Praticamente sem a presença de público, acontece na unidade do Sesc Iguatu a vigésima terceira edição do Festival de Violeiros. O tradicional evento teve início na quarta-feira, 27, e segue até hoje, sábado, 30, quando acontece o encerramento a partir das 8h.
Diferente das edições antes da pandemia, a programação passou a acontecer de forma virtual, desde o ano passado devido ao novo coronavírus. Já este ano, com as flexibilizações coordenadas pelo Governo do Estado e prefeitura municipal, mesmo com a permissão de público, a direção da entidade preferiu não receber muitas pessoas. “Montamos a estrutura de mesas e cadeiras para receber aquela pessoa que de passagem pode apreciar um pouco do festival. Foi uma experiência muito boa. Apenas violeiros e apresentador puderam ficar sem máscara, no momento da apresentação. E mais uma vez utilizamos plataformas virtuais para apresentar o festival”, contou Raimundo Neto, gerente operacional do SESC Iguatu, confiante que a partir da próxima edição a pandemia já tenha acabado e que o festival volte a ter casa cheia como de costume.
Mesmo ainda dentro desse retorno à ‘normalidade’, os poetas do improviso com seus repentes e canções atraíram um grande público espalhado por todo Brasil, que assistiu da casa a cada apresentação, cada noite de evento. “Eu vim dar uma olhada com meu filho e minha nora. Ela faz atividade aqui. Aproveitamos para ver essa riqueza de cultura. Lembrei de quando era criança na minha cidade. Eu moro em Fortaleza, há 54 anos, mas nasci e me criei no sertão. Sou do município de Russas. Minha terra é de cantador. Eu achei muito lindo. Adorei. Gosto demais. Os que eles cantam é a nossa vida, nossa realidade do sertão”, disse a aposentada Raimunda Maria das Chagas Rodrigues, 79.
“Infelizmente, estamos ainda em pandemia. Temos que obedecer aos protocolos para os artistas e para os participantes, fazendo nosso trabalho acontecer, trazendo essa alegria para as pessoas em casa: dupla de violeiros, lançamento de cordel, e a novidade de canção autoral, onde os poetas têm a oportunidade de apresentar suas canções sertanejas. Este ano não vai acontecer apresentação no abrigo metálico, como de costume, encerrando o festival. A programação vai ser no próprio SESC de forma remota”, concluiu Raimundo Neto.
O retorno de atividades com a presença mesmo que restrita de público também anima os poetas, que tiveram que cancelar agendas de apresentações e muitos, não diferente de outros artistas, enfrentaram dificuldades financeiras.
O festival é apresentado pelo poeta repentista Jonas Bezerra, filho do poeta Chico Alves, um dos veteranos e idealizadores do festival de violeiros de Iguatu, criado em 1996, por um grupo de poetas e desde então apoiado pela Fecomércio, através do Sesc.
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