“Um apelo que a gente fazia antes para prestigiar os novos cantores que hoje já não são tão novos assim. Hoje é o que a gente está fazendo agora para que surjam novos apologistas porque a gente tem tido uma perda muito grande não apenas de cantadores, porque são mais fáceis de substituir, porque a gente preparou essa matéria-prima há muito tempo. Desde 1978 que vêm sempre preparando os cantadores do futuro, mas gente está sentido que os apologistas não estão tendo substitutos, nem os promoventes de cantorias. Estamos tendo perdas de apologistas, de promoventes de cantorias. Então é bom que a gente acostume os garotos, garotas a irem se acostumando com os cantadorias, as cantorias, o cordel de uma forma em geral para que não desapareça, pode ficar quem pratica, mas pode não ter quem ouça. Então é bom ter quem pratique, quem cante, exerça a profissão e quem promova, quem pague quem ouça e quem divulgue”, o alerta foi dado pelo renomado repentista, poeta e cantador Ivanildo Vilanova, durante a realização da 24ª edição do Festival de Violeiros, realizado pelo Sesc.
A programação que nos últimos dois anos aconteceu de forma virtual, voltou a receber o público neste ano, na unidade. Além da novidade que apresentações itinerantes com ações nas cidades de Cedro, Orós, Solonópole, além da zona rural de Iguatu. Durante a programação, cordelistas tiveram a oportunidade de apresentar seus trabalhos recitando trechos de suas obras para o público. Um deles foi o cordelista João Martins, que participa há oito anos do festival. “Para mim, é uma alegria muito grande poder estar no evento pelo oitavo ano, agora recebendo novamente o carinho do público, trazendo nossa cultura para o público. É gratificante receber os aplausos das pessoas. Só temos a agradecer ao Sesc de Iguatu por continuar esse projeto tão importante para nossa cultura nordestina”, disse.
João Martins durante o festival lançou a obra “Na estrada da vida eu deixei muitos rastros que marcam meu passado”, por meio do Projeto Sesc Cordel.
Tradição e integração
De acordo com Raimundo Neto, gerente operacional do Sesc Iguatu, os objetivos do projeto são continuados desde que foi criado e idealizado inicialmente pelo poeta Chico Alves, ao longo desse tempo se tornou referência na arte do repente, cantoria e literatura de cordel. “Com o objetivo que a gente começou, a gente continua em manter a tradição dando oportunidade aos cantadores, aos poetas, cordelistas de apresentarem seus trabalhos mantendo viva a tradição do repente, trazendo cantadores da região, de outros estados do Nordeste, artistas conhecidos nacionalmente. Entre esses, Ivanildo Vilanova, Bil Caetano, Zé Viola, Jonas Bezerra e seu pai, o poeta Chico Alves, que são daqui, entre outros tantos nomes que já passaram por esse evento. Durante essa retomada, depois do período realizado de maneira virtual, o evento manteve sua tradição em apresentar para o público cantadores”, ressaltou Neto, afirmando que o projeto faz a integração de gerações de cantadores.
O festival aconteceu no período de 17 a 23 deste mês, com apresentações em Cedro, Orós e Solonópole. Este ano 15 duplas de violeiros se apresentaram. O público pôde conferir o lançamento de cordéis de Gevanildo Almeida, Rivamoura Teixeira e Chico Alves, além de conferir exposição sobre o próprio festival, com fotos contando a história completa do evento no hall da unidade do Sesc. “O Festival de Violeiros mantém viva a cultura do repente e do cordel. O projeto oportuniza às pessoas esse contato com arte, a cultura popular do nosso Nordeste”, destacou Raimundo Neto.
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