O Ceará pode ter um período chuvoso bem melhor do que em anos anteriores, conforme prognóstico apresentado na última quinta-feira, 20, pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos – Funceme. De acordo com o estudo climático, os três meses iniciais da quadra chuvosa: fevereiro, março e abril, há40% de probabilidade de chuvas acima da média histórica, outros 40% dentro da média e, 20% de chance de chover abaixo da média. Conforme foi apresentado pelo presidente da Funceme, Eduardo Sávio, durante XXIII Workshop Internacional de Avaliação Climática para o Semiárido Nordestino – Prognóstico Climático para o Ceará, pelas redes sociais do órgão estadual.
De acordo com a Funceme, a média normal climatológica para o trimestre no Estado é de 510,1 milímetros. Já o acumulado acima da média é de 587,1 milímetros. O acumulado de chuvas abaixo da média é inferior a 433 milímetros. Esse é o cenário esperado para os próximos meses por agricultores também de Iguatu. “Vejo esses dados do prognóstico com muita expectativa. Aqui pra gente, no município de Iguatu, já choveu mais de 300mm só agora em janeiro, cuja média era em torno de 125mm. A gente espera que nossos agricultores que já estão recebendo as sementes do Programa Hora de Plantar, logo possam fazer o plantio. Pelas chuvas que vêm banhando nosso município, torna-se cada vez mais favorável para uma boa safra. Esperamos também que nossos reservatórios alcancem um bom aporte hídrico”, observa Venâncio Vieira, secretário do Desenvolvimento Agrário de Iguatu.
Reservatórios
Esse cenário favorável anima agricultores e moradores da região do distrito de Suassurana, onde fica o principal reservatório que abastece Iguatu, o açude Dr. Carlos Roberto Costa, o Trussu, que está com 24,74% da capacidade de armazenamento, do volume de mais de 278 milhões de metros cúbicos. “Eu acredito que esse inverno vai ser bom. A gente vê pelo tanto de chuva que já caiu no nosso município desde o ano passado. Eu ainda não plantei, vou preparar as terras, pegar as sementes para começar a plantar já, já. Eu vejo que a ciência, por esses estudos têm acertado as informações nos últimos anos. Com nossa fé em Deus, espero que o nosso açude ganhe um bom aporte. É uma riqueza aqui pra gente. Ver tudo verde, água escorrendo, é muito bom pra gente e pros bichos”, comemora esperançoso o agricultor João Pereira dos Reis.
O agricultor Francisco Ribeiro acredita num bom aporte do Trussu. “A gente ver esse açude assim dá uma alegria grande. É muito importante pra gente. Eu acredito que o Trussu este ano, se não sangrar, vai passar dos 50%. Tem tudo para ser um bom inverno. Queira Deus, que continue nos abençoando com boas chuvas. E que chova bem para região de Acopiara, nas cabeceiras dos rios que descem para cá”, mostra-se confiante o agricultor.
Os 155 reservatórios monitorados pela Cogerh apresentam pouco mais de 21% de aporte hídrico. 18.518 bilhões de metros cúbicos de água é o total do armazenamento do Estado no somatório desses açudes. Mas, o nível atual de água armazenado é 3.9704,0 m³. Por enquanto, apenas a barragem do Batalhão em Crateús, atingiu a capacidade máxima de armazenamento. Outros 71 reservatórios apresentam nível inferior a 30% entre esses, os principais do estado: o Castanhão apresenta 8,50% da capacidade, o Banabuiú 8,22% e o Orós com 22,93% da capacidade.
Funceme explica
De acordo com a Funceme, o cenário esperado para os próximos meses se dá a partir da análise das condições atmosféricas e oceânicas e dos resultados de modelos numéricos de previsão. Em relação ao mesmo período do ano passado, é mais otimista, já que, em 2021, a maior probabilidade era de precipitações abaixo da média, o que acabou se confirmando ao final do período de três meses. “As probabilidades são as chances desses acumulados caírem nessas categorias dão esse indicativo as incertezas envolvidas na previsão climática, principalmente neste ano relacionadas ao oceano atlântico. Oceano Pacífico se mantém com uma condição de La Niña, pelo menos para os primeiros meses da estação chuvosa, há uma sinalização de enfraquecimento, já o Oceano Atlântico, por sua vez, tem mudado bastante, passou de uma condição muito favorável agora para uma condição mais neutra, por isso as incertezas maiores envolvidas e, por isso, esse indicativo de mesma probabilidade para em torno ou acima da normal climatológica”, comenta a gerente de Meteorologia, Meiry Sakamoto.
As comuns variações climáticas apontam a necessidade do acompanhamento diário, tanto do monitoramento das condições oceânicas como das próprias previsões de que são emitidas pela Funceme. “A Funceme está iniciando agora a análise dessa subsazonalidade, uma palavra meio complicada, mas no final significa o que acontece de previsão entre a previsão de tempo, até três dias e a previsão climática, que são esses três meses apontados pela Funceme. Essa subsazonalidade, o que acontece dentro da estação chuvosa, essa variabilidade que a gente vai estar apontando ao longo das semanas. Por exemplo, as chuvas dos primeiros sete dias, primeiros 14, 15 dias e assim por diante”, reforça a meteorologista.
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