O cultivo consorciado através da produção de hortaliças, fruticultura com a piscicultura vem sendo uma alternativa de geração de emprego e renda para piscicultores do Sítio Jurema, Zona Rural de Orós.
A volta ao campo para muitos piscicultores foi uma das alternativas depois que o açude secou na região onde moram. “O açude aqui secou, não tem mais água aqui perto. Até água com qualidade para beber está difícil. Temos que sustentar nossas famílias e essa ideia aqui foi boa pra gente. Fomos até Quixeramobim, no Sertão Central, conhecer uma produção. Recebemos as orientações de como fazer e há dois anos estamos aqui nesse novo trabalho. Graças a Deus, vem dando certo”, comemora o piscicultor Cícero Silva, comentando que as gaiolas onde eram criados os peixes estão guardadas na esperança de o açude voltar a encher nos próximos anos. “Por enquanto, é pegar a enxada, limpar, preparar a área e ir plantando”.
Na propriedade com cerca de dois hectares, os pés de mamão estão bem carregados. As frutas se desenvolveram bem. O cultivo da fruta ocupa uma grande parte da área. A variedade plantada é a formosa. De acordo com Ligerry Silva, técnico agrícola que presta serviço para a Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará, a escolha pelo mamão é pelo ciclo rápido. “São 70 dias do plantio até a colheita. Desde quando foi iniciado há dois anos, já foram colhidas mais de 400 caixas de 25 quilos de mamão. A produção tem venda garantida. Eles vêm para Orós, outras cidades da região e principalmente Iguatu. Todo sábado eles levam um carro carregado pra vender lá. Já conquistaram uma boa clientela. As frutas aqui se desenvolvem de forma natural, a primeira coisa é proibido qualquer tipo de defensivo ou adubo químico. Agrotóxicos aqui nem em pensamento! Tudo é feito de forma natural”, explica.
Pingo d’água
Os agricultores conseguiram aproveitar bem a área. Ao lado do plantio de mamão, tem plantio de macaxeira, goiaba, uva e manga. Fruteiras que ainda estão em fase de crescimento. Há também a produção de tomate, cheiro-verde, coentro, cebolinha, pimenta e pimentão. Toda produção é irrigada com água fornecida por três tanques onde são criados peixes. “A água que sai dos tanques é rica em nutrientes para as plantas. Aqui complementamos com adubo orgânico, que é feito aqui mesmo. Dá mais trabalho por todo processo, mas é compensador”, afirma o técnico.
A área integra um projeto que os agricultores passaram a chamar ‘Pingo d’água’, isso por conta da escassez de água na região depois que o açude Orós secou. Mas o pouco de água que conseguem é suficiente para produção. O sistema de irrigação é localizado, por gotejamento e por micro aspersão.
Ainda de acordo com o técnico da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, a partir da diversificação das culturas, ocorre um aumento na renda para o produtor. “O objetivo do cultivo consorciado é aproveitar o período de safra de cada cultura e com a união da piscicultura, horticultura e fruticultura. Tudo gera renda com a comercialização, inclusive também dos peixes”, disse Ligerry.
Cultivo viável
O cultivo consorciado conta com a assistência técnica da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará e Secretaria de Agricultura de Orós. Os investimentos para a implantação do projeto desde o preparo da área e aquisição de equipamentos e estruturação somam mais de R$ 80 mil, financiados através do Banco do Nordeste pelos agricultores. “Conta que ainda vamos começar a pagar pelo período de carência. No início chamei outros agricultores para enfrentar essa atividade, mas desistiram e Cícero quis encarar esse desafio comigo. O cultivo consorciado é viável. Mas nem todo mundo acredita e quer arriscar na atividade principalmente pela escassez de água. Mas estamos podendo mostrar que com o pouco e uso tecnológico e racional é possível e viável. O resultado está aí”, comentou o agricultor José Ferreira, dono da propriedade.
Animados, os agricultores já pensam até implantar uma área com algodão, cultura que já foi bastante plantada na região. Com os bons resultados, a intensão é continuar a produção, mesmo que retornem à criação de peixes quando o açude Orós voltar a ter bom aporte hídrico.
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