“Bem mais bela era a margem que eu deixei.”
Eugênio de Castro
Platão – magnus et divinus Plato – ensinou-nos que são sombras as realidades à nossa volta; que os sentidos enganam, a carne mente e ilude; que olhar necessariamente não é Ver. As Ideias, as Formas Perfeitas, oriundas do Lost Paradise, mostram-se a nós como vislumbres, sweetness and light, no dizer do poeta Matthew Arnold.
Então somos peregrinos… Por quanto tempo? Nossa pobre alma – pauper et parva anima – caminha através dos corpos, prisioneira, folha varrida pelos séculos…
Eis um soneto decassílabo feito sob essa inspiração. Ad lectorem:
FÉDON
“E, meditando, eu torno-me distante
Das suas aparências mentirosas.”
Teixeira de Pascoais
Não te lembras? São cegos os sentidos.
Estou cansado de tantos caminhos…
Tantos corpos e sítios percorridos…
Continuamos tristes e sozinhos.
A Alma perdeu-se! São cristais partidos!
Mau vento que varreu todos os ninhos…
No espelho somos tantos, divididos;
Frágil taça portando tantos vinhos.
Nossas Vestes rasgaram-se na Estrada;
Onde o pouso final para a Jornada?
O descanso do olhar no fim da história?
Quebradas tantas liras… e a Harmonia?
Que Deus a tocará? Sombra ou Poesia?
Não te lembras? A Alma é uma Memória!!!
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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