavírus. Existem várias regras, condutas de comportamentos que é necessário ser praticado não só no terminal, mas onde há um grupo de pessoas”, ponderou Lavor, afirmando que o terminal tem 31 contratos de locações. Desse total, 16 lojas atendem diversos tipos de serviços, bancários, barbearias, magazine, serviços jurídicos, quiosques. “É um conglomerado de serviços em único local. Pode-se dizer que é shopping center de Iguatu”.

Para piorar a situação, durante esse período da pandemia, quatro empresas deixaram o terminal, mas no mesmo período dois novos locatários irão se instalar, uma empresa de ônibus que vai fazer linha para o Estado de Goiás, e uma empresa de cosméticos. “Durante a pandemia, todos os locatários tiveram nos meses de abril e maio a isenção total dos aluguéis de todos os contratos. Já em mês de junho e julho foi retomado o aluguel com abatimento de 50%, porque o aluguel é uma das nossas principais receitas. Por uma questão de sobrevivência, tivemos que manter uma operação mínima, com equipes de funcionários que ficaram trabalhando, nossa despesa com energia não mudou nada, porque mantivemos nosso sistema de iluminação ligados até mesmo por questão de segurança durante a noite”, explicou o gestor, ressaltando ainda que dessas locações o terminal tem 18 contratos para permissão de uso para taxistas e 30 para moto-taxistas. “Essas categorias tiveram a isenção dos aluguéis mais extensivos. Durante todo o período que o terminal ficou de portas fechadas, essas categorias tiveram isenção de 100%”.

Novo normal

Para retomada das operações, a Sinart, empresa que gere o terminal de Iguatu, estabeleceu rígidos protocolos para evitar a propagação do vírus. “Esses protocolos foram estipulados para todos os terminais de concessão que a Sinart espalhados pelo Brasil. As medidas estão sendo aplicadas de forma efetiva. Mesmo com 50% da retomada do transporte alternativo. O protocolo vem sendo aplicado em 100%, seguimos à risca. Esse protocolo deve ser compactuado por todos os nossos locatários e permissionários”, complementou Diego.

As dependências da rodoviária ainda estão praticamente vazias, poucas pessoas circulando, transportes com 50% da frota. Ônibus interestaduais sem poder usar o terminal. Diego Lavor ressaltou que a pandemia favoreceu o transporte irregular, situação preocupante para o setor de transporte. “Essa questão da baixa movimentação se deve a diversos motivos. Um deles é que apenas para 50% do transporte alternativo está rodando. Esse retorno será gradativo. Ontem, sexta-feira, já tivemos um aumento de 4% comparado à quarta-feira, dia da reabertura. São avanços para esse novo normal. Vale lembrar também que ao contrário do comércio, o transporte não tem essa demanda. Quem tinha que viajar, viajou. As pessoas não iam esperar essa reabertura. Tiveram que fazer de outra forma”.

Em relação ao futuro do transporte coletivo de passageiros, Diego se mostra confiante, arrisca que as empresas de transporte de passageiros irão saber se reinventar. “A cada dia essas empresas se veem diante de situações adversas. Tem as dificuldades com transporte clandestino, durante essa pandemia elas ficaram fechadas, tiveram que demitir inúmeros funcionários, foi um dos segmentos mais prejudicados. Mas elas estão se reinventando, se adequando. Pós-pandemia, claro que vão precisar se reinventar, as novas regras, novas leis sanitárias, eu não tenho dúvidas de que serão exitosos nesse novo começo. Muitas empresas já estão reduzindo o número de passageiros por metro quadrado, fazendo uma nova configuração de assentos individuais, por exemplo, com três fileiras, com poltronas individuais para garantir o distanciamento. Claro que essas novas configurações vão onerar ainda mais esse sofrido segmento, tão pouco observado pelas autoridades. Segmento que precisa de muito socorro, de muito fôlego para poder continuar no mercado tão injusto que é dominado hoje pelo transporte clandestino. Mas acredito que as empresas vão estar se reinventando, e vão superar esse momento”, concluiu.

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